domingo, junho 15, 2008

O vírus que contaminou o PSD

Nuno Brederode Santos revelava, há uma semana, o que não era propriamente um segredo para quem se habituou a ler o cronista que melhor escreve em Portugal: “guardei algum recato — que até nem é fácil de explicar racionalmente — quanto às [candidaturas] de Manuela Ferreira Leite e Pedro Passos Coelho, por entender que ambas se propunham fazer o jogo do regime que escolhemos.”

Não foi preciso aguardar muito para o PSD contraditar as palavras simpáticas de Brederode Santos. Menos de 24 horas depois, Jorge Costa fez, “em nome da presidente do PSD”, Manuela Ferreira Leite, “um apelo ao Governo para que seja sensível às dificuldades do sector e abandone uma atitude mais arrogante, mais sobranceira, de assobiar para o ar”. Dois dias depois, com os camiões em andamento, o mesmíssimo Jorge Costa reaparece para “exigir” o contrário do que dissera antes: acção “firme” do Governo na manutenção da ordem pública.

A teoria do “fazer o jogo do regime que escolhemos” esboroou-se num abrir e fechar de olhos. Percebe-se a reacção de Brederode Santos no DN de hoje: “É certo ser esse, hoje, o discurso da pior direita. Precisamente a que não tem moral para o dizer, porque, na sua desordenada gula eleiçoeira, tanto cavalga a desordem como a reposição da ordem. Mas isso é o que sucede a quem puder jogar no preto e no vermelho: ganha sempre. Mas ganha sempre numa cor aquilo que perde na outra. Não vai longe: só dá para contar aos netos que ganhou, sonegando o outro tanto que perdeu.

Por que haveria Manuela Ferreira Leite de estar imune ao vírus que contaminou o PSD?

3 comentários :

james disse...

Tem piada, o duende Carlos Medina Ribeiro, acha exactamente o contrário e pensa que Manuela Ferreira Leite ganhou na roleta!!!

Anónimo disse...

Nada se conhece acerca do pensamento estratégico do PSD.
Uma no cravo, outra na ferradura, para satisfazer gregos e troianos.
Nada de comprometimentos, nada de assumir posições claras e inequívocas - um jogo duplo que não compromete e dá para os dois lados.
Sem posição formada, é fácil navegar à vista, passando por entre as gotas de chuva sem se molhar.
Quando é para fazer declarações, um chorrilho de lugares-comuns e frases inconsequentes.

É a escola cavaquista em todo o seu esplendor, que agrada ao povão que não se quer dar ao trabalho de complicações.

As opiniões comprometem?
As posições claras vinculam?

Então, fiquemos longe para não desgastar a imagem.

Cuidado, porque foi assim que Cavaco limpou eleições com uma perna às costas...

Anónimo disse...

Não é o contrário, o texto é uma falácia.
Ambas as coisas são possíveis, sem contradição alguma.
É preciso é desligar da cassete e voltar à objectividade para o perceber...