sexta-feira, março 05, 2010

Leituras [1]

• Paul Krugman, Desafio final da reforma financeira:
    Muitos opositores da versão da reforma bancária proposta pela Câmara dos Representantes apresentam-se como defensores de uma posição de princípio. Os republicanos do Congresso, disponibilizando uma proposta alternativa, declaram que acabariam com os excessos da banca por meio da introdução da "disciplina do mercado" - ou seja, em essência, prometem não socorrer a banca no futuro. Mas isso é uma fantasia. Logo, para começar, é sabido que os governos, sempre que as coisas dão para o torto, acabam por socorrer as principais instituições financeiras. Em termos mais gerais, confiar na magia do mercado como forma de garantir a segurança dos bancos tem sido sempre uma receita para a desgraça. Até Adam Smith o sabia. Ele pode ter sido o pai da economia de mercado, mas defendeu sempre que a regulamentação do sector bancário era tão importante como a de códigos de incêndios nas edificações urbanas e apelou à proibição da concessão de empréstimos de alto risco e juros altos, a versão do subprime do século xviii. Essa lição foi confirmada e reconfirmada sucessivamente, do pânico de 1873 à actual situação islandesa.

    (…)

    A única maneira de os consumidores ficarem protegidos durante a vigência de futuras administrações anti-regulamentação - e não tenhamos ilusões de que, dado o poder do lóbi financeiro, as haverá -, é haver um organismo cuja única razão de existir seja policiar os abusos da banca.
• Bradford Cornell, A pobreza de estímulos:
    A maioria dos economistas pensa que as desordens macroeconómicas, como a actual recessão, podem ser entendidas em termos dos indicadores agregados, como o emprego total, o nível de preços e a oferta monetária. Mas esta visão é enganadora, principalmente, na actual situação económica. Para piorar, essa visão leva-nos a políticas económicas contraproducentes.

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