O cartoon de António (Trabalho de Limpeza)
• Pedro Adão e Silva, A memória na política:
- “Esqueçamos, por um momento (mas apenas por um breve momento, porque, como vimos este fim-de-semana, o líder madeirense está sempre disposto a reavivar-nos a memória), a opinião que se possa ter sobre a acção de Alberto João Jardim. Não importa se achamos que um modelo de desenvolvimento assente nas obras públicas, nas baixas qualificações e no endividamento público é algo que possa ser elogiado ou até deixemos de lado uma verdade elementar: o cimento de uma democracia-liberal não é o voto popular, mas um sem número de outras dimensões, à cabeça um mínimo de civilidade. Esqueçamos tudo isso. O lado mais grave das declarações de Jaime Gama é que chamam a atenção para a falta de memória na política. Somos todos livres de dizer o que bem nos aprouver sobre João Jardim, o que é difícil de compreender é que alguém que, entre todos os actores políticos portugueses, fez das declarações mais violentas sobre o presidente do Governo Regional, venha agora dizer exactamente o seu contrário, sem mais explicações. É como se para passar de Bokassa a “sol na terra” um ligeiro salto no tempo fosse o bastante para a desmemoriação colectiva.
Esta mudança serve, aliás, para consolidar a percepção disseminada de que a disputa político-partidária é uma farsa. Uma farsa na qual as partes se desentendem, por vezes com uma violência inusitada (o Bokassa, sempre o Bokassa), para, à primeira conveniência ou necessidade, caírem no regaço do seu adversário de há minutos. No fundo, cria-se a ideia de que a divergência serve só para criar uma ilusão de que estão de facto em disputa alternativas. Cada vez que alguém com as responsabilidades de Jaime Gama revela desrespeito pelo seu próprio passado, está a dar uma grande ajuda à consolidação desde modo de olhar para a política.”
2 comentários :
MUITO BEM!
Sem dúvida que o Jaiminho vos empalou a sangue-frio, sem anestesia nem lubrificante !
Coitadinhos...
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