domingo, fevereiro 08, 2009

Leituras

• Entrevista a Amartya Sen, Necesitamos una alianza entre el Estado y el mercado

• Fernanda Palma, O quarto de Locke:
    “É certo que na corrupção para acto lícito se pressupõe a falta de transparência e de imparcialidade da Administração. Mas, se ela não se revelar em factos, estamos caídos num Direito Penal de meras intenções e a adoptar uma atitude inquisitória, contra séculos de luzes.”
• Nuno Brederode Santos, A DAR À CAUDA:
    «E dei com "PSD acusa sondagens de manipulação política". No texto de Paula Sá, "o PSD tinha prometido que não iria reagir a sondagens. Mas não resistiu" perante a da SIC e RR de sexta-feira, também publicada no Expresso de sábado. Agostinho Branquinho, "director executivo das campanhas do partido," reage, em jeito varonil: "Ou há manipulação ou essas campanhas não são de confiança." Claro que já meio mundo assinalou a consistência desses números da Eurosondagem - ou da tendência que revelam - com os demais, da Aximagem e da Intercampus, revelados na mesma mãozinha cheia de quarenta e oito horas (fora da qual, até se lhe podiam juntar outros números e indícios). Mas o mais surpreendente é aquela disjuntiva. Ou há manipulação ou não são de confiança. À primeira vista, poder-se-ia até pensar que, havendo manipulação, seriam de confiança. Ou que só havendo a confiança, que é do seu pessoalíssimo e discricionário critério, é que uma sondagem está isenta de suspeitas de manipulação. O critério, reconheço, é tentador: tivesse-me eu lembrado dele e já me teria feito muito jeito nos cruzamentos anónimos da minha vida privada. Mas o facto é que nem me ocorreu e o mérito vai inteirinho para esse olhar vigilante de rapace com que Agostinho Branquinho observa o mundo à nossa volta. A coisa tem tradição: Santana Lopes, na campanha eleitoral em que o PSD se atolou e perdeu, chegou a notificar a humanidade de que iria processar judicialmente as agências que davam números parecidos.»
• Paul Krugman, Rescates financieros para incompetentes:
    “Mi respuesta a esta perspectiva es: ¿y? Si los contribuyentes están corriendo con los gastos del rescate de los bancos, ¿por qué no deberían obtener la propiedad, al menos hasta que aparezcan compradores privados? Pero la Administración de Obama parece estar partiéndose la cabeza para evitar este desenlace.”
• Robert Zoellick (presidente do Banco Mundial), La Edad de la Responsabilidad:
    “La sostenibilidad y la inclusión deben prevalecer sobre el enriquecimiento de unos pocos”.

2 comentários :

Anónimo disse...

Sócrates e o Meu Avô

O meu avô era pastor na serra do Barroso e com 14 anos emigrou para os EUA onde trabalhou nas estradas, à força da pá e da picareta. Um dia descobriu que destilar álcool dava mais dinheiro do que escavar estradas à mão e foi para Chicago onde se associou aos grupos anarquistas. Nos fundos da sua casa montou um alambique e fabricava aguardente que vendia aos gangsters. Quando regressou a Portugal, 30 anos depois, trazia dinheiro para viver dignamente e sem sobressaltos. Continuou a militar na ideia anarquista e a destilar bagaço, mas só para consumo pessoal.

O meu avô adorava dar-nos conselhos. Na razão inversa, espumava ódio contra Salazar e os ingleses. Porquê os ingleses, avô? E ele respondia: - são uns piratas! Tudo o que têm foi roubado. Desgraçaram Nicarágua, Porto Rico, Jamaica, Cuba, Haiti, Tortuga, Santo Domingo.

Enfim, os ingleses eram os piratas da América, quase todos corsários, ladrões das riquezas dos galeões espanhóis e dos pobres habitantes das suas colónias.

O meu avô dizia que a casa real britânica está sentada em cima de riquezas roubadas no corso, por desumanos piratas. Como ele era sábio e justo, ainda garoto eu já odiava o Salazar e os ingleses, por indução do meu avô. À medida que fui crescendo, percebi que ele tinha toda a razão. E quando na hora da morte me pediu que combatesse o regime do Salazar como ele havia feito, obedeci cegamente.

Um dia fui a Inglaterra para ver se o meu avô tinha razão no que dizia dos ingleses. Ao fim de dois dias apanhei o "overcraft" de regresso a França. Aquilo era bem pior do que pintava o meu avô. Vi quanto baste racistas, xenófobos e uns idiotas convencidos de uma superioridade que só mesmo a pirataria, o corso e o latrocínio podem justificar.

O Procurador-Geral da República tem a fibra do meu avô. Quando o oiço falar vejo nele um homem honrado, probo e competente. E tal como o velho Domingos Americano, assim chamavam ao meu avô, também ele, no seu trabalho ingente, tem de conviver com toda a espécie de gangsters e de piratas. A Procuradoria-Geral da República disse que no chamado "Caso Freeport" não há ninguém suspeito, deste ou de anteriores governos. E eu acredito no senhor Procurador-Geral da República como acreditava no meu avô.

Os empregados de Pinto Balsemão, que envergonham os cães sarnentos quanto mais os jornalistas honestos, andam filados em José Sócrates, a propósito do "Caso Freeport". A lebre foi levantada pela Felícia Cabrita, pessoa que até é das minhas relações mas que por isso mesmo não lhe dou o estatuto de "jornalista de investigação". Porque para chegar a esse grau, não basta ter convivido com jornalistas que já deram algum sentido a essa coisa altamente duvidosa que é o "jornalismo de investigação". De resto, isso para mim é uma aldrabice. Pura e simplesmente não existe. E sei do que falo, porque já tive esse rótulo, contra minha vontade, ainda que com assinalável êxito. Talvez um dia eu me disponha a contar as minhas investigações jornalísticas. As minhas e as do Celestino Amaral, meu companheiro dessas lides.

José Sócrates nem sequer é suspeito no "Caso Freeport", por muito que a Felícia Cabrita e os empregados de Balsemão andem a dizer o contrário. Tem tantas responsabilidades naquilo como eu, que nem sei onde fica o empreendimento.

Para mim, José Sócrates é como o Salazar. Quero combatê-lo de frente, com coragem, com determinação. Combato José Sócrates pelo mal que está a fazer aos professores, aos médicos, aos enfermeiros, aos militares, aos trabalhadores todos, com aquele Código do Trabalho que até envergonhava o ministro salazarista Baltazar Rebelo de Sousa. O mal que ele faz a centenas de milhares de famílias lançadas no desemprego.

Mas como é possível derrotá-lo, se a tropa de choque de Balsemão e de alguns banqueiros está a fazer dele um mártir? O socialismo cavaquista tem muitos argumentos para se manter no Poder. Não tarda, vem aí a troca do mártir. Os eleitores vão inundar José Sócrates de votos, para o compensarem pelo martírio. Pois se até eu estou do lado dele contra a canalha…
Artur Queiroz
Jornal Voz da Póvoa
http://www.vozdapovoa.com/noticia.asp?idEdicao=164&id=6752&idSeccao=1509&Action=noticia

Anónimo disse...

Eurico Tiago
O Banquete dos Banqueiros

Antes de abocanharem José Sócrates, os empregados de Balsemão e dos banqueiros andavam a morder os calcanhares ao governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio. Estranhamente, na cruzada contra o governador do Banco Central andava também metido o dr. Miguel Cadilhe, pessoa que já foi vítima dos malfeitores que se disfarçam de jornalistas e que, por isso mesmo, devia ter algum pudor antes de atirar com carne podre aos cães. Cadilhe diz que o Banco de Portugal só aceitou uma auditoria ao Banco Português de Negócios, depois dele levantar a lebre dos negócios escuríssimos. O Banco de Portugal diz que não, a decisão foi anterior.

O Dr. Cadilhe mandou à alcateia uma carta que prova a veracidade das posições defendidas pelo Banco de Portugal, mas como a dita carta tem uma data que convém ao banqueiro, Vítor Constâncio e António Marta foram logo estraçalhados pelos dentes aguçados da maralha.

Guterres avisou que isto estava um pântano. Não acreditaram nele, mesmo sabendo que se trata de alguém incapaz de mentir ou enganar os eleitores. Prestou um serviço inestimável ao país, quando recusou caucionar com a sua honradez o festim de banditismo que assentou arraiais em Portugal. Ninguém o ouviu, nem sequer o seu amigo José Sócrates, que agora está metido no pântano.

Eu não sou analista político, mas mesmo que fosse, não me acusava. O pior que me podia acontecer era ser confundido com aqueles sujeitos que têm a manjedoura posta na SIC Notícias e sujam papel nos jornais de “referência”. Ou com o inacreditável Marcelo Rebelo de Sousa, o único magano à superfície da terra que ganha fortunas para debitar baboseiras e uns lugares comuns na RTP, ante uma menina que, dizem as más línguas, é jornalista mas na sua intervenção dominical faz de plano de corte e mais nada. Não cometerei a deselegância de dizer que é uma espécie de vaca de presépio, mas o seu papel naquela fraude, no mínimo, deixa a sua honra profissional nas ruas da amargura. Professor, diga lá! E o professor dispara meia dúzia de palermices e dá cá uns milhares de contos.

Estão a perceber porque razão não quero ser confundido com essa gente. Eu para lhes ler o responso e denunciar as canalhices, não recebo nada e o que sai daqui é autêntico, verdadeiro e nunca encomendado. Nenhum banqueiro, nenhum patrão, mesmo Balsemão, tem dinheiro suficiente para me pagar a prosa e muito menos a honradez.

Mas começo a ficar preocupado com o pântano, porque isto começa a cheirar mesmo muito mal. O Banco Privado Português queria uns milhões valentes para tapar buracos. O Governo não foi na conversa. Sócrates está a ser destruído. O Banco de Portugal abandalhado.

Os banqueiros que antes arrotavam milhões, agora querem mamar à tripa forra na teta do Estado. O Governo não pode ir até onde os senhores banqueiros querem. Mas como eles são os donos das fontes donde brota a “informação negra” que anda a enfarruscar José Sócrates, assistimos a este espectáculo revoltante de meia dúzia de empregados de Balsemão e dos banqueiros destruírem alegre e irresponsavelmente um cidadão que ainda por cima é Primeiro-Ministro.

Isto começa a ser demasiado mau para ser verdadeiro. http://www.vozdapovoa.com/noticia.asp?idEdicao=164&id=6751&idSeccao=1509&Action=noticia