“O «neocorporativismo» português esteve, até agora, muito longe de emular o sistema nórdico. Ignorou totalmente a necessidade de adequar os meios aos fins e de exigir eficiência no uso dos primeiros. Quando os meios escassearam, pensou que bastava reduzi-los e esperar por melhores dias, sem defrontar os grupos de interesses que deles se tinham apropriado graças ao estabelecimento – é certo que concertado – de regras que ignoravam por completo as condicionantes do enquadramento da economia. Ao mesmo tempo, essa concertação ignorou, em tudo menos na retórica, os interesses dos trabalhadores dos sectores expostos à concorrência, para se dedicar apenas a defender os dos sectores protegidos. A isso devemos o constante alargamento das desigualdades, que não se resolvem pela caridade, mas por um funcionamento solidário, mas realista, da sociedade e das instituições. As medidas até agora tomadas pelo governo Sócrates não são, por isso, de «bravata improdutiva e demagógica», como Pedro Magalhães sugere, mas são indispensáveis para erradicar os vícios de um modelo insustentável e profundamente injusto.”
3 comentários :
Assino po baixo...
Cumps
Zé do Norte
Na mouche.
Absolutamente.
A falta de equidade (que muitos maliciosamente confundem com inveja), o excesso de impunidades e injustiças fazem da classe média uma ampla classe de novos pobres.
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