O Dr. Portas leu o Relatório do Orçamento do Estado. Com os olhos postos nas câmaras de televisão, repetiu letra a letra o que estava escrito na página 36. Em seguida, com ar grave, anunciou ao país uma petição sob o lema “O Estado é mau pagador”.
Durante anos, incluindo aqueles em que esteve no Governo (até com a pasta das Finanças) entretido com a compra de submarinos, o Dr. Portas não mexeu uma palha. Agora que o Governo anuncia que vai lançar o Programa de Redução dos Prazos de Pagamento na Administração Pública, o líder do PP surge como uma virgem impoluta a querer colher os louros de uma medida que outros tomaram.
O atraso nos pagamentos por parte das entidades públicas é um problema que tem causas diversas e se arrasta há muitos anos. É claro que nenhuma medida legislativa por si só resolve o problema, pelo que se exige uma intervenção integrada com vista a reforçar a credibilidade do Estado enquanto pessoa de bem; a criar um ambiente propício aos negócios; a injectar milhões de euros na economia (aliviando problemas de liquidez); e a reduzir as margens incluídas nos preços pagos pelo Estado.
Com o programa anunciado, fica claro para todos — dirigentes, autarcas, gestores e cidadãos — que as medidas têm como objectivo reduzir os prazos de pagamento — e não aliviar de dívidas quem as contraiu e muito menos beneficiar quem prevaricou. Por exemplo, está prevista para os municípios uma linha de crédito cujo spread será agravado ou bonificado consoante a respectiva câmara municipal falhe ou cumpra os objectivos acordados em termos de redução de prazos.
Não vem mal ao mundo que o Dr. Portas promova petições. Os que as assinarem hão-de figurar num lugar de destaque nos microfilmes que o líder do PP produz e realiza.
segunda-feira, novembro 19, 2007
As ideias dos outros dão cá um jeito…
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4 comentários :
O estado a que o Estado chegou (2) - interesse público ou "pessoal"?
O que mais choca é que, apesar de ter sido registada pelo Ministério Público no contexto do processo Portucale, a epopeia digitalizadora de Paulo Portas foi considerada banal e a investigação deixada cair.
Tudo porque Luís Nobre Guedes, Telmo Correia e Nuno Morais Sarmento, colegas de Paulo Portas no Governo, também terão passados noites em claro, afadigados a fotocopiar papeladas lá dos Ministérios deles, segundo o Ministério Público.
Será caso para o país ficar mais descansado, já que o DCIAP afiança que "o apurado quanto à digitalização realizada noutros ministérios permitiu atenuar as suspeitas que recaíam sobre a digitalização realizada no MDN"!
Um exercício de dedução jurídica embasbacante, se não fosse grotescamente ofensivo de elementares normas da segurança do Estado e do funcionamento da administração pública.
"OK, delinquentes indiciados - se os vossos colegas de oficio também roubarem, violarem ou matarem um bocadinho, atenuam-se as suspeitas sobre os vossos delitos e pode abandonar-se a investigação".
O MP prossegue o interesse público?
[Publicado por AG] [14.11.07] [Permanent Link]
O estado a que o Estado chegou (1) - documentos "pessoais"?
61.893 páginas de documentos "pessoais" levados do Ministério da Defesa pelo ex-Ministro Paulo Portas! Documentos "pessoais" que não estavam em casa, mas guardados no seu local de trabalho...
A vida "pessoal" do comum dos mortais costuma ficar documentada em dossiers de “vencimentos”, "contas", "impostos", "escolas dos filhos", «PPRs», etc...
Mas pela edição de sábado passado do “EXPRESSO” ficou a saber-se que a vida "pessoal" do ex-Ministro Paulo Portas estará milimetricamente registada, à escala universal, em documentos "pessoais" que ele admite ter levado, digitalizados, do Ministério, apesar de classificados como "confidencial", "Iraque", "submarinos", "ONU" e "NATO".
Nem James Bond deve levar uma vida "pessoal" mais agitada, com ou sem arquivo de classificação tão planetário!...
[Publicado por AG] [14.11.07] [Permanent Link]
BEM PREGA FREI PORTAS.
È certo que Portas é um demagogo que se aproveita de certas práticas crónicas, inclusivamente no governo de que fez parte, para se promover. Mas infelizmente também é verdade que o Estado abre o flanco para esse tipo de demagogia. O Estado Português é o 1.º caloteiro do país; e dentro do Estado, o pior caloteiro são as Finanças, que pura e simplesmente inventam todos os pretextos para não restituir aos cidadãos aquilo que lhes cobraram a mais, mesmo depois de condenadas pelos Tribunais fiscais a restituir. Pode dizer-se que dinheiro que cai nas mãos das Finanças é como alma que cai no inferno: nunca mais de lá sai! Tal, segundo me parece, mão se deve a este ou àquele Governo, a este ou àquele Ministro; é uma rotina enraizada dos burocratas que já vem do tempo do Salazar, e sobrevive a todos os Governos. É preciso pôr cobro a isso, porque é uma vergonha.
Portas é um demagogo? - Portas é um irreponsavel, sob a protecção da saia da mãe, estava para nascer com passarinha, eram os desejos da familia, nasceu truncado, dar protecção de estado, a essa essa figurinha, é mau de mais - nem percebo como é que as chefias militares não fazem um "alevantamento de rancho" de forma a que o PR tome uma posição clara e sem margens para duvidas - qual quê
Ze Boné
Não é bem assim
Na sua edição de hoje, o Público anuncia, no subtítulo de uma peça sobre a votação do orçamento, que uma «entidade liderada por Vital Moreira para comemorar centenário da implantação da República recebe ajuda [orçamental] do PS».
Há aqui um equívoco. Não presido a nenhuma entidade dessas. Presidi de facto a uma Comissão de Projectos para a Comemoração do Centenário da República, nomeada em Outubro de 2005, mas essa comissão já cumpriu o seu mandato e terminou as suas funções, com a entrega do seu relatório em Setembro de 2006. E não precisou de nenhuma verba orçamental, porque os seus membros trabalharam de forma inteiramente graciosa.
[Publicado por Vital Moreira] [20.11.07] [Permanent Link]
Este artigo nada tem a ver com o pst em causa. Mas é bom que vejam como funciona o jornaleco pidesco de jmf.
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