Um mundo à parte

Estava a folhear o Diário da República de hoje quando dei conta de que a Assembleia Legislativa da Madeira decidiu “congratular-se” — através da aprovação de uma resolução — “pelos 30 anos de governação do Dr. Alberto João Jardim”:

“Toda esta obra, historicamente, tem um rosto e um nome. Esse nome é o do Presidente do Governo Regional da Madeira e líder do Partido Social -Democrata da Madeira — Dr. Alberto João Jardim.

Um homem a quem a população da Madeira muito deve pela firmeza das suas convicções e pela luta que travou pela nossa Região e pelo seu povo, mas para com o qual o povo madeirense foi sempre solidário e, apoiou incondicionalmente, porque fiel ao seu pensamento de o servir com a máxima lealdade.”¹

Por uma daquelas coincidências que só os deuses podem explicar, no mesmo dia em que é publicada no Diário da República a Resolução n.º 12/2008/M que glorifica a “pessoa do Dr. Alberto João Jardim”, a Assembleia Legislativa da Madeira reduz à pressa o tempo que está fixado no regimento destinado ao partido requerente de uma moção de censura.

O PCP, que lhe tomou o gosto, vai ter de ser muito conciso: Jardim concede-lhe 20 minutos para dar um ar da sua graça. É a vingança de uma população “ostracizada e ignorada durante séculos pela República Portuguesa”, que agora não permite avarias aos “fundamentalistas da oposição, os adeptos da política da terra queimada”, essa “[m]inoria que ainda não interiorizou o quanto de errado são as suas políticas”.

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¹ Sintaxe por conta e risco do PSD-M.