domingo, novembro 19, 2006

Ainda a propósito do editorial de Dâmaso – Interferências ilegítimas

Eduardo Dâmaso está preocupado com as interferências ilegítimas na justiça. Qualquer pessoa de bom senso estará. Mas, tendo em conta que a independência dos tribunais e a autonomia do Ministério Público estão consagradas na lei fundamental, essas ingerências só podem vir de dentro do poder judicial. Recordam-se dos posts sobre a mão de Deus [1 e 2]?

Mas, tal como já referi aqui, são, na aparência, os mentores de Dâmaso que cavalgam politicamente o processo penal para extraírem beneficiar pessoais (corporativos ou não) ou prejudicarem outras pessoas, desinteressando-se objectivamente da investigação e dos ideais de verdade e justiça.

Por exemplo, foram eles que, numa curiosíssima interpretação do que é a independência dos tribunais, começaram a citar circulares dos sindicatos nas suas decisões para justificar a realização ou o adiamento de diligências. Suspeito que é caso nunca visto: a juntar à lei, à jurisprudência e à doutrina, agora em Portugal as circulares sindicais são fonte de direito!

Mas a interferência não fica por aqui. Os dirigentes sindicais falam do alto sobre a actividade da Assembleia da República e do governo, como se alguém, através do voto democrático, os tivesse mandatado para fazer leis ou criticar leis. Sendo pagos para aplicar o direito [não são assim tão mal pagos...], dedicam-se a interferir no poder legislativo e no poder judicial, “esquecendo-se” da sua própria missão.

Como se vê, Dâmaso tem razão quando fala de interferências ilegítimas na justiça. Mas interferências de quem? Dos amigos do próprio Dâmaso. Daqueles que, na sombra, a coberto do off e da confidencialidade das fontes, violam todos dias o segredo de justiça pelos jornais, manipulam os jornalistas, tentam instrumentalizar os partidos da oposição e iludir a opinião pública, para esconder os seus próprios fracassos — e, sobretudo, os interesses corporativos.

Não é difícil apontar os verdadeiros causadores deste estado de coisas. Mas não é esse o nicho de mercado de Eduardo Dâmaso.

2 comentários :

Anónimo disse...

O eduardinho é um mensageiro que não tem credibilidade. o pobre vive de espertezas jornalisticas.
guru

Anónimo disse...

Este Dâmaso é um must!....
Como jornalista que se presa, fala de tudo o que não sabe nem procura saber. Como é pago para dizer alguma coisa, nem seja asneiras, socorre-se do SMMP e do Comunista Aristocrático, para lhe segredarem umas dicas!!! Resta saber se essas dicas também são instigadas pelo M. Mentes.
Então pedir ao Procurador para que imponha ritmos de trabalho e de eficácia ao MP nas investigações que ultrapassaram já os prazos processuais, é interferência na justiça!!???. Pedir justiça, será porventura interferência ilegítima!!!???
Pedir ao superior hierárquico do MP para os processos correrem com maior celeridade é interferência ilegítima????!!!.
Não os mandem trabalhar!!!! Que eles cansam-se!!! Eles foram paro o MP para se autodenominarem de magistrados, terem regalias, direitos, bons ordenados etc. etc. etc. etc Não lhes exijam trabalho!!!! Até porque uma grande parte deles nem o sabe fazer. Investigar??? O quê!? Delegar genericamente nos órgãos de polícia criminais apenas são duas linhas manuscritas com letra quase elegível, porque isto dos computadores dá trabalho. E enumerar e descriminar as investigações que se pretende pressupões saber do que se está a tratar, o que dá ainda mais trabalho.
A bem da nação
O Advogado do Diabo