quarta-feira, janeiro 28, 2009

Freeport [2]

Júlio Monteiro publicou hoje (ontem) um comunicado, do qual reproduzo o ponto 6:
    “6. Permitam-me, também, que diga que já no passado dia 7 de Janeiro, e com todo o espanto que possa causar, fui contactado telefonicamente pela jornalista Felícia Cabrita, que me confrontou, pela primeira vez, com a existência de uma investigação em curso em Inglaterra (na qual eu estava sob investigação, supostamente por indicação ou ligação ao Senhor Charles Smith), da qual constava o supra referido e-mail e a identificação de todas as empresas que eu detinha à data, incluindo duas offshore. Mais fui informado pela referida jornalista que a investigação iria prosseguir em Portugal brevemente.

    Estranhando tanta informação que me parecia ser confidencial, perguntei à referida jornalista qual a sua fonte, ao que se limitou a responder ser uma fonte muito segura. Foi-me sempre dito que esta conversa não estava a ser gravada e que o meu Advogado poderia contactá-la, se nisso tivesse interesse, mas apenas no final do dia seguinte, tendo em atenção que um familiar seu iria ser internado de manhã cedo para ser submetido a uma qualquer intervenção.

    Acrescento que no dia 22 de Janeiro, pelas 11h47m, fui contactado por uma jornalista, que me pareceu ser a mesma, porém de um número de telefone não identificado, afirmando que já sabia que a Polícia Judiciária estava em minha casa a efectuar buscas, e que o sabia porque tinha telefonado para a minha residência e conversado com uma empregada com sotaque brasileiro. Junto da empregada, de imediato, apurei que não tinha sido recebido qualquer telefonema nessa manhã.

    Mais quero referir que a gravação da conversa mantida no dia 23 de Janeiro com uma jornalista pelo intercomunicador da minha residência, e que foi divulgada pela Tvi na abertura do Jornal Nacional, não foi autorizada. No final desta conversa perguntei se a mesma tinha sido gravada, tendo-me sido informado que não.

    Lamentavelmente, utilizaram a gravação de uma conversa informal, cuja existência desconhecia, fazendo cortes para retirar as frases do contexto em que foram proferidas, agudizando a suspeita que, neste momento, recai sobre a minha pessoa e as minhas empresas.”
Pergunto:
    1. Como obteve Felícia Cabrita os elementos?
    2. O contacto com Júlio Monteiro no dia 7 de Janeiro não pode ter prejudicado as investigações?
    3. A jornalista da TVI que ligou para Júlio Monteiro, enquanto decorria a busca à sua residência, garantiu que havia sido a empregada a informá-la, embora esta negue que tenha recebido qualquer chamada telefónica. Como soube a TVI desta diligência?
    4. Se foi garantido a Júlio Monteiro que a conversa mantida pelo intercomunicador não havia sido gravada, como pôde ela ser transmitida pela TVI?
    5. Se a gravação de uma conversa informal foi ainda sujeita a “cortes para retirar as frases do contexto em que foram proferidas”, estamos ou não em presença de uma campanha suja?
    6. Se Felícia Cabrita já possuía elementos no dia 7 de Janeiro, por que esperou até ao dia 23 para dar conta das suas “investigações”?

13 comentários :

Anónimo disse...

É evidente que tudo isto é uma campanha porca e negra para atacar Sócrates. É impotante ouvir as palavras de Freitas do Amaral assim como é importante ouvir a inqualificável entrevista de Crespo da SIC a Silva Pereira.

Anónimo disse...

Felícia Cabrita?
Apesar de má jornalista não será das piores e nem sequer a única, porque afinal esses métodos são usados diáriamente, sim diariamente, na eterna luta pela verdade e liberdade de expressão que é o grande jornalismo português.
Deixo só uma pergunta.Como pode um incensado jornalista como o M.Crespo ter ilusões de ser considerado um tipo credível ou imparcial, quando não há muito tempo admitiu ter sido "pressionado" atraves de uma carta para o seu empregador vinda da PRepública? Juntando a isto o facto de o principal accionista ser militante nº1 do Psd? Não terá sido o Mário Crespo sensível à pressão exercida junto do seu empregador? Pelo seu comportamento e pelas datas em que se deram os factos ( a alegada pressão e o rebentar do "caso" Freeport), tudo leva a crer que sim.E porque será que este caso da "alegada" pressão vinda da PR não teve direito a nenhum Forum, Opinião Pública e Antena Aberta? nem nenhuma declaração de que estava em causa o "estado de direito democrático"?
É tudo estranho muito estranho...

Observe-se que esta não é a minha opinião, estou simplesmente a usar a mesma grelha de análise que repetidamente e todos os dias vejo nos media, nomeadamente por parte do M Crespo.
Basta um pouco de imaginação, um certo gosto pela sordidez e ter o nariz bem tapado.

Anónimo disse...

Quando só se contesta a forma, sem contestar o conteúdo, é porque o conteúdo não pode ser contestado e é dado como provado. É como dizer
" Eu roubei a fruta, o dono do pomar viu, mas o seu testemunho não é válido porque espreitou sem meu conhecimento" Palhaços vigaros.

Anónimo disse...

Meu Caro Miguel Abrantes,
Sou fã do seu blogue e, em muitos casos, concordo com o conteúdo dos posts.
Neste caso, a única questão que me parece curial é a nº 5: “Se a gravação de uma conversa informal foi sujeita a cortes para retirar as frases do contexto em que foram proferidas, estamos ou não em presença de uma campanha suja?”
Não me interessa como souberam dos factos. O que me interessa é que deles tomaram conhecimento e, felizmente, os divulgaram.
Não me importa quem gravou a conversa e se a jornalista declarou ou não que se procedia a esse registo. O que me interessa é o que o Monteiro afirmou.
Se prejudicaram ou não a investigação, isso não é o papel dos jornalistas, que consiste em informar.

Anónimo disse...

Mate-se a mensageira porque a mensagem não é boa para nós.

Anónimo disse...

Pois, pois...
Estamos a ficar preocupados.
A cambalhota argumentativa é excelente, pena que fique a dever à honestidade intelectual.

fado alexandrino. disse...

Depois da manchete do "24 Horas" porque é que não há uma alma caridosa para dizer a este "doente" que se cale.
Nunca vi na minha vida uma pessoa dizer tanta verdade inconveniente.

Miguel Abrantes disse...

Caro Fado:

Quais são as verdades inconvenientes?

Anónimo disse...

sim senhor gosto muito. tudo o resto associado ao caso não interessa. o que interessa é que uma tal jornalista descobriu uns podres de forma pouco ortodoxa. Na verdade basta olhar para os relatórios públicos e decretos-lei e alterações de decretos-lei para perceber que há demasiadas coincidências. não era preciso a peixeira da felícia cabrita.
mas isso de decertos-lei e ZPE dá muto trabalho não é?

Anónimo disse...

Já li por aí quem diga que a "jornalista" tem uma garganta muito funda e que gosta mesmo de ser campeã no cumprimento...,garganta essa que utiliza para engolir tudo e posteriormente cuspir esse massa viscosa carregada de maldade.

Neste contacto mais uma vez utiliza o mesmo metodo,( será viciada?),a boca e a garganta, mais uma vez deitou cá para fora o veneno que existe nesse corpo de víbora, baralhando e dando aso à mentira, à deturpação, à insidia e ao roubo da imagem e som de forma ilegal.

Anónimo disse...

Sendo hoje inequívoco que o segredo de justiça não vincula somente os agentes de investigação mas toda a gente, incluindo os jornalistas, e sendo evidente a maciça violação do dito desde o início da "cruzada Freeport", poderá saber-se quantos processos de inquérito foram já abertos para efeitos de procedimento disciplinar e penal?

Teófilo M. disse...

Tenho de admitir que até concordo que os jornalistas possam usar artimanhas para conseguir informações, agora pegar em conversas, gravá-las sem consentimento, truncá-las, publicá-las ou remetê-las para publicação é, para além de uma falta de ética que devia ser punida exemplarmente, uma pulhice tão ordinária que só o vernáculo do Norte pode ser utilizado para a sua descrição.

Sobre a Felícia Cabrita, tenho opinião formada há muito tempo, só tenho pena que que neste País os jornalistas possam ser tratados como inimputáveis.

fado alexandrino. disse...

Permita-me que tardiamente (não estive em casa) lhe responda.
Há duas verdades.
A da rua e aquela que as pessoas muito cultas e que sabem imenso de leis têm.
Raramente coincidem.
Acontece que há mais votos na rua do que nos outros.
Julgo que assim me fiz entender.