segunda-feira, novembro 15, 2010

Os gloriosos malucos das coligações voadoras



É espantoso que a entrevista do ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, tenha suscitado apoios como os de Paulo Portas e Paulo Rangel. Para melhor apreciar a hipocrisia destes dois dirigentes partidários, é preciso recuar, mas não muito, no tempo. Basta que nos lembremos do que aconteceu há pouco mais de um ano, quando o actual governo foi formado.

Após as eleições, José Sócrates, líder do partido mais votado, dirigiu-se a todos os restantes partidos representados na Assembleia da República para procurar um acordo — com ou sem incidência governamental. Sócrates explicou repetidamente que entendia ser esse o seu dever por não ter conseguido uma maioria absoluta.

O PCP e o BE responderam negativamente, como seria de esperar. Cada um desses partidos estava ciente de que não poderia garantir uma maioria absoluta com o PS e raciocinou da forma mais rasteira que se possa imaginar. Tanto o PCP como o BE têm como inimigo estratégico o PS e como inimigo táctico, cada um, o outro. Na perspectiva destes partidos situados na extrema-esquerda, uma aliança estava fora de causa.

Mas à direita o panorama não foi diferente. O PSD não se dignou a considerar a hipótese de uma coligação, entretido que estava nas disputas internas para provocar uma crise logo que possível e tentar chegar ao poder pelo caminho mais fácil. O CDS, impante pelo resultado eleitoral obtido, que o tornou teoricamente capaz de formar uma maioria absoluta com o PS, resolveu entrar na linha da chicana e da chantagem política, pedindo a demissão do primeiro-ministro.

Neste particular aspecto, Portas inovou e mostrou o seu descaramento: em vez de se limitar a pedir a demissão do primeiro-ministro, pediu também a demissão do secretário-geral do PS, numa clara e inusitada interferência na vida interna de outro partido (imagine-se se fosse ao contrário…).

É, portanto, insólito que dirigentes como Portas e Rangel aplaudam agora Luís Amado. Estas carpideiras não têm vergonha nem juízo. A melhor forma de mostrarem simpatia pelas declarações de Amado seria fazerem uma autocrítica ou, para utilizar uma linguagem à qual estão mais afeiçoados, fazerem mea culpa e aplicarem a “disciplina” nas costas.

2 comentários :

Ze Maria disse...

Já ouvi o filosofo da Marmeleira e não só, tentar desvalorizar a atitude inicial de José Sócrates com o argumento bacoco e idiota de que se tratava de uma encenação. Pelos vistos os factos vêm desmentir "as pitonisas saloias" do costume. Só há , aqui,uma coisinha que não entendo: ao fim de quantas asneiras e patetices é que, em nome do senso comum, estes pacóvios deveriam ser proibidos de abrir a boca? Não seria caso de se avançar para a criminalização da asneira?

Anónimo disse...

Que é que se pode esperar de imbeciloides como P. Portas e P. rangel? Um, só diz asneiras,outro diz que em Portugal não há liberdade de imprensa!Acudam-nos!!!!!