quinta-feira, outubro 16, 2008

Leituras [actualizado]

• João Cardoso Rosas, Porque dobram os sinos:
    “(…) este tipo de liberalismo, ou neoliberalismo, nunca foi muito popular em Portugal. Quando ele estava já a ser implantado noutros países, nós ainda estávamos “a caminho do socialismo”. Mas é também verdade que este liberalismo, ou a síntese liberal-conservadora, tem sido defendido nos anos mais recentes por uma série de académicos e intelectuais públicos, com alguma influência junto dos nossos partidos – à direita do espectro político – e instituições. Quem segue a imprensa e os ‘blogues’ não pode deixar de o ter notado. Ora, este liberalismo está morto. Ele morreu esta semana, com o plano Gordon Brown na Grã-Bretanha, e não haverá possibilidade de o ressuscitar nos tempos mais próximos. Portanto, como se disse acima, é verdade que, num certo sentido, o liberalismo morreu.

    (…)

    Em suma: se vos perguntarem por que doutrina política dobram os sinos, a resposta a dar é que eles não dobram pelo liberalismo em geral, mas apenas pelo chamado neoliberalismo ao estilo de Hayek ou, melhor ainda, pela síntese liberal-conservadora que teve a sua origem nas experiências políticas de Thatcher e Reagan e o seu triste fim em meados de Outubro de 2008.”
• João Pinto e Castro, Rudimentos de gestão "subprime":
    “É fácil concordar com Adam Smith quando ele escreve que, numa economia de mercado, não dependemos do altruísmo do padeiro para podermos comer pão todos os dias. Note-se, porém, como isto é diferente de pretender que nenhum mal vem ao mundo se o padeiro apenas cuidar dos seus interesses mesquinhos. É esta, porém, a tese de Milton Friedman.

    (…)

    A derrocada que ameaça o sistema financeiro mundial foi despoletada por acções que só podem ser classificadas como fraudulentas. Mas é altura de começarmos a interrogar-nos por que houve, durante tanto tempo, tanta complacência perante as doutrinas anti-sociais que criaram um ambiente propício ao florescimento dos comportamentos que, agora, quase todos unanimemente condenam.

    Estamos apenas a começar a puxar o fio à meada.”
Pedro Adão e Silva, Respostas sociais cirúrgicas:
    “(…) este é também um orçamento sensível ao contexto de crise internacional. Crise que provoca choques assimétricos, afectando mais às famílias de baixos recursos e as classes médias que vivem do trabalho dependente. Perante este cenário, havia duas possibilidades: usar alguma flexibilidade que existe agora no PEC, fazendo aumentar a despesa ou, pelo contrário, desenvolver medidas cirúrgicas, com fraco peso orçamental e escasso impacto no défice, mas direccionadas e eficazes.”

1 comentário :

Anónimo disse...

Absolutamente de acordo. Mas porquê essa descoberta tão tardia, tão depois de uma crise anunciada?