sexta-feira, dezembro 15, 2006

Jorge Costa, um secretário-geral amnésico

Jorge Costa, o voluntarioso secretário-geral do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP), que meteu os pés pelas mãos para não ter de dizer que apoiava a nomeação de Maria José Morgado para a coordenação dos processos de corrupção desportiva, deu mostras da importância que dá à perseguição de colegas.

Vamos situar-nos. Jorge Costa é o “jovem” acutilante que apareceu ontem a criticar o poder político (já agora recordo que foi adjunto do ministro da Justiça Vera Jardim, cargo que não tem nada a ver com as funções de magistrado), por este não ter valorizado a perseguição de um magistrado (Carlos Teixeira).

Ouço e pasmo. Então não é que um coração tão sensível e uma alma tão delicada não se lembram sequer se Souto Moura foi ou não informado das perseguições? Afinal, Jorge Costa não dá tanta importância como isso às perseguições. Nem sequer se lembra se disse ou deixou de dizer que o colega magistrado é perseguido. E isso também mostra que não considerava as perseguições suficientemente graves para informar o procurador-geral da República.

Em alternativa, só é possível que Jorge Costa esteja a aldrabar de propósito para branquear a responsabilidade do procurador-geral Souto Moura e culpabilizar o poder político.

Mas a minha ideia é que ambas as hipóteses são verdadeiras. Jorge Costa e o SMMP, por um lado, não deram nenhuma importância, como deviam ter dado, às perseguições do colega, porque elas não tinham nenhuma utilidade política para as suas campanhas — e o procurador-geral Souto Moura sabia tão bem como os sindicalistas das perseguições a Carlos Teixeira e igualmente nada fez.

PS — O Carlos Rodrigues Lima, que, por uma vez, chama a atenção para as manigâncias do sindicato de Cluny & Cândida Almeida, merece um rasgado elogio. A estrada de Damasco cruzou-se com a pág. 18 do DN (sem link).

12 comentários :

Anónimo disse...

Os gajos do sindicato são uns hipócritas.

António P. disse...

É impressão minha mas na agenda do Sindicato ( nomedamente do Dr. Cluny ) está o ataque desbragado ao PS ?
É que ao ouvir o Dr. Jorge Costa, ontem na TV, a crítica não se dirigiu ao poder político no geral e nos anos todos ( leia-se os vários governos ) mas sim ao " Governo da actual maioria " e depois ao PS, sic !
Ainda a fobia de PC's e EX ( ou pretensos ) ao PS que governa ( na opinião dos ditos ) sempre à direita ?
O que não admira a CGTP é também sempre mais meiga quando o PSD está no poder.
Curiosidades ou má fé intelectual ?
Cumprimentos

Anónimo disse...

Fiquei com a impressão que o Jorginho soletra mal as palavras.

Anónimo disse...

Abrantes, não chegaste a dizer nada sobre aquele exemplo que dei:
De um advogado, membro do Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais que teceu considerações negativas sobre o trabalho de uma juiz, num processo de inspecção desta, com base numa decisão que a mesma proferiu num processo em que o advogado era patrono. Decisão essa, naturalmente que lhe foi desfavorável.
Mais tarde, num processo judicial com a mesma juiz e o mesmo advogado, o MP suscitou a questão da incompatibilidade de funções.
Com base na lei que equiparava as funções dos membros daquele ao conselho às de juiz para efeitos de incompatibilidades e suspeições.
Aqui d' El Rei, veio o advogado dizer, porque estavam a pôr em causa a sua isenção e bom nome.
O Jorge Sampaio, socialista/advogado/presidente aprestou-se a dizer que a solução era simples. E foi: alterou-se a lei e os membros não magistrados dos conselhos susperiores (CSM, CSTAF e CSMMP) deixarqam de estar sujeitos às incompatibilidades dos magistrados.
Curiosamente esse advogado é hoje Juiz ... Conselheiro do Supremo Tribunal Administrativo.
As voltas que o mundo dá.
Estamos a falar de corporações, claro.

Anónimo disse...

Sáb Dez 16, 12:34:20 AM


E o que é que achas da vergonhosa actuação do SMMP ????

Anónimo disse...

O SMMP não tem estratégia, faz umas flores para inglês ver. Miguel aperta-os que eles deitam-se.

Anónimo disse...

Por enquanto nem o SMMP nem qualquer outra entidade tem a possibilidade de se intrometer na Ordem dos Advogados, inlcuindo no que diz respeito à acção disciplinar.
Apesar de a Ordem, teoricamente, desempenhar uma função pública e receber fundos públicos.
É privada ou pública conforme lhe convém.
Já os magistrados (juízes e ministério público)vêem a sua conduta disciplinar apreciada e são classificados por órgãos que integram professores, juristas e advogados... alguns dos quais, como o do exemplo acima, se permitem avaliar o desempenho dos magistrados com base em decisões tomadas em processos em que intervieram ou decisões proferidas em processos em que (para os professores) deram pareceres mui doutos.
Continuamos a falar de corporações, claro.

Anónimo disse...

Ó António:
Curiosidade é mesmo o PS fazer uma política de traição em quem votou nele.
Ou nem tanto, porque efectivamente o PS tem feito sempre o mesmo.
Pelos vistos compensa perder depois as eleições.
É que os "tachos" para os "boys"em empresas públicas ou privadas logo garantidos...

Anónimo disse...

ficam logo garantidos...

Anónimo disse...

Se Cluny fosse ao voto popular era pura e simplesmente corrido, tenho essa convicção

Anónimo disse...

Da leitura destes comentários, escritos por magistrados com toda a probabilidade, ressalta que eles não gostam da sua profissão, andam ressabiados, mas como ganham bem e saem cedo deixam-se andar. Se fossem corajosos, seriam advogados. Se soubessem muito, seriam professores. Como não são nem uma coisa nem outra, são msagistrados... ressabiados.

Anónimo disse...

Pois, para se ser advogado, como é público e notório, é preciso ser muito bom quer tecnicamente quer do ponto de vista humano.
A quantidade de magistrados que para aí deve haver que quiseram ser advogados mas, dada a dificuldade dos exames de admissão, enfim, não conseguiram.
Coragem então é o que não falta a muitos advogados, pelo menos para sacar dinheiro aos clientes...