domingo, setembro 26, 2010

Vale tudo (até tirar olhos)



A Direcção da Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE) foi recebida, há dias, pelo Presidente da República. Provavelmente, António Pinto Leite, presidente da Direcção, terá transmitido a Cavaco a “visão” por que se rege a ACEGE: “Queremos ser vistos como uma referência moral na sociedade portuguesa, contribuindo através de uma atitude frontal de afirmação e esclarecimento, para fortalecer a sociedade civil, ajudando a difundir uma cultura de responsabilidade.

Ontem, num artigo no Expresso, António Pinto Leite procurava explanar o que se supõe serem os valores da ACEGE “para fortalecer a sociedade civil”. Fica-se a saber que só é possível pugnar por tais valores se se defender o projecto de revisão constitucional do PSD — e quem se opuser àquela “proposta”, como lhe chamava o insigne advogado, tem uma posição “retrógrada e autocrática”. Estava Pinto Leite a referir-se ao PS, que tem um “perfil de conservadorismo e atraso com a história”, porque “o Estado social é uma mentira se não for recriado e redefinido para que possa ser sustentável.” Mas onde os valores da ACEGE “para fortalecer a sociedade civil” são completamente estilhaçados pelos “socialistas” é na intransigência em manter o conceito de “justa causa” na Constituição: “A questão dos despedimentos ainda melhor põe a nu a arrogância dos socialistas.

O pior é que a malvadez dos socialistas já está a fazer sentir os seus efeitos sobre os filhos dos empresários e gestores cristãos: “Os nossos filhos fogem, todos os dias, para países com regras de trabalho flexíveis (…)”. E, se calhar, já nem dão notícias aos pais.

PS — A ACEGE não é patrocinada por piquenos e médios empresários. A lista dos patrocinadores e a composição do respectivo conselho ajudam a perceber o apoio ao projecto de revisão constitucional de Passos Coelho.

3 comentários :

Comp disse...

E esses "filhos" vão para outros países com que funções? Ora digam tudo! Como empregados de base?! Pois! Já percebemos, são dos que despedem e não dos que são despedidos. É sempre curioso ouvir a retórica dos direitolas.

Ana Paula disse...

Estão lá quase todos os que defendem que estado social deve ser "ajudar os pobrezinhos com misericórdia" - para que nunca faltem pobrezinhos!

Ze Maria disse...

Quando leio aquela tralha, o bando de fariseus que se apresenta, ocorre-me, instintivamente, uma pergunta: "Onde é que eu tenho a carteira?"