As leis do futebol proíbem que se recorra aos tribunais para dirimir conflitos do jogo da bola. O Belenenses apresentou queixa à Comissão Disciplinar da Liga de Clubes porque o Gil Vicente recorreu aos tribunais para poder inscrever um jogador que a Liga havia impedido de participar no campeonato.
A Comissão Disciplinar, presidida pelo juiz desembargador António Gomes da Silva, é constituída ainda por dois juízes de direito (Pedro Mourão e Frederico Cebola) e por um advogado (Domingos Lopes). Reuniu-se, em Lisboa, no dia 1 de Junho, e deliberou considerar procedente a queixa do Belenenses. Domingos Lopes não participou na reunião por ser filho de um vice-presidente do Gil Vicente.
O relator do acórdão foi Pedro Mourão. Depois de ter sido também subscrito pelo outro juiz de direito, o acórdão foi enviado para o Porto para colher a assinatura do juiz desembargador António Gomes da Silva. Veja-se o que entretanto aconteceu, de acordo com o relato do jornal A Bola:
“Sexta-feira, 9 de Junho de 2006. Um dia para o futebol português recordar, sem dúvida. Reunião do Plenário da Comissão Disciplinar, na Liga, no Porto. Os quatro elementos da CD da Liga (…) comparecem ao encontro. Sobre a mesa está o acórdão, fundamentado nos votos da reunião de Lisboa, mas não a assinatura de Gomes da Silva, que entretanto decidiu mudar de opinião. Domingos Lopes, o tal que se escusara a votar, alegando conflito de interesses, também opta, agora, por usar o seu voto... e, claro, em benefício da causa gilista. Pedro Mourão e Frederico Cebola mantêm as posições assumidas no primeiro dia do mês, na capital, contrárias à pretensão do Gil, e, algo surpreendentemente, o líder, Gomes da Silva, opta por se juntar a Domingos Lopes, colocando o saldo em 2-2. Para desfazer o empate, o presidente do órgão, invocando o seu direito a voto de qualidade — que se apresenta como legalmente discutível, sustentam juristas —, concede finalmente ao emblema minhoto a vantagem nesta primeira etapa da corrida: 3-2, desce o Belenenses, fica o Gil na Liga maior! Arquivem-se os autos! «Em Itália, a isto chamam-lhe máfia e camorra, aqui não sei qual o nome que lhe dão!...», terá reagido, na hora, um dos juízes derrotados no processo, segundo garantiram fontes bem colocadas no interior do edifício da Liga.
Contam os jornais que os dois juízes de direito pediram de imediato a demissão. O juiz desembargador, não.
ADENDA — «Caso Mateus»: saiba todos os passos que levaram à mudança de decisão.
4 comentários :
Na cadeia deviam estar alguns juizes
Caso de polícia.
Brisa 1 – Autoridade da Concorrência 0.
Brisa 1 – Consumidores 0.
Em Portugal e na Itália: chama-se nojo.
Aquele amplexo.
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