- ‘Julgo que é bom aproveitar as arrumações de Verão, esta espécie de paragem ilusória do tempo, ou mesmo de regresso momentâneo ao nosso passado íntimo, para arrumar também as ideias em relação ao país e ao modo como o comentamos. Muito do que tenho visto esta semana na opinião publicada parece vir de pessoas que não fizeram as suas arrumações de Verão. Há quem diga que nunca o país atingiu os actuais níveis de incompetência e corrupção. Há quem afirme peremptoriamente que já não temos governo. Há quem sugira que "Portugal não devia existir" (sic). Mas aqueles que repetem estes lugares-comuns de pessimismo sem memória - o que "está a dar" neste momento - são capazes de embarcar num optimismo igualmente ingénuo sempre que confrontados com a ilusão da mudança, especialmente se aqueles que se propõem "mudar" são os seus amigos políticos.
Os comentadores que assim procedem apenas reproduzem acriticamente os sentimentos difusos que tinham a obrigação de analisar. Na minha opinião, os leitores merecem melhor.’
2 comentários :
Concordo com esta análise. Há o Portugal real, que está a fazer pela vida, para ultrapassar as dificuldes estruturais, e tambem as que nos foram criadas pela direita financeira,e o outro, o virtual que é o dos Jornais, que aguarda por "governantes" que que lhes resolvam os problemas financeiros,explorando as suas fragilidades politicas,para vender Papel.Para conseguir esses "financiadores", arranjam "paineleiros" que se disponham, a fazer o papel de lebres. Os portugueses não são estúpidos, e sabeM distinguir entre a boa e a má moeda.
Acrescentaria também aqueles com um optimismo militante (contra o negativismo), cheios de determinação, que sentem o principio do fim da crise desde há 1 ano (quando conseguiram aperceber-se do inicio da mesma), que na subida do desempregam notam uma diminuição da velocidade de crescimento do mesmo, que aplaudem o aumento das exportações mas não notam o aumento das importações com agravamento do deficit da balança de pagamentos, que se auto-elogiam por crescimentos marginais do PIB que nos afastam cada vez mais da Europa, e que “…são capazes de embarcar num…” pessimismo “…igualmente ingénuo sempre que confrontados com a…” “…mudança, especialmente se aqueles que se propõem "mudar" são os seus …” adversários políticos…
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