À conversa com Miguel Tiago, deputado do PCP: as agressões de Vital, o papel dos funcionários do BE e o que mais se verá

A propósito deste post, Miguel Tiago prestou aos leitores do CC o seguinte esclarecimento (na caixa de comentários):

“Quando escrevi este twitt, o que se pode facilmente confirmar, ainda não tinha tido lugar esta coisa da agressão. Aliás, eu estava mesmo ao lado do VM e pude ver que não houve agressões, mas sim apupos e até alguns insultos.

Ora, no momento em que escrevi este twitt, ainda nem sequer se falava de agressões, nem mesmo dos insultos. Fi-lo como comentário ao facto de VM ter passado precisamente à minha frente, numa atitude claramente provocatória.

Assim, julgo óbvio que se torna abusivo dizer que as minhas palavras são um comentário à agressão, tendo em conta que elas precedem no tempo qualquer eventual agressão (que insisto não ter visto, estando eu mesmo ao lado) e que eu não detenho ainda o poder da adivinhação, nem da clarividência.”

As reflexões de Miguel Tiago no Twitter, passadas a escrito durante a manifestação do 1.º de Maio, são interessantes:

1. O João, na caixa de comentários, já pôs em relevo as contradições de Miguel Tiago sobre as agressões a Vital Moreira.

2. O PS aceita o convite da CGTP para participar na manifestação e o deputado Miguel Tiago aparece a sustentar que a presença da delegação do PS é uma provocação.

3. Depois de Vital Moreira ter sido agredido, como os todos os órgãos de comunicação social relatam (salvo o Público, que fala em “ofensas pessoais e água”), a reacção de Miguel Tiago foi esta: “vital moreira é que agride os trabalhadores portugueses há muito tempo!”

4. Nesta altura, Jerónimo de Sousa ainda não dera a orientação para ignorar a agressão a Vital Moreira [“Não vou comentar aquilo que não vi”] e Miguel Tiago procura justificar o injustificável: “não justificando actos de agressão, não podemos ignorar o que o ps de vital tem feito aos trabalhadores!”

5. De caminho, Miguel Tiago reconhece inadvertidamente que as manifestações “espontâneas” contra José Sócrates, um pouco por todo o país, não são feitas por gente anónima, mas por militantes do PCP enviados para os locais onde se desloca o primeiro-ministro: “era bom que o ps também respeitasse os meus camaradas que defendem os seus direitos e acabam nas esquadras e tribunais”.

6. E não se julgue que o deputado Miguel Tiago, ao escrever nestes termos no Twitter, está perturbado: “vou retirar-me antes que a emoção me impeça de ver as coisas com serenidade.”

7. Mas, afinal de contas, Miguel Tiago não se retira, porque ainda pretende insinuar que Vital Moreira, que havia sido convidado, se deslocou à manifestação para afastar os holofotes de Carvalho da Silva: “o que inventam para esconder a grandiosa manif da inter”.

8. Depois de Jerónimo ter dado o mote para ignorar as agressões, já não há dúvidas: “é altura de pôr fim a esta palhaçada. Vital faz isto para se beneficiar. e foi ali para provocar”.

9. Mas como a realidade entra pelos ecrãs adentro, Miguel Tiago encerra a sua memorável participação na manifestação (relatada através do Twitter) a responsabilizar o Bloco de Esquerda: “aliás, funcionários do Bloco surgem a apupar e insultar tanto como os restantes manifestantes - é bem visível na TV”.

10. Lê-se tudo o que o deputado Miguel Tiago escreve e vê-se que ele balança entre a negação das agressões e o reconhecimento de um puxão no casaco de Vital Moreira (situação captada pelas televisões já quando o candidato do PS procurava afastar-se dos agressores).

Talvez o PCP esteja a ser tratado com uma tolerância que não se justifica.