- ‘Há dias, escrevi sobre um blog de revolucionários da tanga, defendido por Pacheco Pereira como claro de opinião.’
- ‘Os nossos agentes políticos e os cidadãos estão à vontade nesse tipo de debates, não porque estejam de acordo sobre aquilo que a justiça social significa em detalhe e implica em termos práticos, mas porque conhecem a linguagem e muitos dos conceitos usados. O mesmo não se passa quando se trata de compreender movimentos sociais e reivindicações menos "materiais" e mais simbólicas, como as ligadas à afirmação da identidade de grupos diferenciados pela cultura, pela religião e pelo sexo ou género. Este tipo de reivindicações não parece ser facilmente captável pelo conceito de justiça e por isso pode parecer algo estranho e difícil de entender.
Na Teoria Política contemporânea usa-se normalmente o conceito de reconhecimento para pensar este segundo grupo de questões. Este conceito tem a sua origem intelectual em Hegel e tem sido usado de formas distintas por diversos pensadores contemporâneos (Ch. Taylor, A. Honneth, N. Fraser, etc.). O reconhecimento não tem directamente a ver com a distribuição de bens materiais, como a justiça social, mas com a atribuição de valor simbólico aos indivíduos e grupos nos quais eles se inserem. Assim, o reconhecimento implica a identificação da diferença dos grupos - por exemplo, as minorias étnicas e religiosas, mulheres, homossexuais - mas também a necessidade de atribuir um valor igual e positivo a essa diferença (e não um valor negativo, conducente a um reconhecimento negativo).’
- ‘Não posso deixar de citar um discurso que Lawrence Summers, então vice-secretário do Tesouro (e agora o principal economista da equipa de Obama), proferiu em 1999: "Se perguntarem por que razão o sistema financeiro dos EUA tem êxito, pelo menos na minha interpretação da história, é porque não há inovação mais importante que a dos princípios contabilísticos geralmente aceites; isso significa que cada investidor pode consultar dados apresentados segundo uma base comparável; que há disciplina por parte dos órgãos de gestão das empresas quanto ao modo de relatarem e fiscalizarem as suas actividades."’
- ‘O problema reside sobretudo no pacto de estabilidade e crescimento que já havia falhado na anterior recessão. Reformado em 2005, tornou-se desde então mais flexível. Mas quando a crise financeira rebentou, perdeu a sua sustentação. O problema não reside, ao contrário do que tem sido dito, no facto de os países terem défices orçamentais superiores a 3% do PIB. Trata-se de algo perfeitamente normal durante uma crise, mesmo nos termos do pacto existente. O problema reside na dificuldade em coordenar estratégias de saída vinculativas entre os estados membros. O pacto prende-se com procedimentos e a Grécia não seguiu os procedimentos de boa fé. E o mesmo aconteceu com outros estados membros, incluindo a França.’
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