sexta-feira, janeiro 30, 2009

Poderes (o)cultos





Perante o estado de descontrolo emocional de Pacheco Pereira, hesitei em escrever este post. Há sempre o risco de o filósofo da Marmeleira se vitimizar, invocando uma qualquer crise existencial, e depois os seus leitores ainda me crucificam se o autor do Abrupto for obrigado a uma cura de sono. Em todo o caso, arrisco.

Pacheco Pereira condescende que o processo Freeport teve início com uma conspiração: Veio a provar-se em tribunal que esta “campanhazinha negra”, discutida nos “encontros da Aroeira”, teve início com uma carta anónima elaborada por Zeferino Boal, candidato do CDS à presidência da Câmara de Alcochete e distinto representante do CDS no STAPE.

Foi com base nessa “denúncia anónima” que a Polícia Judiciária se pôs a investigar e enviou, em 2005, para as autoridades inglesas uma carta rogatória, cuja resposta chegou agora (segundo se diz no comunicado da PGR):
    Os alegados factos que a Polícia inglesa utiliza para colocar sob investigação cidadãos portugueses são aqueles que lhe foram transmitidos em 2005 com base numa denúncia anónima, numa fase embrionária da investigação, contendo hipóteses que até hoje não foi possível confirmar, pelo que não há suspeitas fundadas.”
A gritaria a que se assiste tem, portanto, por base uma “denúncia anónima”, com origem na maquinação congeminada nas vésperas das eleições legislativas em que Santana Lopes e Paulo Portas sofreram uma pesada derrota.

Ora é precisamente essa “denúncia anónima”, que esteve na base da “campanhazinha negra”, que agora serve a Pacheco (e a outros muchachos) para lançar e alimentar a campanha negra em curso.

Quando se esperaria que Pacheco Pereira denunciasse este remake da “campanhazinha negra”, o filósofo da Marmeleira opta por rosnar às canelas da vítima. Quando se esperaria que a direcção do PSD apontasse o dedo àqueles que, no seu seio, designadamente no grupo parlamentar, colaboraram nesta moscambilha, assiste-se a um silêncio cúmplice com os Karl Roves de trazer por casa.

PS — Há um pormenor desactualizado no comunicado da PGR: foi identificado em tribunal o autor da denúncia, pelo que, em rigor, já não se pode falar em denúncia anónima. Ela teve um rosto e propósitos precisos.

7 comentários :

Anónimo disse...

De realçar ontem na RTP N a entrevista a Proença de Carvalho onde ele lucidamente e de uma forma sucinta aponta precisamente este e outros factos.
Considerou ser incrivel numa investigação jornalistica não haver referência ao caso que esteve na origem disto tudo, tendo o mesmo sido julgado e cuja maior parte dos seus intervenientes continuam a "andar por aí".


Fez tambem referência a um grupo de comunicação que utiliza os seus diversos títulos para continuar a alimentar a campanha, revezando-se à vez e a conta-gotas
numa estafeta de "manipulação informativa" até às eleições.

A somar a isto tudo tambem temos a atribuição da nova licença de Televisão, cujo concurso poderá a quebrar a hegemonia de direita no status quo jornalístico actual.
E quanto a licenças de televisão o Proença de Carvalho teria muito mas muito a dizer...

O que é inegável é que com este "sistema" jornalístico qualquer Governo PS terá tendência a ser "decapitado", porque a informação serve para encobrir e não para descobrir, serve para atacar e desinformar a partir de uma ligação nefasta ao poder judicial e policial.

É com imensa frustração que vejo elementos de esquerda (não do BE a quem este mesmo sistema deu um pequeno palco para servir de oposição ao PS)nas pantalhas televisas todos mansos e sorrisos sem verve nem acutilância para dizer o que toda a gente pensa e sabem que se está a passar.

Anónimo disse...

Bom dia.
Se tudo isto se confirma é muito grave. que raio de país este, mas também que raio de promiscuidades, de clientelismos, etc., que nos levam a imaginar que tudo é possível.
algo que permitiria desmontar toda esta história, mostrar a conta bancária, num exercicio de transparência, aliás, perfeitamente normal para quem tenha um cargo público.

Aqueduto Livre disse...

Caro Miguel Abrantes,

Areosa, fica à saida do Porto e encontra-e, creio eu, no Concelho da Maia, onde viveu alguns anos Agustina Bessa Luís;

Aroeira fica no Concelho de Almada, paredes meias com a Verdizela/Seixal.

Penso, que os ditos encontros, ocorreram a sul, na Aroeira.

Cumprimentos,

José Albergaria

Miguel Abrantes disse...

Caro José Albergaria

Obrigado pela correcção. Se calhar, estava a pensar na Areosa por outra razão, onde estive esta semana umas poucas horas...

Anónimo disse...

Também tenho quase a certeza absoluta, para não dizer que tenho a certeza, que a foto do Zeferino não é do Zerefino.Parece-me que esse é o Torrão...

Anónimo disse...

Seja a denuncia anónima ou não e se os factos denunciados forem verdadeiros e provados!!

O mau da fita é o denunciante?

mais parecem carneiros lobotomizados...

Miguel Abrantes disse...

Quais factos verdadeiros e provados, caro anónimo?