segunda-feira, janeiro 19, 2009

TGV

Vital Moreira elenca aqui um conjunto de razões que justificam a construção do TGV. E recorda aqui um outro argumento a ter em conta: «Para além da sua dimensão económica, os transportes colectivos têm desde sempre uma dimensão de serviço público, pelas suas vantagens sociais e ambientais (esta especialmente no caso dos transportes ferroviários). É por isso que os transportes colectivos beneficiam em geral de um financiamento púbico, a título de "indemnização de serviço público".»

Fica aqui uma pequena achega:
    1.º Um dos aspectos que mais concorreu para o chamado “atraso” da economia portuguesa foi o país encontrar-se longe do centro da Europa. Não deverá aproveitar-se tudo o que contribua para “encurtar” essa distância?

    2.º Tem sido muito defendida, especialmente depois de o Presidente da República ter dado o mote, a questão de avaliar o custo/benefício do projecto. Alguém sabe qual é o custo/benefício da aquisição de submarinos, aprovada pelo Governo Barroso/Ferreira Leite/Portas? Se se sustenta que, nas questões militares, há um preço a pagar tendo em conta a defesa da soberania, não se deve raciocinar de igual modo tendo em conta a necessidade de uma aproximação ao centro da Europa para uma adequada estratégia de desenvolvimento (inserindo o país num projecto europeu de infra-estruturas)?

    3.º Considerando as mutações em curso, designadamente em relação às fontes de energia, alguém no seu perfeito juízo é capaz de estimar o tráfego ferroviário de passageiros e mercadorias daqui a 20 ou 30 anos com um mínimo de rigor? É preferível construir o TGV e concluir, mais tarde, que a procura é insuficiente ou abandonar o projecto e vir a verificar que isso concorreu para que Portugal se transformasse num país ainda mais periférico?

10 comentários :

Anónimo disse...

Prezado Miguel Abrantes

(1) Existem já um meio de encurtar essa distância que separa Portugal do centro da Europa: chama-se avião e existem diversos modelos de baixo custo e de grande autonomia que podem lançar linhas diárias de tráfego aéreo. Por exemplo, a Ryanair já tem uma linha diária entre Porto-Madrid; uma outra companhia privada lançou uma linha semanal entre Bragança-Paris e tem planos de expandir.

(2) O transporte aéreo está em vias de modificar os seus combustíveis por forma a reduzir a dependência dos combustíveis fósseis e reduzir o custo das viagens. Por exemplo, sabia que já é possível mover-se um avião a hidrogénio ou a GPL (sendo que este último é o produto residual da refinação do petróleo e pode ser aproveitado como combustível)?

(3) É muito mais barato para o Estado criar aeroportos do que linhas de comboio. O Estado apenas teria que abrir concurso para licenças e os privados teriam que suportar o custo da instalação e o aproveitamento da rede de transportes aéreos. Havendo mais licenças os privados poderiam explorar todo o mercado possível: desde linhas dentro de Portugal (faz falta uma ligação de baixo custo Porto-Lisboa), dentro da península ibérica e em relação à Europa central. Se ler o artigo de Coase "The problem of social cost" compreenderá que o mecanismo de mercado é a forma mais eficiente de explorar um determinado recurso.

(4) A instalação de aeroportos e o custo da aquisição dos aviões seriam muito mais vantajosos para o Estado - uma vez que caberiam na totalidade aos privados - e evitariam ensombrar os Governos com as acusações de cumplicidades entre empreiteiros e Governos para enriquecer meia dúzia de empresas à custa das obras públicas.

(5) Actualmente a Ryanair tem o monopólio de exploração da linha Porto-Madrid e é a principal linha Porto-Paris. O bilhete da primeira custa 50 euros e da segunda 100 euros. A viagem da primeira demora 50 minutos e da segunda 2 horas. Quem é que vai pagar 300 euros para ir de TGV para Madrid/Paris numa viagem que demorará o triplo ou mesmo o sextuplo?

Posto isto pergunto:

(a) Qual será a rentabilidade de uma linha que vai praticar preços que são o triplo ou o sextuplo de uma linha aérea e demoram o dobro ou triplo do tempo?

(b) Que beneficio tem o Estado em gastar milhões numa linha de rentabilidade duvidosa quando poderia transportar pessoas a custo zero (deixando aos privados o custo da exploração da linha e da amortização do investimento)?

Atenciosamente,

X

Anónimo disse...

Prezado Miguel Abrantes

(1) Existem já um meio de encurtar essa distância que separa Portugal do centro da Europa: chama-se avião e existem diversos modelos de baixo custo e de grande autonomia que podem lançar linhas diárias de tráfego aéreo. Por exemplo, a Ryanair já tem uma linha diária entre Porto-Madrid; uma outra companhia privada lançou uma linha semanal entre Bragança-Paris e tem planos de expandir.

(2) O transporte aéreo está em vias de modificar os seus combustíveis por forma a reduzir a dependência dos combustíveis fósseis e reduzir o custo das viagens. Por exemplo, sabia que já é possível mover-se um avião a hidrogénio ou a GPL (sendo que este último é o produto residual da refinação do petróleo e pode ser aproveitado como combustível)?

(3) É muito mais barato para o Estado criar aeroportos do que linhas de comboio. O Estado apenas teria que abrir concurso para licenças e os privados teriam que suportar o custo da instalação e o aproveitamento da rede de transportes aéreos. Havendo mais licenças os privados poderiam explorar todo o mercado possível: desde linhas dentro de Portugal (faz falta uma ligação de baixo custo Porto-Lisboa), dentro da península ibérica e em relação à Europa central. Se ler o artigo de Coase "The problem of social cost" compreenderá que o mecanismo de mercado é a forma mais eficiente de explorar um determinado recurso.

(4) A instalação de aeroportos e o custo da aquisição dos aviões seriam muito mais vantajosos para o Estado - uma vez que caberiam na totalidade aos privados - e evitariam ensombrar os Governos com as acusações de cumplicidades entre empreiteiros e Governos para enriquecer meia dúzia de empresas à custa das obras públicas.

(5) Actualmente a Ryanair tem o monopólio de exploração da linha Porto-Madrid e é a principal linha Porto-Paris. O bilhete da primeira custa 50 euros e da segunda 100 euros. A viagem da primeira demora 50 minutos e da segunda 2 horas. Quem é que vai pagar 300 euros para ir de TGV para Madrid/Paris numa viagem que demorará o triplo ou mesmo o sextuplo?

Posto isto pergunto:

(a) Qual será a rentabilidade de uma linha que vai praticar preços que são o triplo ou o sextuplo de uma linha aérea e demoram o dobro ou triplo do tempo?

(b) Que beneficio tem o Estado em gastar milhões numa linha de rentabilidade duvidosa quando poderia transportar pessoas a custo zero (deixando aos privados o custo da exploração da linha e da amortização do investimento)?

Atenciosamente,

X

Anónimo disse...

Só queria relembrar identicas polemicas sobre Metro de lisboa, ponte sobre o tejo, etc.

com mesmo tipo de critis aos ditos investimentos.

Relembro que em função disso,

o metro começou com 2 carruagens e em percursos minimos...


a ponte não teve componente ferroviaria,

com as consequencias tem ainda hoje...

abraço

fado alexandrino. disse...

É preferível construir o TGV e concluir, mais tarde, que a procura é insuficiente ou abandonar o projecto e vir a verificar que isso concorreu para que Portugal se transformasse num país ainda mais periférico?
A pergunta é excelente porque permite responder sem grandes necessidades de apresentar estudos esotéricos.
No primeiro caso o desastre é total, gastou-se o que havia e não havia para nada.
No segundo caso é sempre remediável.
É fazer, com a tecnologia que então será muito mais avançada e entrar no ritmo.

Anónimo disse...

Oh Fado, agora é paga em grande parte com fundos europeus. Depois só se fores tu a financiar. aquilo não é uma mercearia ...

Anónimo disse...

Oh Fado, agora é paga em grande parte com fundos europeus. Depois só se fores tu a financiar. aquilo não é uma mercearia ...

fado alexandrino. disse...

botton disse...

Agradecia-lhe que não me tratasse por tu, reservo isso à família.

Não percebi nada do que escreveu e lembro-lhe que a discussão centra-se em dois pontos:

A infra-estrutura e a exploração comercial.
Do primeiro parece pelos posts que será uma fatia paga por Bruxelas, outra por nós, e outra por eles.
Sobre a segunda a ideia que se tem é que não é viável.
Permita que lhe deixe um exemplo.

A uma família que não tem dinheiro para comer, dão mil euros.
O chefe da mesma resolve empregá-los na compra de um carro que segundo pensa alugará aos domingos aos vizinhos e assim julga realizar lucro.
Acontece que os vizinhos não lhe alugam o carro tão abundantemente como ele pensava e começa a não ter dinheiro para comprar gasolina.
E depois fica sem os mil euros e com um carro que não pode cortar às postas para comer.

Anónimo disse...

Para que mais discussões sobre um projecto que já está em andamento?Não foi o Governo de barroso que assinou o acordo à sua construção e que este governo alterou e aprovou em moldes mais baratos?

Para quê polemica se já hoje é tarde a sua construção?

Apelo ao Governo que não recue e avance conforme está previsto. É assim que os portugueses entendam a governação.

Portugal enferma de um grande mal, o perfil dos portugueses, na sua maioria são pessoas amorfas,retrogadas,que não arriscam, xicosespertos, servis e de tudo dizem mal.
Essa forma de estar na vida, tem origens muito remotas e que vem do nosso passado àrabe/latino.Não fod..nem deixam fod....
Eu pessoalmente não me revejo nesse perfil, razão pelo qual quero e desejo que o país ande em frente nesse e noutros dominios.
Bem hajam as pessoas que também assim pensam.

Anónimo disse...

o X perdeu a cabeça...
Você já meteu o pézinho num TGV?
Você já viajou num?

Homem tenha juizo...
Eu viajo frequentemente Londres-Bruxelas-Paris e bate o Aviao em tudo.
É mais barato, porque tal como o LOW COST os bilhetes com antecedência são baratissimos.
Cerca de de 50 euros ir e vir Londres-Paris.
Com a diferença que vai sentado tão confortável como na Primeira classe de um Aviao.
Se for em cima da hora sao 250 mas com o Aviao é igual.

Mas a diferença principal relaciona-se com o conforto.
Entrar no Oriente e sair na Gare du MIDI em Bruxelas não é a mesma coisa.
É entrar no centro da cidade e sair no centro da cidade. No intervalo pode levantar-se andar pelo comboio ir á cafetaria beber uma cerveja e ler o jornal ou ir até ao restaurante jantar.

Faz a diferença toda.


Esqueceu-se ainda de adicionar nos seus calculos as 2 horas de antecedência para chegar ao aeroporto e fazer check in que se practica em qualquer aeroporto da europa.

Mais 1 hora minimo para sair(bagagem,trasnporte para cidade) e de repente essa viagem a Paris ja demorou mais 3 horas.
Ou seja vamos em cerca de 6 Horas.
Pouco menos do que o TGV.


Quanto as suas propostas..

Aviões a gaz e hidrogenio???
Ou comboios a electricidade de enregias renovaveis?

Mais aeroportos?
Voce faz ideia quanto polui um aeroporto???
O da Portela em peak time polui o mesmo que a cidade toda. Ah pois é.

fado alexandrino. disse...

O senhor, inteligentemente, desviou-se do problema.
Não está aqui, nem em lado nenhum, a discussão do que é que é mais confortável se o TGV se o avião, nem quantas horas demora um ou outro, nem o problema do check-in, nem outras minudências.
O que está aqui em causa são os custos de um e de outro.
Ora no caso do avião e infelizmente vai-se construir um aeroporto desnecessário, não é o Estado que tem que comprar aviões, tripulações manutenção e pagar o combustível.
Isso compete às companhias que os operam as quais ainda vão ter que pagar as taxas de aeroporto.
No caso do TGV todos esses encargos são do estado e tem que lhe adicionar a infra-estrutura.
É sobre isto que se deve discutir.
Aguardo que me convença.