Pelas declarações dos dirigentes máximos dos sindicalistas, somos levados a crer que abriu um concurso para ver quem é capaz de dizer o maior disparate. Eis dois exemplos:
Carlos Garcia, dirigente da Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal (ASFIC), propõe que o director nacional da Polícia Judiciária deixe de ser nomeado pelo Governo. Pelos vistos, acha que deve ser eleito pela Assembleia da República, para garantir a sua plena partidarização. Ou então designado pelo Presidente da República, para deixar de depender funcionalmente do Ministério Público no inquérito.
Melhor ainda disse o presidente Martins do sindicato dos juízes. Então não é que o juiz desembargador propôs a extinção da Ordem dos Advogados? Já não basta a exigência da demissão do bastonário Marinho Pinto ou qualquer medida avulsa. É necessário mesmo a extinção do órgão da classe. Observadores bem informados garantem que o passo seguinte será a proibição do exercício da advocacia…
Ora o recato que os magistrados tradicionalmente cultivam tem uma razão forte de existir: evitar que desçam da nuvem etérea em que se colocam e, desta forma, melhor conheçamos quem aplica a justiça neste país. Mutatis mutandis se diga sobre os responsáveis pela investigação criminal. Quem leia estas e estas declarações — e não seja candidato a aprendiz de Torquemada —, dificilmente evitará sentir um arrepio na espinha. Bem esteve Marinho Pinto em denunciar a falta de cultura democrática de alguns dos nossos juízes. Infelizmente, está demasiado sozinho.
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