- “(…) o PSD prepara, incólume, a sua hipotética ascensão ao poder. Revelando, desde já, uma confiança ilimitada na escolha dos eleitores, o partido começou por recuperar do anonimato, onde ele repousava em descanso, o dr. Aguiar Branco e a sua verve inconfundível. Em poucas semanas, este apagado ministro de Santana Lopes passou a ser chamado diariamente para dar a voz pela direcção do PSD, umas vezes para desmentir Paulo Rangel, que tinha defendido uma hipotética coligação com o CDS, outras para debitar umas teses sobre a junção das polícias que, presume-se, venham a ter lugar de destaque nas propostas que o partido irá apresentar ao país. E daí talvez não! Porque o programa do PSD está em risco de se transformar num dos maiores mistérios da próxima campanha eleitoral.
Ainda há uns dias, a drª. Ferreira Leite ameaçou 'rasgar e romper' com todas as soluções adoptadas por este Governo. Enquanto o país, dando largas à imaginação, tentava assimilar as consequências fulminantes desta inesperada ruptura, eis que lhe aparece, pela frente, o dr. Borges a explicar, cheio de moderação, que uma vez no poder o PSD não iria 'riscar' tudo o que foi feito até aqui. É o que se chama a ruptura dentro da continuidade: rompe, rasga mas não risca. Contraditório? No mínimo. Só que agora ninguém regista.”
- “Um dia, quando a sensatez chegar, quando a nossa frota automóvel estiver pejada de carros eléctricos sem ruído e sem emitir gases tóxicos, saber-se-á que foi um senhor chamado Manuel Pinho, o grande propulsor da nova era. Despedido com justa causa porque enviou um par de cornos a uma criatura qualquer.”
- “Os outros partidos, poderão ter uma presença maior ou menor na Assembleia da República, mas não têm qualquer probabilidade de participar na escolha do Governo. Ninguém tem mais pena do que eu, desta situação. Nos últimos anos, com efeito, empenhei-me em estabelecer pontes e convergências à Esquerda, que se revelaram impossíveis. A culpa não será exclusiva de ninguém. É certo. Mas cabe, maioritariamente, ao Bloco e ao PCP, que com crescente agressividade - e em competição - fustigaram quase exclusivamente o PS e, em especial, Sócrates. Para quê? Respondo: oxalá não seja para dar a vitória ao PSD ou para tornar o País dificilmente governável. Se isso vier a acontecer - espero que não - poucos meses depois, serão os primeiros a arrepender-se. Porque, ao contrário do que dizem, PS e PSD são muito diferentes no exercício do poder.”
- “(…) Portugal está longe de ser um dos países da UE com a carga fiscal mais elevada. De acordo com um relatório da Comissão, há 14 Estados membros com um peso dos impostos no PIB superior ao nosso. Enquanto a média europeia é de 39,8%, Portugal apresenta um valor de 36,8% - bem longe dos 48,7% da Dinamarca ou dos 48,3% da Suécia e inferior aos restantes países da Europa do Sul com quem normalmente comparamos (Espanha e Itália). (…) Quais são então as razões para que em Portugal esteja tão disseminada a ideia de que pagamos muitos impostos? Muito provavelmente o que faz toda a diferença é a percepção de que, nuns casos, a capacidade redistributiva do sistema fiscal é grande, noutros ela revela-se menos eficaz e assenta apenas no esforço contributivo de alguns. (…) Ora, conjuntamente com as políticas de mínimos sociais, a utilização do sistema fiscal é uma das formas mais eficazes de compensar desigualdades de rendimentos excessivas, formadas no mercado.”
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