O pequeno grande arquitecto, que dirige agora o órgão oficioso do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, não digeriu ainda a herança da Revolução Francesa. Sabido que existem os poderes legislativo, executivo e judicial, Saraiva deu agora um grande contributo para a ciência política. Descobriu o poder presidencial.
Ouçamo-lo no seu melhor estilo [edição de ontem do Sol, p. 5]:
- “Disse-se que o PR não podia intervir neste caso porque isso poria em causa a independência dos poderes. Trata-se de um disparate. Há três poderes: o executivo, o legislativo e o judicial, que são o Governo, o Parlamento e a magistratura. Ora o PR está acima destes poderes. É o vértice do sistema, sendo por isso um órgão de soberania unipessoal, eleito directamente e por sufrágio universal. Aliás, é por estar acima dos outros poderes que pode demitir o Governo, dissolver o Parlamento e destituir o PGR.”
Também António Cluny, o agora presidente honorário do sindicato, talvez devido às passagens administrativas com que sacou o canudo, não aprendeu bem a lição constitucional. Seguindo o ensino do arquitecto Saraiva, diz ele, em entrevista à Tabu, que o procurador-geral da República depende da confiança do Presidente da República.
Acontece que a Constituição diz que há uma dupla dependência do Governo e do Presidente da República. É necessária a conjunção das duas vontades, quer para a nomeação, quer para a destituição, uma vez que é o primeiro-ministro a propor e o Presidente da República a nomear ou destituir.
Mas é bem evidente o significado destas confusões do Sol, órgão oficioso do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público. A verdade é que esta gente só gosta de democracia quando lhe convém. Quando as escolhas do povinho recaem sobre forças políticas que não são do seu agrado ou sobre líderes que não se dobram à sua vontade, sonham logo com um mirífico caudilho que os liberte de dificuldades.
A história recente de Portugal já deu um exemplo, quando, por inspiração de Ramalho Eanes, foi criado um partido “regenerador”, o PRD, que partiu o PS ao meio e abriu as portas a uma maioria de direita. O fim dessa aventura foi muito instrutivo: o dito PRD acabou por ser comprado pela extrema-direita portuguesa, que seria incapaz de recolher as assinaturas indispensáveis para a legalização de um partido, mas que mudou a sigla para PNR (esse das ovelhas negras e brancas), o nome do PRD e adaptou os estatutos em conformidade…
6 comentários :
Também António Cluny, o agora presidente honorário do sindicato, talvez devido às passagens administrativas com que sacou o canudo»»»»
Ai, ai, tantos licenciados, com passagens administrativas, em 74, 75,...ate 80, foi um fartote.
Zé Boné
Se a pulhisse pagasse impostos, esses, estariam carregados de dividas:
O primeiro levou o jornal à falencia para depois o vender a gente perigosa, além de nunca ter perdoado à democracia ter libertado este País do fascismo, está ao serviço da direita.
O 2º.,um revolucionario comun(d)ista, sempre foi um cavalo de troia do pcp no MP.
É perigoso porque não é inteligente. Como o seu QI lhe é desfavoravel profissionalmente, encaixou-se no sindicalismo profissional (aqui qualquer burro se safa) para poder sobreviver e assim ficar afastado dos processos judiciais.Isto porque não é do conhecimento publico que esse (magistrado do mp) tenha estado na barra a acusar quem quer que seja.
O que o publico conhece desse sr. é a sua exposição mediatica permanente para atacar os governos, em especial os do PS, como sabemos, inimigo principal abater para o pcp.
Está ao serviço da DIREITA E DO PCP. Sempre foi esta aliança a preferida de ambas as forças.
Esta enigmática atracção, concretizada em vários palcos políticos entre a direita e o pcp, deixa-me pensativo mas não incrédulo, já antes noutros tempos e lugares a santa aliança funcionou, para mal dos seus opositores.
xico ribeiro
A aliança Direita Pcp é o menos, a meu ver. Se a Direita estiver como penso que está mortalmente ferida de credibilidade. Em Portugal a imagem de credibilidade é fundamental para se ganhar votos centrais (http://tinyurl.com/cyu7e5) mas o PSD neste momento dificilmente vale 30% e o PP 5%. O que só coloca problemas ao PS se o crescimento do BE for claro. Mas eles autoexcluem-se da governação.
A credibilidade do PSD pode ser ainda menor se continuar apenas com estas duas mensagens políticas:
- eleger Durão Barroso;
- mandar bitaites sobre o FPort, na esperança que o povo acredite. Espero que o povo seja mesmo sábio.
Abraço,
Carlos
Boa análise ...
Do que eu conheço aplica-se isso, ou seja, o pcp alia-se ao psd, quando não tem maioria.
Esta situação passa-se no poder local, numa localidade conhecida por "ser" do pc.
Um abraço,
Fantas
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