quarta-feira, junho 01, 2011

Passos e a sua forma muito peculiar de esclarecer os cidadãos [1]



Anteontem, Passos Coelho foi entrevistado por Maria Flor Pedroso na Antena 1. A certo momento, disse que o Estado não tinha contabilizado uma despesa no valor de 200 milhões de euros, pretendendo deste modo reduzir artificialmente o défice orçamental.

Este falso problema já está mais do que esclarecido, mas vale a pena voltar a ele, porque Passos Coelho não percebe ou finge que não percebe (e os jornalistas ouvem-no passivamente):
    1. Os 200 milhões de euros respeitam a retenções na fonte de IRS. Qualquer pessoa que conheça as operações básicas da aritmética sabe que o défice não é afectado por os 200 milhões de euros não estarem registados, uma vez que este montante também não aparecia contabilizado como receita do IRS.

    2. Qualquer pessoa percebe esta noção elementar: em finanças públicas ou em qualquer outro ramo das finanças, as mesmas verbas anulam-se se estiverem simultaneamente inscritas nas rubricas do “deve” e do “haver”. Se Passos Coelho faz demagogia com as contas públicas é grave, mas se não conhece o bê-á-bá da contabilidade é mais grave ainda. Quem poderá confiar nesta gente para defender Portugal neste momento difícil? Será que a “popularidade” do degredado Catroga se devia a ser ele o único ministeriável (?) do PSD que domina os rudimentos da aritmética?

    3. Em todo o caso, importa salientar que o Estado cumpriu as regras contabilísticas em vigor. A execução orçamental é sempre apresentada na óptica da chamada Contabilidade Pública, na qual os registos contabilísticos se fazem aquando dos pagamentos e recebimentos — que foi o que aconteceu também nesta situação.

10 comentários :

Jorge Silva Paulo disse...

Acho uma delícia esta ideia dos apoiantes de Sousa, de que podem dar lições de clareza e rigor seja a quem for. Sobretudo quando apoiam um sujeito que andou a dizer que o "Memo da Troika" (chamemos-lhe assim) era o "PEC4". Não é, como uma observação de uma ou duas páginas prova. As medidas do PEC4 constam do "Memo ...". Mas o PEC4 visava um défice de 4,6% em 2011 e o "Memo ..." visa 5,9%; ou seja, o PEC4 era insuficiente para atingir as metas que ele próprio fixava. ISTO É INCOMPETÊNCIA PURA e DURA deste Governo e de Sousa.
Sobre os comentários deste post, os autores, tão pretensamente conhecedores e rigorosos na análise e na crítica dos outros, deviam saber que estão em causa questões de CONTABILIDADE e não de FINANÇAS.
Que os autores do blog "metam as mãos no fogo" sobre o cumprimento das regras contabilísticas só revela a sua ignorância e fins propagandísticos. Que o Governo de Sousa obrigou o Estado a falhar está bem claro nas revisões do défice pelo INE e pelo Eurostat (sem NENHUMA alteração nas normas aplicáveis, mas apenas a exigência de que essas NORMAS FOSSEM CUMPRIDAS, como consta dos documentos do INE); em especial, para a História fica o facto de que Sousa nunca baixou o défice abaixo de 3% do PIB, apesar de tanta propaganda que fez!
Tão pouco tenho contestado os posts neste blog, e já estou cansado de tanta ignorância e arrogância - usualmente, ligadas.

Miguel Abrantes disse...

.

Jorge Silva Paulo:


V. Ex.ª apareça sempre que lhe apetecer, mas não vale chegar aqui, largar umas postas de pescada e desaparecer. Se há aqui tanta ignorância e arrogância, das duas uma: ou as destrói com argumentos ou está calado. O que está a fazer não é jogo limpo:

1. Não explica por que a meta do défice foi alterada;

2. Esconde que o Governo de Sócrates teve o défice mais baixo da democracia portuguesa.

3. Escreve: «Que os autores do blog "metam as mãos no fogo" sobre o cumprimento das regras contabilísticas só revela a sua ignorância e fins propagandísticos.» É capaz de explicar onde estão a “ignorância e fins propagandísticos” quanto às regras contabilísticas?

Adenda: Se Passos Coelho ganhar as eleições, o seu ódio a Sócrates passa-lhe num instante. Até V. Ex.ª se vai surpreender (ou envergonhar-se depois).

Jorge Silva Paulo disse...

"Quem não se sente, não é filho de boa gente". Por isso, tomo a vossa reacção como sinal de que até são boas pessoas; mas não vou ao ponto de os tratar por V.Exa, porque não sou hipócrita.
Sobre os vossos comentários:
1 - os factos mostram que não sei o que é "desaparecer".
2 - não escondi nada. Quem esconde é o PS, que usa um valor criado pelos apoiantes de Sousa no seu programa, um valor que não fica para a História oficial; podem desejar muita coisa, mas o que fica são 10,1% do PIB em 2010 e 3,1% em 2007.
3 - podem agora mudar o discurso com o mais baixo défice da História do Universo que não altera duas coisas: Sousa gabou-se de ter cumprido os critérios e não cumpriu; e Sousa desculpou as correcções em alterações de critérios, que não houve - as normas aplicáveis estão em diplomas legais da UE desde 2004.
4 - não posso explicar uma dúvida cuja formulação é obscura. Digo apenas que dizer que as regras contabilísticas foram cumpridas é esticar os factos, porque não pagar facturas para manter o dinheiro em caixa, e depois dizer que se teve uma execução brilhante é um magnífico acto de propaganda que engana os ignorantes e os fanáticos, os únicos que acreditam em Sousa - infelizmente, muitos em Portugal, porque o sistema de educação não os desenvolve.
5 - imputa-me ódio a Sousa, mas está errado; odeio-o tanto como a um descompensado que engana pessoas, isto é, nada. Só lamento que não se trate, que não esteja preso e que possa fazer maldades a um país inteiro.
6 - se Passos Coelho ganhar as eleições, espero que o Estado se liberte dos "boys" que usam os recursos públicos para se manterem e para manterem uma máquina de comunicação que mantém Sousa y sus muchachos (no sentido venezuelano).

Miguel Abrantes disse...

.

Jorge Silva Paulo:


Procurei tomá-lo a sério. Mas o Paulo não deixa. Repete uma série de “slogans” como um papagaio.

Para algum leitor que possa ter lido o que ambos escrevemos, chamo a atenção para o seguinte: se à não entrega da retenção na fonte do IRS (o que, repito, origina menos despesa, mas também menos receita, não afectando por isso o défice) o Paulo chama “não pagar facturas” [sic], é melhor ficarmos por aqui... até ao dia em que o Paulo comece a pagar as “facturas” da saúde. Depois a gente conversa.

Abraço

Anónimo disse...

Ontem ouvi Basílio Horta dizer que , não fora os ro(u)mbos no BPN, no BPP , nos Submarinos , o deficit seria de 5,1% e não 5,9%. Estes direitolas não se importam que lhes tenham ido ,ou vão, ao bolso desde que tenha sido gente desta direita.

Anónimo disse...

Miguel Abrantes,

Bem respondido ao Sr. Silva

Jorge Silva Paulo disse...

Miguel Abrantes,
Agradeço-lhe pela demonstração que fez de uma das mais comuns figuras de estilo de diálogo dos apoiantes de Sousa: a deturpação do que os interlocutores dizem ou escrevem. Consigo dialogar com alguns apoiantes de Sousa (os pouco convictos, que gostariam que Sousa tivesse já "saído de cena", ou que desejam que ele saia no próximo domingo), aqueles que sabem que comunicação é pôr em comum, o que elimina a deturpação do que diz o interlocutor; no caso de dúvida, pedem clarificação. Mas estou a constatar aquilo que já tinha ouvido: este blog actua por "inspiração" directa da máquina de imagem de Sousa y sus muchachos, pelo que não pode ter mais nível do que ele.
Em questões de substância, e porque não sei de um socialista que não diga asneiras a este respeito, recordo-lhe que o contrato dos submarinos está em vigor desde 2004; se Sousa y sus muchachos não queriam os submarinos podiam vendê-los antes ou ter renegociado o contrato logo que tomaram posse - o que não podem dizer é que era uma despesa surpresa ou extraordinária, o que revela má-fé ou ignorância (nenhuma das duas me surpreendeu). Além disso, foram comprados por uma empresa constituída em 2000 (pois é!), chamada SUBLOC, cujos accionistas são a CGD e o BES. E quem criou o "leasing" para armamento foi o PS...
Achei ainda muito revelador que tenha usado "anónimos" para o aplaudir; como viu, eu não precisei de ninguém para o enfrentar; e dei a cara.

Anónimo disse...

O Sr Silva falou falou falou mas não fundamentou nada. E de contabilidade não percebe um chavo.Um exemplo :"em finanças públicas ou em qualquer outro ramo das finanças, as mesmas verbas anulam-se se estiverem simultaneamente inscritas nas rubricas do “deve” e do “haver”
Se não consegue perceber esta simples frase quem precisa de se tratar é claramente o Sr Silva. Ou pode sempre inscrever-se nas Novas Oportunidades e resolver essa sua lacuna no que diz respeito ao pensamento lógico.

Jorge Silva Paulo disse...

Se não conseguem arranjar mais do que anónimos para defenderem Sousa mostram bem a "massa" de que são feitos. Eu até duvido que os "anónimos" se acrescentem aos autores do blog - com a rarefacção que estão a sofrer os apoiantes de Sousa, que nem os comícios enchem, está-se-lhes a acabar o "poleiro". Ainda bem:
SE O PS DE SOUSA SE SENTE MAL,
ISSO É BOM PARA PORTUGAL!

Anónimo disse...

Silva és o maior

és um poeta com fixação pela palavra sousa

deves sofrer ao falar do sousa. Um verdadeiro poeta só faz boa poesia se for sofrida

só não percebo como é que o prémio Príncipe das Astúrias foi entregue ao L. Cohen. O juri estava distraído