- 'Em Portugal, a esquerda radical - Bloco de Esquerda e PCP - são partidos de mero protesto, que não se entendem entre si. Até aí, tudo bem. O pior é que elegeram o PS seu inimigo principal - mais talvez o Bloco de Esquerda do que o PCP - e querem derrubá-lo do poder, a qualquer preço, ignorando os resultados eleitorais das últimas eleições legislativas e autárquicas. Não recuam nesse objectivo e, quando necessário, aliam-se objectivamente com a direita, por mais calceteira que seja. Onde querem chegar? Têm alguma estratégia alternativa a apresentar? As respostas são difíceis.
O PCP é talvez um pouco mais moderado que o Bloco. Mas nunca fez a autocrítica dos longos anos de estalinismo militante - como se nada se tivesse passado no "paraíso vermelho" dos gulags... Álvaro Cunhal continua a ser a sua referência principal, embora tentem esquecer a sua flexibilidade táctica e estratégica. Contudo, os discípulos estão muito longe do mestre, não lhe chegam aos calcanhares e não passam de simples epígonos. Continuam no seu bunker, sem qualquer estratégia de poder, com a filosofia de que "atrás do tempo, tempo vem". Por agora parece que o protesto é tudo quanto desejam…
E o Bloco que parecia ser um partido com a ambição de ser a esquerda do PS... Paulatinamente, tem vindo a tornar-se, com a sua agressividade verbal, num partido também de mero protesto, sem alternativa de poder a oferecer aos portugueses e com laivos suspeitos de trotskismo. Parece ter querido roubar uma fatia do eleitorado ao PS - uma ilusão que está a desfazer-se, como as últimas eleições demonstraram - e que, se continuar com a agressividade que nos últimos tempos tem demonstrado, pode vir a ser o contrário que suceda. Não deixa de ser irónico. Talvez se lembrem os mais velhos que o PS gritava nas ruas, no tempo do PREC: "Quanto mais a luta aquece, mais força tem o PS…" Pensem nisso. Os portugueses - e o povo de esquerda, em especial - não costumam deixar-se enganar nos momentos cruciais.'
1 comentário :
O Miguel Abrantes só transcreveu as palavras que lhe interessavam.
Mas Soares tambem escreveu no mesmo artigo:
"(...) Pelo contrário, os gestores continuam a receber vencimentos milionários; os provadamente responsáveis pela crise permanecem impunes; os banqueiros têm os mesmos - ou maiores - rendimentos do passado; os comentadores de serviço sabem mesmo que tudo permanece na mesma ou quase. À excepção dos desempregados, que aumentam, dos trabalhadores precários que não têm condições de segurança; dos pobres abaixo do rendimento mínimo. Bem como são, cada vez maiores, as desigualdades sociais. O que põe em causa a coesão social e a tranquilidade política do País. (...)"
Fosse o Alegre ou o Seguro e já tinham sido objecto de crítica...
Dois pesos e duas medidas?
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