- ‘Uma outra interpretação, aquela que eu prefiro, é a seguinte: a fotografia em causa espelha não uma inevitabilidade, mas antes a posição específica da actual maioria no Governo e do seu líder diante da Alemanha e da Europa. Sendo assim, a postura física de Passos Coelho corresponde a uma atitude psicológica de "servidão voluntária", para usar a famosa expressão de La Boétie, e mesmo a um desejo de auto-punição, correspondente à vontade castigadora dos países centrais do euro em relação aos países do sul. Ao ver Passos Coelho na fotografia recordei-me das declarações, igualmente servis e pueris, de Paulo Rangel quando, diante das críticas de Merkel ao derrube do Governo Sócrates, disse: "a chanceler Merkel quando vir o Governo do PSD vai respirar de alívio".
Se a segunda interpretação é a melhor, ela pode pelo menos ajudar a explicar a ausência de política europeia deste Governo, a vontade de aplicar uma austeridade para além da que nos é pedida e a subalternização das medidas favoráveis ao nosso crescimento, a venda inoportuna das nossas melhores empresas, etc. É claro que há também razões ideológicas - liberais, como se tem dito - para estas opções do Governo. Mas a psicologia dá uma ajuda.’
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