- “É evidente que parte do peso que o PSD carrega sobre os seus ombros é fruto da imagem de ingovernabilidade que se colou ao partido com Santana Lopes, que foi consolidada, já com Marques Mendes, com o episódio que levou à derrocada da Câmara de Lisboa, e que se cristalizou nos meses surreais de liderança de Menezes. Contudo, quem pense que, ultrapassados estes problemas, o PSD é de novo um partido eleitoralmente competitivo está enganado. Enquanto não for feita uma avaliação do que correu mal na governação PSD/CDS, as dificuldades manter-se-ão. Foi Santana Lopes que colocou o PSD quase em mínimos históricos, mas convém não esquecer que o essencial da impopularidade já vinha de trás e que, antes do exílio bruxelense, já Durão e Portas, sob a influência da ministra das Finanças de então, tinham tido um resultado eleitoral deplorável nas europeias.
Se é verdade que a vitória de Ferreira Leite, pela imagem que a nova líder foi cultivando ao longo da sua carreira, é, por si só, suficiente para resolver o problema da credibilidade, o mesmo já não é válido para ultrapassar as sequelas da experiência governativa recente. Ferreira Leite como ministra das Finanças não só falhou na consolidação orçamental como contaminou o Governo com a sua imagem de austeridade. Uma imagem que limitou claramente a capacidade do Governo Durão/Portas de combinar esforço de consolidação com capacidade reformista noutras áreas das políticas públicas. Falhando no défice, não conseguindo mudar nada de relevante, deixando-se envolver em bravatas ideológicas inconsequentes (desde o Código do Trabalho de Bagão às homenagens bacocas a Maggiolo Gouveia) e com o descontentamento social sempre crescente, era muito difícil que, independentemente de Santana Lopes, os resultados eleitorais não fossem maus.”
- “Uma ideia que acho interessante é basear o seguro contra desemprego de curto prazo ao nível da zona euro. Seria complicado, mas poderia constituir um instrumento estabilizador de grande utilidade. Outra mudança importante e que deveria ter sido concretizada há muito seria dar ao Banco Central Europeu um papel formal de supervisão.”
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