Nunca é de mais falar nas desigualdades. O Rui Tavares fá-lo no Público de hoje, mas não gostei do artigo por várias razões:
- 1. Não se percebe por que recorre a dados de origem desconhecida, quando estão disponíveis dados oficiais. Assim sendo, “o rendimento dos 20% da população com maior rendimento era 6,5 vezes o rendimento dos 20% da população com menor rendimento” (dados provisórios de 2007) — e não as “oito vezes” que é referido no artigo. Provavelmente, o Rui (e o Guardian) agarra-se a dados que foram posteriormente corrigidos por iniciativa do Eurostat.
2. Aliás, as desigualdades têm vindo a diminuir: a relação (e não a diferença) era de 6,9 em 2005 e de 6,8 em 2006.
3. Atendendo à nova série adoptada (a partir de 2004), verifica-se, pelo menos desde 1995, que o S80/20 não é de 8, tendo o valor mais alto sido de 7,5 em 1995 (último ano de Cavaco) e em 2003 (Governo de Barroso).
4. Face a estas dados, o Rui Tavares plana sobre as desigualdades, omitindo que, com a direita no poder, as desigualdades aumentam e, com o PS, tendem a reduzir-se (como é salientado pelo Rui Branco) — muito embora o combate às desigualdades tenha de prosseguir (a média europeia está em torno dos 4,5).
5. E este distanciamento em relação aos progressos feitos tem três consequências que são sublinhadas pelo Pedro Adão e Silva:
- “O problema é que de cada vez que se traz o tema para o topo da agenda política e ao mesmo tempo não se valoriza a dinâmica dos indicadores, [1] está-se a desvalorizar o papel das políticas públicas no combate às desigualdades e, não menos importante, [2] a secundarizar o que ainda assim já mudou em Portugal nos últimos anos. (…) [3] Não vejo como será possível criar uma coligação política e social robusta em torno desta questão enquanto se continuar a tratar mal os dados e a desvalorizar as políticas que já existem. Duas coisas que tendem a andar de mão dada.”
2 comentários :
Eh pá, os jornalistas economistas mais isentos que eu conheço são o Pedro Adão e Silva e o Peres Metelllo. Vê-se perfeitamente que não estão a defender nada nem ninguém, estão ali pela pureza da ciência e amor à sabedoria.
O Pedro não é economista garanto porque o via na minha escola onde não há disso
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