sexta-feira, julho 07, 2006

Corrupção: um pretexto chamado Cândida Almeida [3]




Numa sociedade com valores enraizados, os comportamentos desviantes são penalizados por três tipos de sanções: as legais, as sociais e as morais.

O que faz sobretudo falta é a sanção social, sendo óbvio que as demais, sem a condenação social, não têm permitido sustar a corrupção. É devido à ausência de sanção social que os beneficiários de privilégios absurdos e indefensáveis não se coíbem de fazer a defesa pública das suas posições corporativas — mesquinhas, em termos sociais.

Mas há uma outra questão relativamente à pequena e média corrupção — aquela que beneficia das prendas que apoquentam Cândida Almeida.

Trata-se do peso da Administração Central. Os pilha-galinhas encontram aqui um terreno fértil para os negócios de ocasião. Se até a venda ambulante nas praias requer uma licença do Ministério da Defesa Nacional…

É óbvio que o combate à pequena e média corrupção exige um outro tipo de Estado — uma reforma administrativa que aproxime os cidadãos dos decisores.

Mas, em todo o caso, tomem-se as medidas propostas por Cândida Almeida. Que não haja motivos para abrandar o combate à corrupção. Depois estamos cá para ver os resultados.

9 comentários :

Rui Diniz Monteiro disse...

Absolutamente de acordo. O respeito pacóvio que inspiram em toda a gente aqueles que passam a vida a trapacear. E a figura de parvos chapados que fazem aos olhos da maioria os que procuram conduzir a sua vida com honestidade e com decência. Por isso, são os portugueses que abrem uma autêntica auto-estrada à corrupção e ao impudor.
O que me inspira uma preocupação próxima do pânico é que isto se verifica já na escola, em que por exemplo a cópia seja do que for e seja de quem for é algo de profundamente vulgarizado. É que os alunos mostram-se incapazes de aceitar que copiar é uma acção eticamente reprovável! Há aqui uma nítida e profunda desmoralização ética!

zero disse...

mas aprenderam com os professores, com os colegas mais velhos ou já vinham industriados pelos pais?

Anónimo disse...

Uma boa pergunta, caro Zero! Provavelmente aprenderam com todos eles. Felizmente que ainda há alguns que não conseguem aprender essas manhas.
Maria da Fonte

Anónimo disse...

Uma boa análise para provocar a discussão fora da visão castradora do Código Penal.

Anónimo disse...

É isso , ainda se pavoneiam de que enganaram os outros. Enquanto o povo não olhar de lado para eles vai continuar tudo na mesma, como a lesma.

Anónimo disse...

Magníficos posts indo à raiz dos problemas. A sociedade portuguesa precisa de interiozar um código de ética e ao mesmo tempo castigar sem contemplações os corruptos.
Um coisa sem a outra não chega.

Anónimo disse...

Esta Senhora Juíza tem um sentido de cidadania muito elevado. Estava para escrever "sentido de Estado", mas não, isso e a lenga lenga do costume, a CIDADANIA, é o correcto

Anónimo disse...

O´Abrantes, colocas a hipotese de a Senhora Juíza andar em campanha, isso é que menos deve preocupar

Para o cidadão comum, o que importa, o que devemos valorar, é a predisposição da Senhora Juíza, tomar em ombros o ataque ás maleitas que afecta a nossa secular afectação.

Somos dos Países mais corruptos da velha Europa, sem nos darmos conta, é iss0 que os nossos parceiros comunitarios pensam de nós

Anónimo disse...

Estamos todos á espera de ver o que sucede á operação FURACÃO. É que esta envolve os poderosos e queremos ver a coragem da Dra Cândida Almeida.