terça-feira, junho 23, 2009

Vale tudo — até arrancar olhos

No editorial do Público de ontem, José Manuel Fernandes escreve:
    "[...] No exame de Português de 12º ano, para alunos que vão entrar no ensino superior, entendeu-se necessário colocar um apêndice com um "vocabulário", não fosse a rapaziada desconhecer o sentido de palavras como "ébano", "saciado", "temor", "carregadores", "fardos", "grilhetas", ou "sumiu-se". É de ficar estarrecido: recordo-me de, ainda na instrução primária, numa prova de ditado, me terem ensinado o significado de "cerro", que nunca mais esqueci. Estou a falar de instrução primária, que era obrigatória quando estudei. Mais: o vocabulário destinava-se a que os alunos pudessem interpretar uma passagem do conto de Sophia de Mello Breyner Andresen Os Três Reis do Oriente, uma obra que o site online da Bertrand recomenda para leitores de 6 a 10 anos... [...]"
O Gabinete de Avaliação Educacional do Ministério da Educação desmonta o enredo de Fernandes, o especialista instantâneo em educação:
    “Contrariamente ao que o texto acima faz supor, trata-se, não da prova de Português do 12º ano (639), mas sim da prova de Português para alunos com deficiência auditiva de grau severo ou profundo (239), na qual a inclusão de vocabulário é essencial. O aludido conto de Sophia de Mello Breyner Andresen está inserido numa colecção, Contos Exemplares, de leitura obrigatória, de acordo com o programa que corresponde à prova 239.”
[Via João Galamba]

5 comentários :

António P. disse...

A confirmação da desonestidade intelectual do Sr. Fernandes.
Cumprimentos

Anónimo disse...

Neste caso, o que nem sempre acontece, tem toda a razão e o director do público deve um pedido de desculpas.
Aliás, tenho acompanhado os exames do 12º ano e não me parece que seja ajustada a crítica de facilitismo.

sr. indivíduo disse...

O sr. Fernandes, como qualquer jornalista que se preze, deveria ter confirmado as informações antes de ter escrito as asneiras que escreveu.

Mas o ódio cega as pessoas, torna-as irracionais.

Se o sr. Director se comporta assim, com duvidoso respeito pela deontologia profissional -- qual mercenário obcecado com a sua cruzada --, que farão os seus colaboradores, os seus subordinados? Que exemplo dá este homem aos estagiários, a quem está a aprender?

Sugestão: compilem os textos do sr. Fernandes e forneçam-nos aos estudantes de Jornalismo como o "MANUAL DO QUE NÃO SE DEVE FAZER".

Ao menos, que se encontre alguma utilidade nesta antologia de atoardas.

Anónimo disse...

... o senhor director tem 'deficiência deontológica de grau severo ou profundo' ...

Anónimo disse...

... o senhor director padece de 'deficiência deontológica de grau severo ou profundo' ...