- “(…) o partido tal como já se sabe há algum tempo, está dividido. Manuela Ferreira Leite venceu com 38 por cento dos votos, contra 31 por cento de Pedro Passos Coelho e 30 por cento de Pedro Santana Lopes. (…) Manuela Ferreira Leite não convenceu. Não ganhou em distritais importantes como Porto e Braga. Não obteve sequer uma maioria expressiva (acima dos 40 por cento?) apesar de a ter pedido. Este resultado importaria menos se os vencidos não fossem agora ocupar cargos importantes na direcção do partido.
No próximo Congresso a realizar já de 20 a 22 de Junho, os delegados poderão apresentar listas ao Conselho Nacional, cujos lugares serão distribuídos proporcionalmente. Não há nenhuma razão para que o Conselho Nacional não espelhe a divisão que emergiu agora na escolha de líder, e é este órgão que aprova as listas à Assembleia da República, o programa eleitoral do partido e mesmo uma eventual participação em coligações de âmbito nacional. As eleições não foram decisivas, e as divisões emergirão dentro dos órgãos próprios.”
- «(…) talvez fosse conveniente moderar um pouco as certezas que se vão instalando sobre os efeitos da crise anunciada sobre as perspectivas eleitorais quer do governo quer da oposição em 2009. Há três razões principais para alguma cautela.
A primeira tem a ver com aquilo que significa "a economia" quando falamos dos seus efeitos eleitorais. Na verdade, uma das conclusões mais interessantes do estudo mencionado anteriormente é que, em Portugal, o aspecto da evolução da economia que mais consistentemente influencia as hipóteses eleitorais dos governos é, de longe, o desemprego. Enquanto o crescimento económico tem um impacto quase irrelevante, as evoluções desfavoráveis na inflação tendem a afectar mais o desempenho dos governos de governo de direita que o dos governos de esquerda.
(…) Mas tudo o que sabemos neste momento sobre a relação entre os indicadores da economia e o desempenho eleitoral sugere que, ao contrário do que sucedeu com o mandato do anterior governo PSD/CDS - que presidiu a um aumento da taxa de desemprego de quase três pontos percentuais entre 2002 e 2005 - o actual governo PS terá para apresentar em 2009, no que respeita a esse crucial indicador, uma relativa estabilidade. Se for verdade - como a maior parte dos estudos sugerem - que os eleitores são especialmente sensíveis às tendências de curto-prazo, as "hipóteses eleitorais de Sócrates" podem não estar a ser tão "tramadas" como, dos dois lados da barricada política, se parece supor.
Em segundo lugar, um dos desenvolvimentos mais interessantes deste tipo de estudos tem a ver com a aparente capacidade dos eleitores para fazerem uma distinção, quando usam o desempenho da economia para tomar decisões eleitorais, entre aquilo que é responsabilidade dos governos e aquilo que tende a escapar ao seu controlo.
(…) Finalmente, a economia está longe de explicar tudo. (…) Mais importante é que a oposição ofereça, ao mesmo tempo, uma alternativa credível. (…) Mas daí até o PSD poder ser visto como uma alternativa a este governo vai ainda uma distância considerável.»
1 comentário :
Eu não me fiava tanto na tal capacidade dos eleitores de compreenderem da economia e da política. A ver o que foi possível arrebanhar de profs e de incáutos, ainda há dias...
Mas queria estar enganado e viver num pais com mais responsabilidade.
MFerrer
http://homem-ao-mar.blogspot.com
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