António Martins multiplicou-se em declarações — no congresso do sindicato dos juízes (impropriamente chamado de Congresso dos Juízes Portugueses) — contra a circunstância de juízes aceitarem cargos de confiança política.
Quem o ouvisse pensaria que António Martins tem atrás de si um passado exclusivamente dedicado à magistratura judicial e nunca deu um passo em falso em direcção ao pecado, ou seja, aos tais cargos de confiança política que ele tanto abomina. Mas realmente não é assim.
António Martins foi director adjunto da Polícia Judiciária — e justamente numa altura em que os factos se encarregaram de demonstrar a inconveniência do exercício de certos cargos pelos juízes (ou, pelo menos, por alguns juízes).
O seu companheiro de aventuras ex-judiciais, Fernando Negrão, acabou por criar uma das maiores polémicas entre a Polícia Judiciária e o Ministério Público, envolvendo-se numa história de violação do segredo de justiça, e foi salvo providencialmente pelo garantismo das leis, as quais não permitiram a utilização da gravação de uma conversa telefónica apresentada pelo procurador-geral da República. Negrão tomou de tal maneira o gosto após esta surtida que se tornou autarca, deputado e ministro, pontificando hoje no grupo parlamentar do maior partido da oposição.
Será este passo que faltou dar a António Martins que agora o atormenta? Ou está arrependido do seu passado de exercício de cargos de confiança política numa altura em que outros legitimamente criticavam essa actuação sem nunca a terem adoptado?
1 comentário :
Este e outros como ele , sindicalistas, debitam só para não estarem calados. A máxima de "olha para o que eu digo e não para o que eu faço" cai como uma luva nestes demagogicos da nossa praça.
Sem Socrates este País não se reforma, não sai da mediocridade, como não tem futuro.
O "fado" como canção nacional contribuiu para o choradinho, o coitadinho, para o saudosismo e para a pedincha. Não saímos disto por muitas voltas que se dê.Somos um Pais sempre adiado.
É necessario romper com o passado, mas forças corporativas instaladas não deixam, entre elas a da justiça é a mais forte.
Como exemplo, a construção de qualquer obra urgente e necessaria para o desenvolvimento do País, aparecem logo centenas senão milhares de especialistas, tecnicos, de varias procedencias, com canudo ou sem ele,jornalistas, comentadores,debates e mais debates,quando temina toda esta feira de vaidades, passaram 2 anos ou mais, muda o governo e este reinicia todo o processo de novo.
Enfim, é o tal vicio que esta impregnado nas nossas veias, passando todo o tempo a discutir, para que nada se faça.
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