segunda-feira, maio 26, 2008

Da série “Ninguém me olha a pensar que minto”¹ [5]




O actual governo quer construir duas linhas de alta velocidade: uma para Espanha, outra para o Porto. Questionada no célebre debate na TVI moderado por Manuela Moura Guedes, Manuela Ferreira Leite disse desconhecer dossiers como o TGV.

Achei, de facto, estranho, porque tinha ideia de que a então ministra das Finanças havia defendido a construção de cinco linhas de TGV. Veja-se a Resolução do Conselho de Ministros n.º 83/2004, de 26 de Junho:
    “a) Linha Porto-Vigo, como linha de alta velocidade, com uma estação intermédia entre o Porto e a fronteira luso-espanhola de Valença/Tuy, com horizonte temporal de 2009;
    b) Linha Lisboa-Madrid, como linha especialmente construída para a alta velocidade, com estação intermédia em Évora e na fronteira luso-espanhola de Elvas-Badajoz. Deve igualmente a sua parametrização permitir a circulação de composições ferroviárias de mercadorias compatíveis com as características do traçado e as exigências de exploração, com horizonte temporal de 2010;
    c) Linha Lisboa-Porto, como linha especialmente construída para a alta velocidade, com estações intermédias em Leiria, Coimbra e Aveiro, com horizonte temporal de 2013;
    d) Linha Lisboa-Faro-Huelva (via Évora), como linha de alta velocidade, com uma estação intermédia em Beja, com horizonte temporal de 2018 dependente de estudos técnico e de viabilidade económica;
    e) Linha Aveiro-Salamanca, como linha de alta velocidade, permitindo a circulação de composições ferroviárias de passageiros e mercadorias, com estação intermédia em Viseu, com horizonte temporal de 2015.”
Quando o governo de Durão Barroso decidiu alcatifar o país com linhas de alta velocidade, Ferreira Leite conhecia o dossier, tanto que o aprovou em conselho de ministros. Agora que o Governo decidiu avançar com duas linhas, a ex-ministra diz desconhecer o dossier.
___________
¹ Expresso de 3 de Maio.

6 comentários :

Anónimo disse...

Essa mulher e' uma farsante, uma politiqueira do calibre do Cavaco.

Anónimo disse...

uma contabilista a 1º ministro ? antes o afilhado do ângelo ou o pateta alegre !

MFerrer disse...

O país está a atingir o nível desejado:
- Há mais de 15% de analfabetos
- 60% não tem o 9º ano
- Há 35% de chumbos e de abandonos até ao 5º ano de escolaridade
- Os professores não querem dar aulas de substituição e querem reformas aos 50 anos ( profissão de desgaste)
- Os pais despejam os filhas nas escolas sem quererem saber o que eles aprendem, o que sabem, ou como vivem.
- Temos a mais elevada taxa de menores grávidas da Europa
- Os Juizes impedem qq reforma séria da justiça ( vide o caso Menezes/PSD/Acordo sobre Justiça)
- Os médicos protegem a sua coutada, de ceguinhos! e impedem há anos a formação de médicos suficientes para as necessidades dos portugueses.
- essa candidata é especialista em vender o futuro. Foi o que fez quando foi ministra: Vendeu ao banco americano City, que entrtetanto também já está na falência, vendeu, dizia, os incobráveis das Finanças por 30% do seu real valor e, caso o City não conseguisse reaver o valor pago, nós os contribuites, teríamos que trocar esses incobráveis por outros de melhor qualidade. Foi um festim. Alguém quer mais? Por mim, façam o favor !
Sirvam-se à vontade!
MFerrer

Anónimo disse...

Miguel Abrantes, o facto de um ministro aprovar o que quer que seja que vá a discussão e aprovação em Conselho de Ministros, não significa que conheça a matéria. Não significa, pelo menos, que comnheça a matéria ao ponto de a poder discutir com essa profundidade.

(no que o Miguel, muito indignado, me diz: mas pode lá ser uma coisa dessas?! Um ministro, que até é doutor, pessoa tão importante para os nossos destinos, assinar de cruz?!)

Continuando, ninguém razoavelmente espera que um ministro de uma pasta, conheça em profundidade, ou pouco mais ou menos, um dossier de outra pasta, ainda para mais uma tão complexa como a dos transportes. No conselho de ministros, tomam-se decisões por simples, básica e compreensível solidariedade institucional.

(Oooohh, faz o Miguel... ;))

Machiaveli da Silva

odete pinto disse...

Mas conhecia certamente muito bem o impacto financeiro que o país atapetado de TGV's envolvia.
Lembro-me bem do momemto do acordo na Figueira da Foz, entre Durão Barroso e Aznar.

Anónimo disse...

AO CHEGAR AO QUE CHEGOU E AO VER O QUE NUNCA VIU (Pop. açoriana):


Se MFL, com a idade que tem, não conhece ainda o dossiê do têgêvê, também já não será agora que o irá conhecer...