O doutor da mula ruça

Marques Mendes, o licenciado que nunca se interrogou sobre a pertinência de usar o título de doutor sem o ser (à semelhança de milhares e milhares de outros portugueses é apenas licenciado), veio dizer umas patacoadas depois da entrevista de Sócrates (na qual tirou quaisquer dúvidas aos portugueses que a ouviram sem preconceitos, como revelou uma sondagem televisiva realizada logo a seguir).

O licenciado Mendes, que passava por professor na Universidade Independente, berra agora por uma investigação independente a essa universidade. Não é má ideia. Era bom que se percebesse a que título ele mesmo foi contratado como professor, quando nem sequer tinha (ou tem) habilitações para ser assistente.

Mendes, de resto, está atrás de Sócrates, que tem um MBA conferido por uma universidade pública, o ISCTE. O problema é que fica atrás do primeiro-ministro em tudo, como se percebeu na entrevista. Mesmo quando parece acossado, Sócrates revela uma lucidez e um sentido de Estado que, infelizmente, não estão ao alcance do líder da oposição.

Nestas andanças, Mendes continua a revelar o seu “carácter”. Depois de ter andado, durante anos, à volta de Isaltino, recebendo remunerações da Universidade Atlântica enquanto era presidente da Assembleia Municipal, começou a atacar o seu antigo presidente, descobrindo retroactivamente que ele não seria de confiança. Por este andar, talvez Marques Mendes descubra um dia destes que ele próprio não é uma pessoa muito recomendável. Mas quando o descobrir terá um problema: a sua descoberta nada terá de original, porque, a essa hora, já não haverá quem não o tenha percebido.

(Título corrigido)