sábado, novembro 12, 2011

Folgas e almofadas

• Fernando Madrinha, Folgas e almofadas:
    ‘Há folga ou não há folga? A discussão do Orçamento para 2012 parece resumir-se a esta dúvida. Uma falsa dúvida, porque folgas existirão as que se pretender que existam, consoante a vontade política de se procurarem alternativas. É o que acontece com o corte de subsídios aos funcionários públicos e aos pensionistas. A alternativa óbvia, mais segura e mais justa, é aquela que o Presidente da República sugeriu na sua intervenção — polémica quanto à forma, mas certeira quanto à substância. E que Rui Rio, o presidente social-democrata da Câmara do Porto, expôs esta semana, com lucidez e clareza, numa entrevista à RTP-Informação: alargar o corte dos subsídios ao sector privado para que o sacrifício de todos seja menor para cada um. Assim se reduziria o sentimento de injustiça que, como diz Rio, pode alimentar a revolta. Mas nem o Governo e a maioria, nem o PS parecem dispostos a encarar essa solução, apesar das pressões para que ela seja atendida. Talvez porque se apresentem mais fortes ainda as pressões para que o não seja. Não admira que os partidos do Governo se mostrem sensíveis a essas pressões, até porque vêm da sua base de apoio — Rio deu conta das que ele próprio sofre —, mas é estranho que, pela mesma razão, o PS se limite a controlar os danos com a tentativa, aparentemente frustrada, de salvar um dos subsídios.

    (…)

    Compreende-se que, entre reformas de desfecho incerto e o dinheiro em caixa que os subsídios representam, o ministro das Finanças imponha a sua ‘ditadura’, como parece ter acontecido — ou o ministro Miguel Relvas não teria começado por aceitar discutir a proposta socialista. Mas isso não devia impedir o Governo de atender à necessidade de coesão social que também se joga na distribuição mais justa e equilibrada dos sacrifícios.’

2 comentários :

Júlio de Matos disse...

O perigo de "alimentar a revolta" não é o único, nem talvez o mais grave.

Pior é o sentimento de que haverá alguns, como os F. P.'s, que estão a dar o seu "sangue" para salvar o seu País e o Futuro dos seus Filhos e que haverá outros que ficaram à margem desse sacrifício!

Não pensem depois que vão poder gozar da mesma legitimidade para colher os (eventuais) benefícios que resultem desse esforço insano, por menores que sejam. Virão os dias em que os Hospitais, as Maternidades, as Escolas, os Bombeiros, os Tribunais, as Repartições de Finanças, as Esquadras da Polícia, etc., terão precedências e um serviço de mais qualidade para os F. P.'s e os privados... que fiquem em linha a aguardar o atendimento! Não duvidem. E é JUSTO.

Anónimo disse...

Não é justo, porque apesar de pertencer ao dito privado , nem este é o meu orçamento nem eu estou de acordo com a discriminação. Só que infelizmente o governo nada nos perguntou e faz orelhas moucas a quem, nos privados, se levanta contra esta absoluta idiotice chamada orçamento de estado para 2012