Andamos a tentar dizer há meses o que Pedro Lains tem a arte de sintetizar num só post. É caso para dizer que o CC poderia, desde que reproduza o citado post, ir de férias e aguardar serenamente pela substituição de Passos Coelho por um qualquer Rui Rio. Leia-se o post Uma Má Notícia e o Robin dos Bosques:
"Não li a notícia mas contaram-me. Parece que a malta do Compromisso Portugal está a fazer o programa do governo (sic) de Passos Coelho. E porque é que isso é má notícia? Simples, porque ali vive-se um clima irrealista. Veja-se a página que ainda sobrevive na Internet dessa agremiação. Consegue-se perceber o "modelo" que eles têm para Portugal? Claro que não, pois não há "modelos" nestas coisas e eles acham que há. Com o devido respeito, por uns e pelos outros, são uma espécie de Bloco de Esquerda à direita. Veja-se naquela mesma página, uma entrada intitulada "Revolucionários", com ponto de exclamação e tudo. E, claro, também tenho problemas em perceber o que a malta do BE quer para Portugal. No fundo, o que está em (legítimo) debate nestes dois extremos do espectro político é, como sempre, a distribuição do bolo, dos rendimentos. É uma visão simplista, mas é a mais próxima daquilo que penso.
Voltando a Portugal, e fazendo uma ponte lógica, mas que se percebe com dois segundos (é que cá a malta não tem Robins dos Bosques a defendê-la do Estado), a opção não é entre um Estado grande e dominador e uma sociedade livre e dinâmica. É entre um Estado grande e dominador limitado pela assunção dos seus papéis; e um Estado grande e dominador disfarçado por um manto de falso liberalismo. Passos Coelho should know better."
"Não li a notícia mas contaram-me. Parece que a malta do Compromisso Portugal está a fazer o programa do governo (sic) de Passos Coelho. E porque é que isso é má notícia? Simples, porque ali vive-se um clima irrealista. Veja-se a página que ainda sobrevive na Internet dessa agremiação. Consegue-se perceber o "modelo" que eles têm para Portugal? Claro que não, pois não há "modelos" nestas coisas e eles acham que há. Com o devido respeito, por uns e pelos outros, são uma espécie de Bloco de Esquerda à direita. Veja-se naquela mesma página, uma entrada intitulada "Revolucionários", com ponto de exclamação e tudo. E, claro, também tenho problemas em perceber o que a malta do BE quer para Portugal. No fundo, o que está em (legítimo) debate nestes dois extremos do espectro político é, como sempre, a distribuição do bolo, dos rendimentos. É uma visão simplista, mas é a mais próxima daquilo que penso.
É uma má notícia também porque pelas bandas do Compromisso Portugal não se vislumbra alguém que perceba como a economia portuguesa funciona. Por ali vive-se o mito que um bom gestor - e eles têm obviamente óptimos gestores - pode dar num bom economista para conduzir a coisa pública.
Mas há mais. O Compromisso Portugal vive nos tempos de Margareth Thatcher, essa grande revolucionária que mudou a Grã-Bretanha e por essa via as Comunidades Europeias (e a UE). Mas a Europa de 2011 - e Portugal - não é a Grã-Bretanha de 1979. Nem de perto, nem de longe. Aliás, pleonasmo à parte, por causa da mesma Thatcher.
E outro mais. A visão da história que o Compromisso Portugal tem também não é acertada (e não ponho nomes aqui mas o nome é, claro, Rui Ramos, que, não me canso de repetir, é um excelente historiador, mas que traduz, quanto a mim, mal a história para a política). É a visão de que o país "só vai lá" com golpes, com abanões, à Oliveira Martins ou à João Franco - que, como sabemos, não tiveram lá grande sucesso.
Entretanto, na própria da Grã-Bretanha, onde estas ideias são mais sólidas, David Cameron está aflito para conseguir implementar a sua "Big Society". Pois, a coisa não lhe está a correr bem. O primeiro prémio que teve foi uma diminução do produto no último trimestre de 2010 (não é prova de nada, mas é um teste). O segundo foi-lhe dado pelo espírito do Robin dos Bosques, que não lhe deixou privatizar os ditos bosques.
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