segunda-feira, fevereiro 04, 2008

Por que o comentador Marcelo continua a não se aconselhar com o Prof. Marcelo?





Domingo após domingo, o comentador Marcelo procura convencer-nos que percebe de tudo, domina todos os assuntos, estudou e está à vontade para mandar bitaites sobre tudo e mais alguma coisa. A verdade é que o comentador Marcelo fala amiúde do que não sabe, opina sem conhecer as questões, faz-se passar por conhecedor daquilo em que não pesca nada.

Convenhamos que não é fácil estar na situação do comentador Marcelo. Podia, ao menos, socorrer-se dos conhecimentos do Prof. Marcelo no campo que este domina: o Direito. Evitaria, com certeza, o comentador revelar ignorância a propósito da pseudo-incompatibilidade do deputado José Sócrates nos anos 80.

Disse Marcelo que havia elementos em sentido divergente. De um lado, um parecer da Procuradoria-Geral da República, segundo a qual Sócrates teria — supostamente — cometido uma ilegalidade. De outro lado, um parecer do Prof. Paulo Otero, que sustenta o contrário.

Sucede, porém, que o dito parecer da PGR não diz nada daquilo que o comentador Marcelo disse que ele dizia. Trata-se do Parecer n.º 73/1991 do Conselho Consultivo da Procuradoria-geral da República e conclui, textualmente, o seguinte:

    Embora de um ponto de vista de pura literalidade o regime de dedicação exclusiva implique a impossibilidade legal de desempenho de qualquer actividade profissional, pública ou privada, incluindo o exercício de profissão liberal, o certo é que o legislador tem vindo, em diferentes domínios, a proceder à identificação típica de uma área mínima de harmonização de interesses particulares do agente com a natureza e o interesse público da função, através da enunciação taxativa de actividades e situações remuneratórias compatíveis com a dedicação exclusiva”.

Ou seja, o conceito de dedicação exclusiva não pode ser entendido de forma estritamente literal, antes admite o desempenho de certas actividades particulares do agente, desde que harmonizáveis com a natureza e o interesse público da função de Deputado — é o que dizem os Conselheiros da PGR!

Noutro passo do mesmo parecer, depois de analisados vários diplomas que consagram regimes de dedicação exclusiva, afirma-se que:

    O conceito de dedicação exclusiva surge, em todos estes diplomas, identificado, no essencial, com a ideia de renúncia ao exercício de outras funções ou actividades remuneradas, públicas ou privadas, incluindo o exercício de profissão liberal.”

Ou seja, o regime de dedicação exclusiva obsta, nos vários diplomas em que foi consagrado, ao exercício de funções remuneradas, repito, remuneradas. E, ainda assim, admite excepções de âmbito variado, como também diz o parecer da PGR:

    Embora seja possível a identificação de um núcleo tendencialmente comum de actividades, funções ou fontes de rendimentos considerados compatíveis com o exercício de funções em regime de exclusividade - direitos de autor, realização de conferências, palestras, cursos breves e actividades análogas, ajudas de custo e despesas de deslocação -, o conceito assume extensões diversas em cada uma das regulamentações específicas.

Ora, no caso de José Sócrates, os seus trabalhos foram feitos a título gratuito, salvo num específico mês em que recebeu 95 contos. Mês em que, consequentemente, não terá auferido qualquer abono parlamentar por dedicação exclusiva.

Em suma, nos termos do citado parecer da PGR, José Sócrates não cometeu qualquer ilegalidade.

Ó Prof. Marcelo, apenas um pequeno conselho: da próxima vez, não basta ler o que o Público diz sobre o parecer da PGR, convém ler o parecer propriamente dito.

Já quanto ao parecer do seu colega Paulo Otero, Marcelo limitou-se a dizer que tinha de o ver, tinha de o ir estudar. Para quem sabe sempre tudo, é — no mínimo — estranho...

E é tanto mais estranho porque, não tendo lido o parecer da PGR, Marcelo não teve pejo de o citar como "condenando" a conduta de Sócrates. Já quanto ao Parecer do Prof. Paulo Otero, que Marcelo também não terá lido, já não se quis pronunciar.

Por que será? Será que é porque o parecer de Paulo Otero (insuspeito de simpatias pelo PS) dá razão a José Sócrates?

PS — Para beliscar a isenção do Prof. Paulo Otero, Marcelo deixou cair que este professor catedrático fez pareceres para o Governo. E o Prof. Marcelo não faz? Devo ter sonhado, mas juro que, aqui ou acolá, já li que tem feito — e não têm sido tão poucos como isso…

18 comentários :

Anónimo disse...

O que se pode esperar de um "Professor" que numa das suas dissertações televisivas sugeria ao Gil Vicente (clube de futebol) que insistisse 'naquilo' porque ainda podia vir a ganhar umas massas!

António P. disse...

Boa noite,
O mais impressionante nestas "palestras" do professor é a quantidade vezes que o homem mente. Sim mente. E no estudio nunca ninguém lhe dá a entender isso.
Já matou duas vezes pessoas que estavam vivas ( o Barrilario Ruas e um general americano ) na altura do comentário.
É uma fraude este senhor professor.
Cumprimentos

Anónimo disse...

O Marcelete que chega sempre atrasado ou adiantado aos lugares a que aspira ....

Anónimo disse...

Marcelo é um bastardo e cinico nos comentarios que faz todas as semanas.É pura demagogia de alguém que já perdeu a credebilidade e a razão. Nada mais resta a este sacaninha senão lixar os outros com mentiras.

Anónimo disse...

Deixem lá o homem em paz, carago! Para poder ler 326 livros por semana como é que querem que ele saiba alguma coisa do País? Só se vier num livro dos que ele lê em diagonal (???...).

"Marmelo continua, a tanga é toda tua!"

Anónimo disse...

Independentemente das qualidades do Professor Marcelo que de facto são poucas e entre as quais o amor à verdade e à exactidão não constam, o que interessa é o seguinte:

Sócrates, enquanto Eng., subscreveu ou não projectos que não fez nem conhecia? E violou o não o regime da exclusividade?

A resposta é sim. E as respostas de Sócrates em voz muito alta e tom muito indignado não bastam para convencer do contrário.

Miguel Abrantes, diga lá ao assessor que lhe preparou esse post que a ética e os bons princípios não se resumem à lei.

E nem basta o facto de a PGR (com a independência e competência que o vosso - seu e de Sócrates - partido lhe reconhecem .... ) dar como certo que ocorrem agumas excepções à lei para tornar essas excepções lei ou sequer exemplo do que deve ser o comportamento dos cidadãos.

Anónimo disse...

Pobre País, que perde tanto tempo com o professor Marcelo - uma espécie de José Hermano Saraiva...

Miguel Abrantes disse...

Querida Rita,

Talvez a emoção a tenha traído, mas as certezas que evidencia não existem a não ser na sua cabeça. O próprio Dr. Fernandes fez o seu número de política suja e meteu a viola no saco.
O assessor que preparou o post constata que a querida Rita não põe em causa o teor do post. A emoção pode confundir a inteligência, mas não a manipula. É um primeiro passo na aproximação à realidade.

Apareça sempre, querida Rita.

Anónimo disse...

Miguel Abrantes,


O que está no parecer da PGR, se o ler fria e racionalmente (caso seja capaz) em nada ajuda o seu camarada Sócrates.

Dai a necessidade do seu texto interpretativo (na versão interpretação criativa), que seria desnecessário se Sócrates pura e simplesmente não tivesse acumulado as duas funções simultaneamente, como fazem aliás muitos em iguais circunstâncias há que dizê-lo.

O povo, (caso lesse este seu site de apoio ao Governo e ao Engº Sócrates) não se deixa enganar com tanta facilidade. Afinal, o que o Engº (admitindo que o é) Sócrates fez é bem conhecido de todos, principalmente nas pequenas autarquias. E o povo sabe disso.

O problema é que o Engº (admitindo que o é) Sócrates chegou a Primeiro Ministro, o cargo executivo mais importante do País. Quantos favores "gratutitos" terá feito a amigos em dificuldades?

E, por fim, eu não estaria tão seguro de que o José Maneuel Fernandes, ou Dr. Fernandes como lhe chama, tenha metido a viola no saco. Algo me diz que o Engº(se o for) Sócrates é pano para mangas.

Mas não se preocupe, pode ser que, quando o Miguel Abrantes estiver em dificuldades, ele possa assinar o projecto de forma gratuita.

Anónimo disse...

Este blogue de puro agit-prop,seguramente pago por todos nós,é mais um sinal da desvergonha amoral dos caminhos "políticos"deste salazarete saloio e de meia tigela que insiste em por-nos a albarda em cima para melhor nos cavalgar.

Miguel Abrantes disse...

Querida Rita,

Nem um elemento novo sequer traz para sustentar o que insinua.

Eu não fiz nenhuma interpretação do Parecer da PGR; limitei-me a reproduzir uns extractos.

O Público vai continuar com a política suja? Como sabe? Trabalha lá?

Anónimo disse...

Miguel,


Ao contrário de si, não trabalho para ninguém.

Por isso não tenho que defender ninguém, nem fingir que não vejo o que é óbvio: Sócrates é um exemplo vivo (e infelizmmente bem visivel) de onde começa a corrupção neste pais: nos pequenos favores "gratuitos", nos negócios conjuntos, nos "tomei conhecimento", nalgumas universidades privadas, nos gabinetes que não se veem. Ainda bem que há que ponha à vista de todos o que se passa quando as portas se fecham, após a conferência de imprensa.

Anónimo disse...

Ningém tem razão, excepto o SóCretino !

Passo a explicar:

Todos esqueceram um dado importantíssimo: o SóCretino assinou uma declaração de "dedicação exclusiva... em proveito próprio"...

O que faz falta é ler nas entrelinhas !!!

AAA disse...

Concordo consigo, Rita.
É uma questão de tempo até encontrarem mais lenha para queimarem o sócrates.
A estirpe do fulano está vista de todos. Vê-se que os «esquemas» fazem parte do seu DNA.
Pessoalmente não me admiraria nada que lhe descobrissem umas contas nalgum paraíso fiscal.

Anónimo disse...

O despacho (à despedida) da ex-ministra da cultura a determinar que o Fundo de Fomento Cultural (os nossos impostos) pague a quantia de 500.000 (quinhentos mil euros ou cem mil contos)só relativamente ao mês de Setembro de 2007, para a Fundação/Colecta Berardo(ver DR II Série de 9.1.2008).
O homem precisa de dinheiro.
Só para a saúde e a educação não há.
O probre que se lixem.

Anónimo disse...

É impressionante como este blogue, contra as corporações, passou ao largo do facto de o novo Ministro da Cultura, advogado e defensor dos direitos liberdades e garantias, trabalhar para o Berardo.

Anónimo disse...

Esta caixa de comentários cheira a QUEIJO LIMIANO podre que tresanda!! Deixa-me fugir que fco toda badalhoca...

Anónimo disse...

Virgens ofendidas, conhecem Portugal? Já ouviram falar de um fulano chamado Paulo Morais (ex-Vice de Rui Rio na Câmara do Porto)? Conhecem um sujeito de nome Marinho Pinto?

Sabem o que é a ética e a moral dominantes na "coisa pública" portuguesa?


E acham então que, perante tudo o que de grave, de muito grave e muito sério tem acontecido nos últimos anos no nosso País, alguém está minimamente interessado em confirmar se José Sócrates é um pouquinho mais ou menos "chico-esperto" do que a esmagadora maioria dos seus compatriotas?


Que ingénua ilusão...