O tabu de Passos (ponto de situação)

1. Ana Sá Lopes¹ sustenta que, neste momento, se procura “encontrar uma fórmula para negociar uma abstenção social-democrata que não humilhe o PSD”. Para a história ser verosímil, ficamos a saber que Sócrates se esforça por “radicalizar”, enquanto Assis quererá dar a Passos Coelho “uma vitoriazinha, mesmo mínima”.

Entretanto, Teixeira dos Santos acabou de dizer na conferência de imprensa que, apesar de se ter mostrado disponível (“24 horas por dia”) para negociar, ainda ninguém lhe tinha telefonado. Como acontece desde a recusa de negociações prévias.

2. Paula Sá tem uma perspectiva diferente, como o título do artigo o sugere: Braço-de-ferro até ao último dia. Informa-nos o DN de que “Passos só mudará de posição se (e só se) o Governo ceder às exigências.” “Há bluff na São Caetano?”, questiona-se a jornalista. Não deverá haver, porque, a abrir o texto, é referido que Passos Coelho, “[n] a mão, tem um plano B para apresentar ao País, para anular o aumento da carga fiscal.” De que estará, então, o líder do PSD à espera para o apresentar e terminar com este deprimente tabu?

A única certeza que fica é que Passos Coelho tem “exigências” a fazer, mas que nem às paredes as confessa: “Fontes sociais-democratas e do Governo garantiram, aliás, ao DN não existirem quaisquer conversações de bastidores no sentido de encontrar um consenso mínimo entre PSD e Executivo para que o OE seja aprovado na generalidade no próximo dia 29. A acontecerem terão de passar pelo palco parlamentar, depois de o PSD mostrar ao País que tem um ‘pacote alternativo’ de corte na despesa capaz de compensar, em grande parte, o aumento de impostos proposto pelo Governo.”

No meio de tudo isto, fico com uma dúvida: se as “fontes sociais-democratas” soprarem que dos jardins da São Caetano está a brotar petróleo, os jornalistas publicam a “notícia”?

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¹ Ana Sá Lopes faz a mesma leitura que eu fiz das palavras de Nogueira Leite e que levam a concluir que o “núcleo duro” Passos Coelho está reduzido a Marco António e a mais meia dúzia de talibãs.