sexta-feira, maio 22, 2009

A ignorância é muito atrevida

A Sr.ª Guedes e Vasco Pulido Valente continuam a falar do que não sabem. São perfeitamente capazes de estar dez minutos ou mais a discutir, opinar, atirar "postas de pescada" e fazer as mais variadas acusações sobre assuntos que, de todo em todo, desconhecem. Foi o que aconteceu — mais uma vez — no Jornal Nacional de hoje, na TVI.

Ocuparam-se longamente a estabelecer paralelismos entre o escândalo das despesas apresentadas pelos deputados britânicos e a realidade política nacional. Esquecendo-se de um pequeníssimo pormenor: é que não há analogia nenhuma, mas absolutamente nenhuma, entre as duas situações que permita estabelecer qualquer paralelismo. E porquê? Por um simples razão: é que, em Portugal, os deputados não apresentam despesas ao Parlamento susceptíveis de reembolso. Esse sistema, que existe no Reino Unido, não existe em Portugal. Logo, nada de semelhante se podia passar em Portugal. Não se podia passar e, portanto, obviamente não se passou.

O que não impediu a dupla Manela & Vasco de produzir afirmações como estas: “Ó Manela, por cá estas coisas só não se sabem porque não há registos; no Reino Unido fica tudo registado, o que permite a accountability; mas cá nunca fica registo de nada, o que não permite o controlo”, ou então “Ó Vasco, registos até há, mas há é um sistema de total impunidade, ninguém quer saber”. Em momento algum passou pela cabeça destas alminhas que em Portugal não vigora o sistema que, no Reino Unido, permitiu a ocorrência do dito escândalo.

O que até não admira, já que a Manuela Moura Guedes, por exemplo, passou o tempo todo a referir-se, não à apresentação de despesas para reembolso, mas às declarações de rendimentos dos políticos. Ora, para além de ter dito uma série de falsidades sobre o assunto (“os políticos podem entregar a declaração ou não, consoante queiram”; “o Tribunal Constitucional não controla”), a verdade é que uma coisa são as declarações de rendimentos, outra coisa — totalmente diferente — é o reembolso de despesas apresentadas pelos deputados (algo que, repito, não sucede em Portugal). Em suma, uma coisa não tem absolutamente nada a ver com a outra. Logo, não se podem estabelecer paralelismos entre elas. É como comparar iogurtes com panteras...

Mas o mais impressionante de toda esta história é o seguinte: no Reino Unido verificou-se o escândalo que todos conhecemos; em Portugal não houve (nem podia haver, como ficou demonstrado) nada de semelhante. Apesar disso, Manela & Vasco conseguiram passar dez minutos a elogiar o sistema britânico por permitir uma grande fiscalização e accountability e a criticar o sistema português por, alegadamente, ser laxista e conferir impunidade aos políticos…

A ignorância é muito atrevida.

7 comentários :

Anónimo disse...

Afina, qual é o sistema que vigora em Portugal?

Anónimo disse...

Porra
A senhora ficou com o botox todo lixado depois de entrevistar o Marinho

Este homem é danado para a brincadeira, como dizia o outro

Arrasou

Anónimo disse...

Realmente tenho de concordar consigo : "não há analogia nenhuma, mas absolutamente nenhuma, entre as duas situações que permita estabelecer qualquer paralelismo"

Isso é uma verdade, não ha paralelismo, por uma simples razão. É que em Inglaterra quando se descobre o escândalo, há demissões, renuncias a cragos etc, tal como se pode ver : http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=1237721

Em Portugal nada acontece, bastará para tal, verificar o que se passou com a situação das viagens fantasma dos nossos ilustres deputados. Nada aconteceu, ficou tuo abafado, tirando um desgraçado que foi condenado, e que nem se sabe que é, para enganar o povo.

É por isto que não pode haver paralelismo algum.

António Rodrigues

Renato_Seara disse...

100% de acordo consigo

Anónimo disse...

Em Inglaterra prestam-se contas e demitem-se deputados. Em Portugal tivemos as "viagens fantasma" e serão capazes de me recordar se alguém foi penalizado? Sr. Abranónimo, dê a cara para que se saiba quem serve e de quem se alimenta. Senão cale-se.

Anónimo disse...

Sr Anónimo

Mas será que se sente assim tão atingido? Será que em Portugal não se pode falar, dizer a verdade. Doi assim tanto recordar e falar da podridão da República?

Respondo-lhe ao resto com o seguinte texto do Manule Meirinho, Porque não gosto de perder 1 segundo da Minha existência com psudo democratas,

"Ao "senhor anónimo" supra...se ler este comentário.
O senhor deve à civilidade tudo aquilo que ela lhe pode ensinar. Quem será ele "anónimo"? Grande curandeiro? Grande solucionador? Grande e único representante dos não-palermas? Grande juíz dos que podem falar e dos que não podem? Que juíz será? Será o juíz supremo com saber tal para discernir, só ele, o que desvaloriza e mina a "nossa" democracia? Em que democracia vive tal juíz para fazer comentários como este. Será a "democracia dos anónimos" onde todos são bons sábios que rejeitam a sua própria existência? De onde lhe vem a ciência, a proficiência e a autoridade para mandar calar os outros?
Se ao seu espelho se visse veria que vive na pior das democracias. A "democracia dos anónimos". Nem os piores deuses se lembrariam de um comentário destes.
Receba um abraço de um homem não anónimo".

António Rodrigues

horacio disse...

Nada permite afirmar que o sistema inglês seja melhor que o português. Antes pelo contrário. A D. Manuela e o DR. Vasco limitam-se a aproveitar tudo para atacar a democracia portuguesa.