Paulo Portas tem uma receita milagrosa para resolver o problema do aumento do preço do petróleo: baixar os impostos. A última edição da insuspeita Economist parece ter sido escrita propositadamente para serenar os ímpetos momentâneos do Paulinho das bombas de gasolina: “Cutting fuel taxes in the rich world makes no sense (…). There are better ways to return cash to struggling voters.” Na mesma edição da revista, dá-se conta de que, na Grã-Bretanha, “The duty on fuel is due to rise in October, and higher road taxes will hit dirtier cars in 2009.”
No mesmo sentido escreve Martin Wolf num artigo intitulado Guia de navegação para o crescimento das economias, no qual procura sintetizar as conclusões de um trabalho de grande fôlego coordenado pelo “Prémio Nobel” Michael Spence. Wolf faz alusão ao “Growth Report”, que não podia ser mais esclarecedor: “Costly energy subsidies will only make societies more dependent on oil and leave governments with less money to help the poor.”
Veja-se a lista de políticas a evitar, na síntese feita por Wolf [parte não disponível na edição on line do Diário Económico]:
- “Entre essas políticas contam-se: subsidiação da energia (especialmente relevante nos dias de hoje); utilização da função pública como empregador de último recurso; redução dos défices fiscais pelo corte nas despesas com infra-estruturas; protecção ilimitada a sectores específicos; utilização do controlo dos preços como modo de conter a inflação; proibição das exportações como modo de manter os preços internos baixos; subinvestimento em infra-estruturas urbanas; salários baixos dos funcionários públicos, por exemplo professores; permitir que a taxa cambial se aprecie demasiado e depressa de mais.”
5 comentários :
O portas é um gafo. Perder tempo para quê?
O homem é uma anedota de todo o tamanho. Demagogo puro.
Mas o que é certo é que este tipo de propostas e de sugestões, de tanto serem repetidas, já começam a andar pelo seu pé. É ouvir o Manuel Alegre a pedir medidas para calar a "rua", o "sentimento popular" que tão bem pitonisa...
Excelente post, este!
Vou recomendá-lo lá do meu tombadilho.
MFerrer
http://homem-ao-mar.blogspot.com
O Miguel podia era esclarecer qual é a percentagem de imposto no preço de venda ao público nos países de origem das publicações referidas, para podermos melhor formar a nossa opinião.
Eu concordo com o princípio de que não se deve subsidiar nem manter artificialmente baixos os preços dos combustíveis derivados do petróleo.
Mas acho que é uma questão diferente a de se saber se, numa época de crise/choque petrolífero, não deve um governo baixar a "sua" percentagem no PVP dos combustíveis, se ela for elevada,para evitar males maiores e permitir às empresas que se reorganizem e reestruturem face à nova realidade de um petróleo caro. Essa reorganização não se faz de um dia para o outro.
Se falarmos no país X, que cobra 2% do PVP, não se justificará baixar para 2% ou 1%.
Se falarmos num país Y, que cobra 20% e pode baixar para 5%, apesar da perda de algumas receitas, preferível talvez a uma horda maciça de falências...
Caro M. Ferrer, muito obrigado.
“Entre essas políticas contam-se: subsidiação da energia (especialmente relevante nos dias de hoje); utilização da função pública como empregador de último recurso; redução dos défices fiscais pelo corte nas despesas com infra-estruturas; protecção ilimitada a sectores específicos; utilização do controlo dos preços como modo de conter a inflação; proibição das exportações como modo de manter os preços internos baixos; subinvestimento em infra-estruturas urbanas; salários baixos dos funcionários públicos, por exemplo professores; permitir que a taxa cambial se aprecie demasiado e depressa de mais.”
E estão a ver o pinto de sousa ou a manelinha a fazerem alguma coisa disto? ou o sr. silva a validar outra política para além da que ele criou e nos condiciona a todos? não gosto do PP porque é um demagogo... mas e as alternativas?
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