O director do Público, encantado com os efeitos de um deslize não imputável ao blogue da Sonae, deixou o peixe render, pois sabia que, se o caldeirão transbordasse, poderia invocar, a todo o momento, que era alheio a tal
O provedor do leitor do Público tinha de tapar o “furo” no “dique” para evitar uma “inundação” (palavras de Joaquim Vieira). Fê-lo com o dedo mindinho: — Ó Sôr Fernandes, se V. Ex.ª foi objecto de pressão, por que não contou cá à gente no jornal? A resposta veio célere, como nas primeiras perguntas dos concursos da TV: — A gente cá só dá notícias e isso a gente achou que não era notícia.
Foi tudo o que o provedor quis ouvir. Não há jornalista que se preze que não tenha umas contas a ajustar com quem lhe andou a remexer naquele negócio privado com dinheiros públicos a que foi dado o pomposo nome de caixa de previdência dos jornalistas.
Como iria Joaquim Vieira desmontar o lindo trabalho que fizera? Numa nota intitulada “Para que conste”, Vieira coloca ontem a questão no exacto ponto em que pode escapar à “inundação”:
- “O assunto andou ao retardador: o chefe do Governo levou mais de duas semanas a desmentir que tivesse proferido tal coisa e J.M.F., outro tanto para se lembrar de que havia enviado à ERC uma versão da acta com aquele seu depoimento em que a frase já não constava. Aliás, na acta primitiva, e ao contrário do que dizia o Expresso (e o PÚBLICO repetia a seguir, mesmo depois de ouvir o seu director), J.M.F. não atribuía aquela frase a J.S., apenas lhe imputava essa insinuação, ao invocar na conversa entre ambos uma relação com o accionista do jornal.”
Questionado de novo José Manuel Fernandes pelo provedor, num gesto cada vez mais burocratizado, pois diga o que disser o director do Público o ritual está cumprido, eis a resposta que dissipou quaisquer dúvidas de Joaquim Vieira:
- “De vez em quando, pedem-me para rever textos transcritos a partir de gravações (tenho neste momento dois para rever) e não me lembrava de ter especificamente revisto aquele.”
O provedor do leitor do Público não se sente obrigado — deontologicamente falando, é óbvio — a pedir desculpas públicas pelo que escreveu; o director do Público continua enroscado — qual gata persa — como se não fosse nada com ele; o conselho de redacção do Público (e do Expresso, já agora) deve andar a banhos; o conselho deontológico do Sindicato dos Jornalistas ainda não teve oportunidade para se reunir. Presumo que isto tenha algo a ver com o que se convencionou chamar de “claustrofobia democrática”.
Pelo sim, pelo não, ao Governo resta-lhe criar um departamento de desmentidos rápidos para evitar respostas “ao retardador”. Há jornalistas que têm mais que fazer do que ir às fontes em busca da informação.
Adenda — Vi o Eixo do Mal. Relativamente a Clara Ferreira Alves, não há muito a acrescentar: Pedro Santana Lopes é que diz que a conhece. Já quanto ao Daniel Oliveira, estranho a sua reacção: que raio de valores permitem considerar mais grave um erro administrativo — a incompetência, se se quiser — da ERC do que este processo continuado de manipulação e difamação?
6 comentários :
Não sei se reparou nesta noticia do JN de 8-10. Aqui parece-me que colocam Socrates a dizer outra frase que não disse em vez daquela que também não tinha dito.
"Segundo a carta, a frase da discórdia foi a declaração do director em que Sócrates teria insinuado: "Fiquei com uma boa relação com o seu accionista e vamos ver se isso não se altera". Sócrates negou-a: "Não posso deixar sem um desmentido formal e categórico essa afirmação". Fernandes chama a atenção para o novo documento, onde pode ler-se: "ou interferiria na relação que tenho com Paulo Azevedo?". As alterações são justificadas por problemas nas cassetes de gravação, contou Fernandes."
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Media/Interior.aspx?content_id=1024115
Achei engraçado.
Aqui parece que Socrates disse "ou interferiria nas..." e não disse. Isso também foi uma reflexão de JMF
Os jornalistas devem andar superocupados e escrevem sem pensar. Digo eu.. lol
Bom e sóbrio artigo.
Maravilha aquela da "claustrofobia democratica"
de varios orgãos que "velam" pela deontologia do exercicio do jornalismo.
abraço
Jornalistas de sarjeta é o que são na sua maioria.
Para segurarem o tacho até vendem o "pai".
Fazem de tudo. Desinformam, mentem, lavam os acentos do chefe. levam o café, etç.
Eu não acredito no jornalismo portugues. NÃO LEIO QUALQUER JORNAL.
O Daniel Oliveira corre o risco do Arrastão vir a ser escolhido como o melhor blog de esquerda .... pelos insurgentes.
É obra o Publico chegar onde chegou.
E o Sr. Luís Pedro Nunes? O que dizer?
Patético!
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