Numa entrevista à TVI24, Eduardo Catroga foi longe de mais na sua tentativa de reescrever a história. Às tantas, afirmou que “
[n]ós tivemos um Governo que ignorou a realidade porque o mundo não mudou em Maio de 2010 como veio dizer o Sr. primeiro-ministro (...) o mundo mudou no segundo semestre de 2008 e era evidente que quem estivesse na vida empresarial e na vida financeira ia a assistir a um período de desalavancagem das economias”.
Talvez o Dr. Catroga não tenha estado atento, mas no segundo semestre de 2008 a Europa andava quase desesperada a procurar respostas para a recessão que se anunciava como certa na maioria dos países. O resultado destes esforços foi o
European Recovery Plan, apresentado no dia 26 de Novembro de 2008. Para perceber o que estava em causa, o Dr. Catroga pode começar por ler o comunicado à imprensa da Comissão Europeia no dia do anúncio do plano:
‘A Comissão Europeia apresentou hoje um plano global destinado a impulsionar o relançamento da economia europeia, de modo a superar a crise actual. O Plano de Relançamento baseia-se em dois elementos principais que se reforçam mutuamente. Em primeiro lugar, medidas de curto prazo para estimular a procura, preservar postos de trabalho e contribuir para restabelecer a confiança. Em segundo, a realização de "investimentos inteligentes" para favorecer uma aceleração do crescimento e uma prosperidade sustentável a longo prazo. O plano prevê medidas de estímulo orçamental oportunas, centradas em objectivos específicos e de carácter temporário de cerca de 200 mil milhões de euros, correspondentes a 1,5% do PIB da UE, que serão disponibilizados através dos orçamentos nacionais (cerca de 170 mil milhões de euros, correspondentes a 1,2% do PIB) e dos orçamentos da UE e do Banco Europeu de Investimento (cerca de 30 mil milhões de euros, correspondentes a 0,3% do PIB). Cada Estado-Membro é convidado a tomar medidas com um volume significativo que sejam favoráveis para os seus próprios cidadãos e para o resto da Europa.’
Pelo menos até aqui Passos Coelho já tinha conseguido chegar. Por isso é que o actual líder do PSD fez um rasgado elogio às respostas do Governo à crise:
1 comentário :
O Dr. Catroga tem essa reforma à conta de um "despacho cirúrgico", na expressão de Eduardo Dâmaso, que analisou o caso - pelo sim pelo não põs-se o Estado a reforma.
Como é que agora aparece aquele reformado a falar de medidas de austeridade para os outros, pois recebem mais do que merecem, e é preciso é apertar o cinto? Com aquela reforma? Com um "despacho cirúrgico"?
A. Lopes
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