quinta-feira, setembro 01, 2011

Já alguma vez quis saber onde está o pote?



Passos Coelho: “O PSD não está cheio de vontade de ir ao pote.”


• Manuel Caldeira Cabral, Privatizar património sem lucros pode ser ruinoso (a ler na íntegra):
    'Qual é o valor de mercado de uma empresa que nos últimos 20 anos nunca apresentou lucros? Pode ser muito próximo de zero, mesmo que a empresa tenha um património de milhares de milhões de euros.

    O Governo prepara-se para privatizar empresas com um enorme património, que vão actuar em situação de monopólio, que são responsáveis por bens e serviços de primeira necessidade, mas que, em muitos casos, por decisão de vários governos sobre a sua política de preços nunca tiveram lucros.

    Quanto é que vale cada uma destas empresas?

    O que os privados vão pagar por estas empresas depende do valor esperado dos lucros futuros, que depende principalmente de alterações radicais ao quadro de regulação. Ou seja, será a forma como forem feitas e interpretadas as leis, que irá determinar os lucros.

    Serão, assim, o presente e os futuros Governos e reguladores a decidir os lucros dos privados que agora vão comprar estas empresas. Por esta razão, o valor de mercado destas empresas é tudo menos claro e transparente, dependendo, em grande medida, da capacidade que os grupos que as compram venham a ter de influenciar as decisões políticas.

    O que é bastante claro é o volume de património que está nas mãos das Águas de Portugal, da RTP, da CP, ANA ou REN. Podemos estar a passar para as mãos dos privados infra-estruturas impossíveis de reproduzir, onde o Estado investiu milhares de milhões, que são essenciais ao funcionamento de muitas actividades económicas e ao bem-estar de todos os cidadãos.

    Apesar de, em muitos casos, estas empresas terem acumulado prejuízos e dívidas, é fácil perceber que se estiverem em mãos privadas, a regra de fecharem se não conseguirem ter lucros não poderá ser aplicada. Quem ficar detentor destas infra-estruturas ficará com um enorme poder de chantagem sobre a sociedade e sobre o Estado. É difícil que estas empresas consigam ser lucrativas apenas com melhorias de eficiência. No entanto, muitas delas actuam em monopólio, pelo que será possível ter elevados lucros com base em preços mais altos e menor qualidade de serviço e de segurança de abastecimento.'

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