Aires Almeida, 48 anos, professor de filosofia na Escola Manuel Teixeira Gomes, de Portimão, saltou para a ribalta na passada quinta-feira, ao ser capa da Visão e figura central de uma reportagem sobre a vida dos professores. Ontem, no Prós & Contras voltou a ser notícia, ao defender uma série de posições surpreendentes.
Não se sabe como era a vida de Aires Almeida antes da introdução das reformas que estão na origem do estado de cansaço do professor de filosofia. Mas sabe-se como é a sua vida actual (de acordo com o que o próprio transmitiu à Visão):
- 10:15 — “Após a primeira aula, às 8h, há mais uma reunião agendada”;
10:30 — “Reunião sobre o projecto europeu Web2Class”;
11:45 — “Quatro alunos comparecem à aula”;
12:30 — “Na turma do 11.º ano, a lição de Filosofia é sobre dilemas e falácias”;
14:00 — “Reunião na biblioteca para preparar o Dia Mundial da Filosofia”;
16:10 — “À saída, o professor quer saber como correu a greve”.
16:30 — “Chegada a casa”.
PS — Muito embora Aires Almeida sublinhe que a filosofia se ensina há 2.500 anos, ele acha que as reformas introduzidas nas escolas o impedem, de “há dois anos para cá”, de se preparar convenientemente: “Socorro-me dos meus 25 anos de experiência e dou muitas aulas de improviso.” Sempre me fez muita confusão este argumento, sobretudo quando há professores que invocam, para recusar a avaliação do desempenho, ter feito um curso no qual já foram avaliados.
15 comentários :
Caro MIguel, "Filosofia" é sobre contemplação. Qualquer coisinha a mais e a gente fica cansada, com falta de fôlego e assim.
E se metêssemos esse senhor numa máquina do tempo e o mandássemos para a Grécia Antiga? Lá não havia escola pública nem obrigação de ensinar as conspurcadas "massas". Sempre poupávamos uns cobres em impostos e dr.Almeida podia fazer uso do método socrático pelas ruas de Atenas. Sem Magalhães.
Sobre a intervenção deste agora muito ilustre professor, eu escrevi, isto
emhttp://azereiro.blogspot.com/
"Enquanto a matemática esteve ao cuidado dos filósofos, aquela pouco avançou. Aliás, nem era assim tão importante, lá pela Escola de Eleia.
No entanto, quase juro, nenhum filósofo, então, diria de um modelo de avaliação que são tretas, como o ar mais convicto, como se para quem o ouvisse isso bastasse: que são tretas. Mas foi isso que alguém afirmou no “Pós e Contras” de ontem. Para um professor de filosofia, repete-se, o modelo é um conjunto de tretas. E ponto. Podemos passar adiante.
A filosofia já era a ciência de todas as ciências, a sabedoria, mesmo quando Zenão, teimando com a sua teoria da redução ao absurdo, insistia que nunca Aquiles apanharia a tartaruga. Porque era assim, com este e outros paradoxos, que se pretendia defender ser o universo eterno e imutável e o ser uno, contínuo e indivisível. E não são, sabe-se desde há muito.
O método de refutação de Zenão era estritamente formal. Mas não refutava as teorias alheias dizendo que eram… tretas."
Fiquei cansado só de ler a agenda. Ufa...
Nada comparado com o dia descansado de um quadro de qualquer empresa moderna: 10 a 12 horas de trabalho por dia; 4 a 6 reuniões. E este felizardo, que provavelmente tem um curso de engenharia, teve a felicidade de ter que aprender análise financeira, gestão de recursos humanos, gestão comercial e marketing; teve que ser avaliado pelos seus pares, superiores e subordinados; e, suprema felicidade: se as coisas não correrem bem pode ser convidado a prosseguir a sua carreira profissional noutro lado.
Fico espantando com tão malandro profissional. O sujeito termina o serviço as 16H30? Como deve estar cansado.
Pelo que vi nos contras, o individuo pareceu-me sofrer de esquizofrenia, estarei enganada? Pendo que não, pelas contrações do corpo do falar apalhaçado e da mimica utilizada, não é de quem está nas melhores condições mentais.
Avaliação, SIM.
Fico espantando com tão malandro profissional. O sujeito termina o serviço as 16H30? Como deve estar cansado.
Pelo que vi nos contras, o individuo pareceu-me sofrer de esquizofrenia, estarei enganada? Pendo que não, pelas contrações do corpo do falar apalhaçado e da mimica utilizada, não é de quem está nas melhores condições mentais.
Avaliação, SIM.
Bela vidinha, hã!!!
Ninguém reparou que ele começou a trabalhar às 8 e teve 40 minutos para almoço, coisa que dá 7:20 de trabalho e ainda o que vai ter em casa a preparar aulas?
Estes comentadores e o autor do blogue não sabem fazer contas.
Ser professor dá trabalho mais trabalho q antes! Trabalhou 7:20? E queixa-se de quê? de não trabalhar as 5:00 de antigamente?
Ide trabalhar malandros. Eu neste momento também estou contra a ministra mas é porque ainda não vos obrigou a 35 horas semanais na escola e ainda não acabou com o escândalo de terem muito mais férias que o resto dos trabalhadores portugueses. Cresçam !
Foi uma intervenção infeliz do sr. filósofo. Revelou ressabiamento, falta de inteligência, pouca qualidade pedagógica. O prós e contras não era seguramente o seu espaço. Também não deve saber qual o seu espaço. Sem o guarda chuva do ministério morria de fome a filosofar pelas esquinas.
Uma triste imagem de um professor.
Caro pêndulo,
ou é da minha vista, ou as suas oscilações não estão a ser isócronas, a saber:
1º - Cada aula do sr, professor é de 45 minutos, seguida de 15 minutos de interrupção;
2º - Às 10H15, o douto professor poderia já ter dado uma ou duas aulas, ou então estaria a tomar apontamentos a meio da terceira aula, o que não me parece possível dada a sua vontade de ensinar;
3º - 10H30 começou a reunião sobre o projecto europeu Web2Class, que pelos vistos demorou menos de meia-hora (o que é que se conseguirá fazer numa reunião em menos de 30 minutos é um mistério para mim);
4º - Vou presumir que as 11H45 são a hora-fim da aula iniciada às 11H00. Esta foi a sua segunda ou terceura aula de 45 minutos, o que perfaz, no máximo 135 minutos de aulas da parte da manhã, ou seja 02h15 que, juntos aos 00H30 da reunião, perfaz 02H45, o que fica muito aquém das habituais 03H30/04H00 dos trabalhadores em geral;
5º - 12H30 dá mais uma aula que terá terminado às 13H15 o que lhe permitirá utilizar 45 minutos para intervalo para o almoço, se já não o tiver feito nos 45 minutos que antecederam a aula das 12H30;
6º - 14H00-16H00 reunião para preparar o dia mundial da Filosofia. Sobre o assunto encontrei este este link;
7º - 16H10 - Extenuado, depois de ter passado o dia a dar 180 minutos de aulas, e ter passado 150 minutos em reuniões, com 90 minutos para descanso, este trabalhador regressa a casa onde chega 20 minutos depois, para um merecido encontro com o filho, ou seja, depois de 05H30 de ocupação, pois não o imagino a produzir ininterruptamente durante as reuniões.
Claro, que comparar isto com as normais 10H00/12H00 de trabalho referidas pelo oscar carvalho, ou com as 07H00/08H00 de qualquer trabalhador português é uma violência, pois como todos sabemos, só os professores é que levam trabalho para casa, coisa nunca vista nas outras profissões de idêntica responsabilidade.
Não me refiro sequer aos 20 minutos que demorou a chegar a casa, pois mais do que isso, há muito boa gente que espera apenas pelo meio de transporte...
Eu que até vou percebendo de filosofia fiquei petrificado com este sujeito,que envergonha a classe docente. Então aquela deste "treta", "filotreta", que acha que as modernas tecnologias são "tretas", já nem demonstra reaccionarismo pedagógico, revela parolice congénita e sobretudo "nanointeligência".
Dêem-lhe o SARAIVA , o COMPÊNDIO DE FILOSOFIA do Bonifácio!
Explicar a esta alimária que um filme de Bergman ou Visconti, um quadro de Picasso ou afins, ou uma simples notícia de jornal pode dar uma fabulosa aula de filosofia?!
A minha filha , a ver o programa riu-se e insultou o homem do pior, de tal forma que tive de me insurgir: Respeitinho que é um colega!
São colegas como este e o célebre da PROMOVA, que afirmou num anterior programa que a IGE o obrigava a dar positivas ( depois acto de contrição e dezenas de padres-nossos)que dão esta imagem triste de uma cultura de um grupo profissional.
O resto, o resto é que o colega era uma figura de cenário, estava ali a mais! Que raio parece que os professores que vão a estes programas são escolhidos a dedo: desnivelados, ou melhor, nivelados por baixo, sem poder de expressão, de comunicação, de cativação da opinião pública. Irra!
Charles Peirce
Regra geral, não creio que valha a pena responder a quem fala do que não sabe sem que, aparentemente, faça esforço por saber.
Abro uma excepção neste caso, para informar que o professor Aires Almeida - que não conheço pessoalmente - pela sua dedicação ao ensino da Filosofia, nomeadamente, como co-autor de um dos melhores manuais da disciplina que se fizeram até hoje neste país, marcou já milhares de alunos e neles fez germinar o gosto pelo conhecimento e pelo rigor.
De quantos dos que aqui escreveram se poderá dizer o mesmo?
P.S. E já agora: 1) as aulas de Filosofia são de 90m e não têm intervalo; 2)A partir das 16h 30m, Aires Almeida, como todos os outros professores, poderá gastar mais 4h a fazer um teste, mais 4 ou 5h a corrigir os testes de uma turma, as quais deverão ser multiplicadas por 5 ou 6, correspondentes ao número de turmas; 3) há ainda uma infinidade de horas que serão despendidas por quem ensina e se dedica ao conhecimento. Mas estas já devem chegar para refazerem as contas e, especialmente, as "opiniões".
Teresa Antunes
Os principais responsaveis pelo descalabro da educação e da sua qualidade são evidentemente a maioria dos professores.
A vossa lenga lenga é velha e até já chateia. Mudem de de frequencia e de tema e vejam se começam a ser pontuais, eficientes, competentes, educados , respeitadores e não manipulem crianças.
Depois de tudo isto cumprido cá estaremos para os elogiar.
Caro Miguel:
Percebi perfeitamente o que o Miguel quer dizer desde que um dia ouvi, num campo da bola, um bêbedo a dizer que os jogadores só trabalhavam 90 minutos por semana.
É preciso ser burro ou bêbedo para não perceber...
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