José António Saraiva desvendou um dia como fazia as manchetes: trancava-se, à sexta-feira, no gabinete e construía a história. Tinham quase tanta graça como as cenas de sexo nos seus livros de ficção. Agora o Expresso perdeu a veia ficcional. Estagiários desprevenidos apanham uma dica no ar e sai manchete. A de hoje é soberba: “4 milhões isentos de IRS”.
Isto haveria, é claro, de ter uma explicação: “Na origem desta tendência está a crise económica que, além de criar mais desemprego obriga os empregadores a mais comedimento nos aumentos salariais, muitas vezes inferiores às actualizações dos escalões de IRS.” Então como se justifica que, segundo o Expresso, as receitas de IRS aumentem? É simples: “O total das receitas faz-se, assim, à custa de apenas metade do universo dos contribuintes — os restantes 4 milhões.”
É sintomático do estado do Expresso que esta barafunda seja alçada a manchete. Ora o IRS não tributa contribuintes, ao contrário do que a notícia sugere: tributa agregados familiares, cujo número se traduz em declarações entregues (por casados, solteiros, divorciados, viúvos…). O gráfico que consta do caderno Economia confirma isso mesmo. Basta saber lê-lo.
Por outro lado, o Expresso mistura outras duas realidades distintas. Diz-se o seguinte: “O número de contribuintes que paga IRS está em queda. No ano passado, apenas metade das declarações entregues ao fisco acrescentaram dinheiro aos cofres do Estado, o que significa que quatro milhões de contribuintes ficaram isentos de pagamento.” Seria bom de mais para ser verdade.
Quem são os isentos a que se refere a notícia? Os agregados que se encontrem na situação prevista no art. 70.º do Código do IRS, de modo a lhes ser assegurado um “mínimo de existência”.
Acontece que aos contribuintes dos restantes agregados é feita retenção na fonte. Naturalmente, haverá muitos agregados que, quando se dá o momento do acerto de contas (com a entrega da declaração de IRS), não tenham nenhuma importância a pagar ou a receber. Mas, uma vez que já pagaram o imposto através da retenção na fonte, não serão propriamente contribuintes isentos…
Se ler no Expresso, acredite, pois então.
7 comentários :
A nova Madre Teresa de Calcutá ainda não partiu para Timor (quando podia ter aproveitado a boleia da GNR) para aí iniciar uma bem sucedida carreira (obviamente não remunerada) como “jornalista jubilado” de uma agência de comunicação que teve como cliente o Governo do “animal feroz” ?
Realmente, só acredita nos disparates do "Espesso" quem quer. O interesse do conteúdo é inversamente proporcional ao respectivo peso.
E esperem para ver o nível quando aparecer o pasquim do Saraiva... vai ser pior que a concorrência entre televisões...
Miguel Abrantes, o Especialista (em Juízes, Direito, Fiscalidade, Cordeiros, Função Pública, Polícias, Tribunais, Centrais Elécticas, Cogeração, Escarros e Urínois) a nova Madre Teresa?
Só se for para conseguir casar e poder rir-se do famoso casal de lésbicas...
Não tinha reparado no disparate da manchete do Expresso.
Se não tem direito a revolução de IRS não significa que não lhe tenha pago mensalmente na retenção.
Boa Miguel.
É um jornal para mentecaptos, já há muito que lhes dei sopa.
Com o "meu" carcanhol, o Chico ía viver para a quinta das ratas.
Um "patrão", que tem destes jornas, não merece outra coisa.
Ja agora sabes de onde é o Juíz do Apito Azulado? é de Vinhais.
Sabes de onde é o Antero, segundo homem do FCP? é de Vinhais.
Para o Juíz não querer o processo e muitos, o obrigaram a ficar com ele, é obra.
Topas
Na verdade a bota não bate com a perdigota.
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