- “A crise actual está longe de se tornar numa desvantagem para as nações em desenvolvimento, pois estas passarão a ter uma participação muito maior nas instituições que regem a globalização económica. Assim que a poeira assente, a China, a Índia, o Brasil, a Coreia do Sul e mais uma mão cheia de outras nações "emergentes" estarão aptas a exercer uma maior influência na forma como são geridas as instituições económicas multilaterais e estarão numa melhor posição para impulsionar reformas que reflectem os seus interesses.”
- “ É por isso que Sócrates põe um sorriso quando explica algumas das coisas que fez, como salvou a Quimonda, como arranjou uma solução para os salários da Aerossoles ou uma solução para as pirites alentejanas. Propaganda? - Perguntem aos que lá trabalham.”
- «"É preciso deixar de lado as querelas" disse [Cavaco Silva] mais ou menos no local do discurso onde 48 horas antes tinha dito que estava abalado "o equilíbrio de poderes e o normal funcionamento das instituições da República". E passou às culpas de tudo isto: "A crise chegou quando Portugal regista oito anos consecutivos de afastamento em relação ao desenvolvimento médio dos seus parceiros europeus". Claro que antes houve dez anos de governo PSD em que, apesar da conjuntura mais favorável que Portugal teve desde a descoberta do caminho marítimo para a Índia, a nossa curva de desfasamento dos parceiros europeus foi não menos significativa. Apesar dos fundos estruturais, das indemnizações compensatórias e tudo o mais, Portugal não arrancou, mas arrancou-se a vinha e afundaram-se frotas de pesca. Tudo em troca de biliões de ECU. Que década inesquecível. Vai estar connosco por muito e muito tempo. Mas para quê trazer ao Ano Novo fantasmas de décadas passadas se podemos confinar todas as culpas a oitavas mais recentes? O pormenor da década de abastança e falta de crescimento ser dos governos de Cavaco Silva é circunstancial. O importante é que, por determinação presidencial, a sinistra oitava do nosso descontentamento é agora dos governos de Guterres, Durão, Santana e Sócrates. Esses são os culpados no cânone do Presidente que "deve falar a verdade". Só que ficou de fora da "verdade" a crise no BPN, o seu Conselheiro de Estado e a corrupção.»
- «A ilegalidade [auditoria do Tribunal de Contas ao Instituto Superior] resulta da "omissão de um dever legal", concretamente por não terem sido publicadas em Diário da República delegações de competências. O que não é bem o mesmo que alguém ter metido dinheiro ao bolso, mas parecia.
Os auditores formulam as "eventuais infracções financeiras" em termos juridicamente correctos, mas difíceis de interpretar por leigos. Daí confundirem-se estas infracções com verdadeiras fraudes. Mas o TC não pode ignorar, e o seu Presidente certamente sabe, que o que afirma tem ressonância pública e pode provocar prejuízos de imagem que nunca serão totalmente reparados.»
2 comentários :
O texto do Crespo está lá, na ferida. Gostava de ver o Pacheco a ter de falar sobre ele.
Valupi
Excelentes e elucidativos. Parabens aos seus autores.
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