sexta-feira, outubro 19, 2007

As cachas do Sol





O Sol anuncia uma bombástica cacha para a edição em papel: uma auditoria do Tribunal de Contas ao Acesso aos cuidados de saúde do SNS, “a que o SOL teve acesso e que publica na sua edição de sábado”. Acontece que a cacha do Sol está ao dispor de qualquer leitor no site do Tribunal de Contas.

Mas a notícia que antecipa e publicita a edição em papel falsifica, sem o mínimo pudor, o que vem descrito no relatório. O título da notícia é: Tribunal de Contas diz que nada mudou nas listas de espera no SNS. Ora, lendo o relatório — e até a própria notícia —, fica-se com a ideia de que aconteceu precisamente o contrário, ou seja, de que tem havido progressos manifestos e mensuráveis.

Mas a falsificação do relatório vai ao ponto de truncar partes do texto para levar o leitor a tirar conclusões diversas das que a auditoria extrai. Veja-se o que se escreve no relatório (p. 12):

    “O SIGIC introduziu melhorias ao nível da centralização da informação dos inscritos para cirurgia e de uma maior transparência na relação com o utente.

    (…) o SIGIC não conseguiu atingir, em pleno, os objectivos de universalidade e de equidade no tratamento de utentes e de rentabilização da capacidade instalada dos hospitais, não tendo influenciado, no horizonte de tempo analisado, a produção, a produtividade ou a eficiência financeira.”

Como trata o Sol estes parágrafos do relatório? Assim:

    “(…) a implementação do SIGIC, apesar de ter introduzido «melhorias ao nível da centralização da informação e de uma maior transparência na relação com o utente», não conseguiu assegurar «os objectivos de equidade no tratamentos do utentes e de rentabilização da capacidade dos hospitais».

    Ou seja, concluem os juízes, «não influenciou a produção, a produtividade e a eficiência financeiras» dos serviços de saúde públicos.”

Voltarei ao relatório do Tribunal de Contas no fim-de-semana.

2 comentários :

Ralf Wokan disse...

Obrigado Miguel,
Traduzi uma parte para alemão.
Ralf

Anónimo disse...

Saraiva queria um lugar ao Sol. Saraiva é um perigo.

Edie Falco