segunda-feira, outubro 13, 2008

E o culpado é… Sócrates (que desmentiu "ao retardador")!

Dois (2) jornalistas do Expresso lançaram-se à aventura de ler os documentos da ERC. Onde havia uma “reflexão” de José Manuel Fernandes, os dois (2) jornalistas leram (e publicaram a 20 de Setembro) o que mais ninguém poderia ler: Sócrates em discurso directo.

O director do Público, encantado com os efeitos de um deslize não imputável ao blogue da Sonae, deixou o peixe render, pois sabia que, se o caldeirão transbordasse, poderia invocar, a todo o momento, que era alheio a tal incorrecção manipulação grosseira.

O provedor do leitor do Público tinha de tapar o “furo” no “dique” para evitar uma “inundação” (palavras de Joaquim Vieira). Fê-lo com o dedo mindinho: — Ó Sôr Fernandes, se V. Ex.ª foi objecto de pressão, por que não contou cá à gente no jornal? A resposta veio célere, como nas primeiras perguntas dos concursos da TV: — A gente cá só dá notícias e isso a gente achou que não era notícia.

Foi tudo o que o provedor quis ouvir. Não há jornalista que se preze que não tenha umas contas a ajustar com quem lhe andou a remexer naquele negócio privado com dinheiros públicos a que foi dado o pomposo nome de caixa de previdência dos jornalistas.

Como iria Joaquim Vieira desmontar o lindo trabalho que fizera? Numa nota intitulada “Para que conste”, Vieira coloca ontem a questão no exacto ponto em que pode escapar à “inundação”:
    “O assunto andou ao retardador: o chefe do Governo levou mais de duas semanas a desmentir que tivesse proferido tal coisa e J.M.F., outro tanto para se lembrar de que havia enviado à ERC uma versão da acta com aquele seu depoimento em que a frase já não constava. Aliás, na acta primitiva, e ao contrário do que dizia o Expresso (e o PÚBLICO repetia a seguir, mesmo depois de ouvir o seu director), J.M.F. não atribuía aquela frase a J.S., apenas lhe imputava essa insinuação, ao invocar na conversa entre ambos uma relação com o accionista do jornal.”
O provedor omite que poderia deveria — também ele — ter-se dado ao trabalho de ler as actas publicadas no site da ERC — tanto mais indispensável quanto a ronha na primeira resposta de José Manuel Fernandes era evidente.

Questionado de novo José Manuel Fernandes pelo provedor, num gesto cada vez mais burocratizado, pois diga o que disser o director do Público o ritual está cumprido, eis a resposta que dissipou quaisquer dúvidas de Joaquim Vieira:
    “De vez em quando, pedem-me para rever textos transcritos a partir de gravações (tenho neste momento dois para rever) e não me lembrava de ter especificamente revisto aquele.”
José Manuel Fernandes fala uma única vez ao telefone com o primeiro-ministro, vai à ERC depor acerca dessa conversa e não se lembra do que disse na ERC nem de que reviu o teor das suas próprias declarações na ERC. Extraordinário!

O provedor do leitor do Público não se sente obrigado — deontologicamente falando, é óbvio — a pedir desculpas públicas pelo que escreveu; o director do Público continua enroscado — qual gata persa — como se não fosse nada com ele; o conselho de redacção do Público (e do Expresso, já agora) deve andar a banhos; o conselho deontológico do Sindicato dos Jornalistas ainda não teve oportunidade para se reunir. Presumo que isto tenha algo a ver com o que se convencionou chamar de “claustrofobia democrática”.

Pelo sim, pelo não, ao Governo resta-lhe criar um departamento de desmentidos rápidos para evitar respostas “ao retardador”. Há jornalistas que têm mais que fazer do que ir às fontes em busca da informação.

Adenda — Vi o Eixo do Mal. Relativamente a Clara Ferreira Alves, não há muito a acrescentar: Pedro Santana Lopes é que diz que a conhece. Já quanto ao Daniel Oliveira, estranho a sua reacção: que raio de valores permitem considerar mais grave um erro administrativo — a incompetência, se se quiser — da ERC do que este processo continuado de manipulação e difamação?

6 comentários :

Anónimo disse...

Não sei se reparou nesta noticia do JN de 8-10. Aqui parece-me que colocam Socrates a dizer outra frase que não disse em vez daquela que também não tinha dito.

"Segundo a carta, a frase da discórdia foi a declaração do director em que Sócrates teria insinuado: "Fiquei com uma boa relação com o seu accionista e vamos ver se isso não se altera". Sócrates negou-a: "Não posso deixar sem um desmentido formal e categórico essa afirmação". Fernandes chama a atenção para o novo documento, onde pode ler-se: "ou interferiria na relação que tenho com Paulo Azevedo?". As alterações são justificadas por problemas nas cassetes de gravação, contou Fernandes."

http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Media/Interior.aspx?content_id=1024115

Achei engraçado.
Aqui parece que Socrates disse "ou interferiria nas..." e não disse. Isso também foi uma reflexão de JMF

Os jornalistas devem andar superocupados e escrevem sem pensar. Digo eu.. lol

Anónimo disse...

Bom e sóbrio artigo.

Maravilha aquela da "claustrofobia democratica"

de varios orgãos que "velam" pela deontologia do exercicio do jornalismo.

abraço

Anónimo disse...

Jornalistas de sarjeta é o que são na sua maioria.

Para segurarem o tacho até vendem o "pai".

Fazem de tudo. Desinformam, mentem, lavam os acentos do chefe. levam o café, etç.

Eu não acredito no jornalismo portugues. NÃO LEIO QUALQUER JORNAL.

Anónimo disse...

O Daniel Oliveira corre o risco do Arrastão vir a ser escolhido como o melhor blog de esquerda .... pelos insurgentes.

Anónimo disse...

É obra o Publico chegar onde chegou.

Anónimo disse...

E o Sr. Luís Pedro Nunes? O que dizer?

Patético!