Nuno Crato é o escolhido de Passos Coelho para a educação. Será, porventura, o primeiro ministro que assume a pasta de um ministério que considera que devia desaparecer.
Crato ganhou fama na última década pela forma supostamente sofisticada como critica o estado da educação em Portugal. Por cá, basta ser especialista em Matemática, citar uns académicos americanos e os nomes de uns filósofos e pedagogos famosos para merecer a admiração de meio mundo mediático.
O problema é quando alguém leva a sério as trivialidades que Crato andou para aí a espalhar e as questiona no plano que elas merecem. Por isso, vale a pena ler estes dois textos, aqui e aqui.
Muitas oportunidades existirão para voltar a estes assuntos, enquanto Crato prepara a implosão da 5 de Outubro.
- Pedro T.
19 comentários :
Educação?
Não passa de um Ministério Bandalho, isso sim! Alguma vez é educação aquilo que se passa nas nossas escolas públicas? O PS abandalhou TUDO!... Educação, Justiça, Segurança
Só espero é que o novo ministro meta a "educação" nos eixos, porque para bandalheira já chega!
Mas digam lá... não se respira já um ar mais puro???
Carrasco
"Por cá, basta ser especialista em Matemática, citar uns académicos americanos e os nomes de uns filósofos e pedagogos famosos para merecer a admiração de meio mundo mediático." Sempre é melhor currículo do que escrever aventuras juvenis.
Pois...ele n sabe escrever!
oh, que pena.
j
Este blogue anda desorientado!
Carrasco,tu deves ter a cabeça ao contrário.Bandalheira,dizes tu?Tu é que és um bandalho.Se houve evolução positiva foi na Educação.Basta citar uma das maiores medidas do governo Sócrates:A ESCOLA A TEMPO INTEIRO!!!!mais os computadores e,ainda o bom funcionamento de toda a rede escolar.Acabar com a bandalheira dos professores faltosos,as reformas aos 52 anos de idade e 32 de serviço.Vai bugiar!!!!
O "ar mais puro" que o Carrasco fala é o cheiro a mãos no "pote" que anda no ar.
Vai ser uma dura peleja: Nuno Crato contra a inércia do Ministério da Educação e a imbecilidade dos Sindicatos de Professores. Espero que Nuno Crato vença, mas não com uma vitória de Pirro. Com uma derrota de Pirro para a burocracia do "monstro", ou seja, uma vitória para a Educação, que finalmente começou a dar sinais de INEQUÍVOCA melhoria, com Maria de Lurdes Rodrigues, após dezassete anos consecutivos de Ministros PSD - entre 80 e 95! -, que desgraçaram o sector, e mais seis + três anos de absoluto marasmo (com Guterres e Durão/Santana/Portas).
miguel ab, acabou a mama.
Ó Bem educado, vai contar anedotas às criancinhas da primária!...
Se acreditas no que dizes, é porque não bates bem da mona.
Carrasco
Eu acho que a campanha já acabou ou não notaram?
"é o fim da saúde e do estado social!" já não cola...
nem todos podem ter o cv espetacular do dr. miguel abrantes, coitadinho do prof. crato, nunca escreveu no corporações. TEMOS TANTA PENA [do governo ter caido mas ainda manter este pasquim de blog].
Pilar: ouvi dizer que o Abrantes não é doutor, mas arquitecto.
Espero sinceramente que o Prof Crato ponha cobro a esta pouca vergonha Nacional, que é o Ministério da Deseducação. Graças aos vossos amiguinhos xuxas que por lá passaram, deixaram os pobres Portugueses a saber cada vez menos quando acabam a dita escolaridade obrigatória.
E ainda têm a lata de vir para aqui com um discurso do tipo "nós é que sabemos".
Façam como o vosso Querido Líder, andem como o caranguejo!
Não, não, engenheiro.
Até a "tosca" da Pilar já vem para aqui cagar sentenças? Porque é que a "querida" não fica lá pelo seu sítio a postar baboseiras e a curtir as suas máguas de descasada frustrada? Em vez de "pequenas", faça mas é uma "grande" viagem e vá morrer longe.
Bem entendido, queria dizer "mágoas" em vez de "máguas". Mil perdões pela calinada.
"Por cá, basta ser especialista em Matemática, citar uns académicos americanos e os nomes de uns filósofos e pedagogos famosos para merecer a admiração de meio mundo mediático." Sim, sabemos que vivemos na barbárie quando os media dão tempo de antena a um matemático que cita académicos.
O "eduquês"
A palavra eduquês não foi cunhada por Nuno Crato, como muita gente pensa, mas pelo ministro da Educação Marçal Grilo, do governo socialista de António Guterres. O termo de Grilo referia-se criticamente ao jargão pomposo, mas vazio e incompreensível, com que certos pedagogos do dito ministério redigiam os seus relatórios. Uma “linguagem retorcida, falsamente académica e obtusa”, escreveu em 2007 sobre o eduquês o filósofo Desidério Murcho, que observava também isto: “Regra geral, quanto mais obscuro é um texto, mais o autor tem incompetências a esconder.” Até aqui, tudo bem.
Eis senão quando o genial Nuno Crato se apropria do termo de Marçal Grilo, fazendo dele título do livro Eduquês em Discurso Directo (Gradiva, 2006), mas conotando-o arbitrariamente com as doutrinas pedagógicas do chamado "facilitismo". Quando hoje se fala em eduquês, evoca-se a messiânica figura de Nuno Crato, o mais recente salvador da educação em Portugal. Crato sabia muito bem que todo o português medianamente sensato é alérgico ao facilitismo, mas sabia melhor ainda que ao abordar o assunto estava a acariciar uma zona erógena do público conservador, esse mesmo que coloca os filhinhos em escolas privadas, mas está sempre a dizer mal do ensino público, porque alegadamente lhe vai ao bolso. A jogada publicitária de Crato rendeu bem, como a sua carreira posterior exemplifica.
A crítica do facilitismo é pau para toda a obra, usado alternadamente e até simultaneamente com a crítica do insucesso escolar. Se há muitos chumbos, é a falência do sistema de ensino, se há poucos, é o cancro do facilitismo. Entre a falência e o cancro, o Ministério da Educação tem ainda cento e tal mil professores à perna, que não querem ser avaliados. Não os avaliar é irresponsabilidade (e facilitismo), avaliá-los é prepotência. Estás feito ao bife, Ministério.
Pelos sentimentos catastrofistas e irracionais que frequentemente desperta, a crítica do facilitismo é um argumento de eleição (e de eleições) contra a democratização do ensino, que é assim responsabilizada pela falta de educação que os pimpolhos levam de casa para a escola. A crítica do facilitismo do sistema iliba de responsabilidades o facilitismo das famílias e reconforta os contribuintes que fogem ao fisco.
A partir do livro do Crato foi a desbunda total, cada qual puxando a semântica para a sua brasa. O matemático Jorge Buescu, por exemplo, identificou no "eduquês" uma doutrina global, já não só portuguesa, mas mundial, abrangendo países da primeira linha, como a Grã-Bretanha. Essa doutrina global preconizaria, idiotamente, o “desaparecimento dos conteúdos” no ensino, o “esvaziamento do currículo”, em nome duma estúpida luta contra o “formalismo” do ensino. Segundo os depravados propagandistas do "eduquês" (explica Murcho), o formalismo consistiria, em “repetir sem compreender palavreados, fórmulas, factos, datas.” Ora a crítica do formalismo teria levado (segundo Murcho) os pedagogos do "eduquês" a preferirem os debates, as “exposições da treta” e os “teatrinhos de trazer por casa” à realização de testes e exames. O Murcho jura que sim.
Inevitavelmente, veio depois um pateta qualquer e disse que o "eduquês" se resumia afinal em decorar ideias “politicamente correctas”, parvoíces vagas e sem substância, como a ecologia e o anti-racismo. Veio outro imbecil e proclamou, convictamente, que o eduquês era “a política de educação da esquerda.” Não sei se já alguém descobriu que o inventor do eduquês foi José Sócrates ou o falecido Bin Laden. Aguardo desenvolvimentos.
Zé Barreto, 26 de junho de 2011
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