A palavra aos leitores

Hoje tive um dia de muito trabalho. O leitor Manuel T. enviou para o CC dois e-mails, que só agora estou em condições de publicar:

MEMÓRIA

Ainda estamos recordados do chinfrim que jornalistas, comentadores, analistas e croniqueiros, mais políticos baixos uns e não muito altos outros, fizeram quando Joaquim Pina Moura que só conheço de vista numa paragem em estação de serviço na auto-estrada, passou a presidir a empresa espanhola detentora da TVI – foguetório todo direccionado no sentido de o PS ter metido um comissário político nessa televisão, que, a partir daí e por isso, perderia independência, isenção, imparcialidade e a demais adjectivação que se usa para ilustrar leitor, ouvinte e telespectador sem opinião formada.

Entretanto essa televisão, com características muito próprias, continuou a ser como sempre foi, ADN que entretanto resolveu reforçar às sextas-feiras no telejornal apresentado e comentado pela Manuela Moura Guedes e dissecado entre o pormenor e a generalidade por Vasco Pulido Valente (duo inarrável de bom senso, lucidez e olhadela no espelho próprio - isso para além da malhadela imprescindível sobre Sócrates e o Governo, com ironias, tiques, sorrisos e linguarejar deveras interessante).

No decurso da presidência de Pina Moura, não consta que o homem alguma vez tenha interferido na informação ou produção da TVI – assim como não consta que os seus detractores, muito lestos aquando da sua nomeação para o cargo, tenham gasto uma vírgula a reconhecer esse posicionamento.

Hoje, depois de chamada na 1ª página, nos seus fundos o Público informa :”Homens do PS saem da administração da TVI” – título que, plagiando a Pide, lança ferrete sobre quem é do partido do Governo, e que, copiando o jornalismo português em voga, atira suspeita sobre o que estiveram a fazer nessa televisão em nome de interesses espanhóis.

O que nos vale é que amanhã é sábado e nunca é demais rever “O dia da Criação” de Vinícius de Morais - onde “precisamos ser lógicos, frequentemente dogmáticos/precisamos de encarar o problema das colocações morais e estéticas”…

Ah, é provável que, no próximo fim de semana, haja ocasião e motivo para tentar saber a quem se refere Sophia quando fala do abutre e do milhafre…



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PROBLEMA de PENAS

Quando há vários meses foi anunciado que Pina Moura iria presidir em Portugal a empresa espanhola que entretanto passara a dominar a TVI – desabaram muitas e diversificadas opiniões lusas, tratando o indigitado como controleiro e comissário político do PS governamental nessa televisão, e adivinhando machadadas diárias na independência e pluralismo desse canal.

O tempo passou e nenhuma dessas opiniões apareceu minima e sustentadamente comprovada por palavra, gesto ou acto de Pina Moura – o que não levou qualquer dos opinadores ao reconhecimento dessa não interferência (e a um “mea desculpa” que, também neste caso, aparece como atitude apenas própria de “gente maior”).

No decurso desse tempo, a direcção de informação da TVI resolveu oferecer-nos um espectáculo, quáse inarrável, no telejornal das sextas-feiras, com Manuel Moura Guedes dizendo e comentando notícias, e Vasco Pulido Valente abordando pormenores e generalidades – tudo isso entre tiques, ironias e linguarejares de duas personalidades sem espelho e por isso sem noção da figurinha pública que fazem.

Hoje, com chamada na primeira página e curto desenvolvimento em página interior, o Público fez saber que os “homens do PS” sairam da TVI – sugerindo, à laia da Pide, que a rapaziada afecta ao partido do governo tem uma qualquer doença que se espera limitada ao foro dermatológico, embora suficientemente à vista para merecer denúncia e repulsa, e insinuando que se torna mais respirável o ar dos sítios donde essa rapaziada é sacudida (embora no caso tivesse saído pelo seu próprio pé – como foi possível ler no “Público on line” da noite anterior)...

Algures – a procurar – Sophia viu o abutre alisar as penas e a esperar a hora de se lançar sobre as almas fracas e ingénuas...