quinta-feira, novembro 03, 2011

Público versus privado



Não é o privado o supra-sumo da gestão? Não é a entrega a privados que resolve o problema das finanças públicas com a privatização das escolas, dos hospitais, da segurança social, etc.? Não andam os empresários a dizer há anos que o problema do país é que o Estado não os deixa desenvolver as suas actividades? Não é a doutrina de Passos Coelho, Álvaro e Vítor Gaspar que há que emagrecer o Estado e confiar na capacidade de iniciativa dos privados? (já agora, ainda alguém se lembra do Compromisso Portugal e de outras ideias muito modernas?)

O que perturba esta fé é a realidade, a triste realidade. Foi a desregulação que deu o que deu de 2008 para cá, foi a necessidade de salvar os bancos privados que nos trouxe à loucura da actualidade e agora temos um exemplo supremo e irónico em Portugal. Vale pouco mas vale pelo simbolismo.

Diz o Diário Económico que o Estado tem que ficar com o Europarque que a AEP levou à falência. Não é má gestão de um patrão — é o patrão dos patrões que leva à falência uma estrutura (investimentos megalómanos, despesa sem retorno, ausência de análise custo-benefícios — onde já ouvimos isto?) e é o Estado que tem que lhe dar a mão. Cá está um belo exemplo.

Se fosse apoiar desempregados, apareceria o Dr. Bagão Félix a dizer que isso seria pactuar com a preguiça e incentivar comportamentos irresponsáveis, mas sendo uma ajuda aos patrões alguém virá dizer que o apoio do Estado constitui um estímulo necessário para a confiança e o relançamento da economia nacional.

A Helena Matos não dá um ar da sua infinita graça?

20 comentários :

Anónimo disse...

agora encaminham os leitores para o basófias

Rabino disse...

O J de Negocios deve querer comissões,para vir com uma sugestão destas, e num momento em que os portugueses estão a ser roubados por um governo que lhes prometeu o Ceu em termos de impostos.Se uma empresa que gera riqueza,que tem trabalhadores vai à falência e ninguem lhes dá a mão,pois é o mercado a funcionar,porque razão havemos de dar a mão a Ludgero Marques e companhia,que sonharam alto demais.Recordo que até a exponort,de Matosinhos iam transferir para lá.A direita não nos dá sossego,desde roubos a bancos e mais que provaveis assassinatos por dinheiro, passando pelos elefantes brancos, e sisas algarvias,faz tudo parte do seu menú.São uns autenticos vampiros.

Rosa disse...

Lamentável!
Eu já tinha ouvido falar...
Mas isto contradiz em tudo o "menos estado" que estes senhores preconizam...mas só para o que é bom e dá muito lucro...o resto, os outros(que somos todos nós) que paguem.
Desonestidade intelectual, pelo menos.

Luís Lavoura disse...

Talvez não haja contradição.

A partir do momento em que o Estado dá garantias a um determinado negócio - neste caso o Europarque - o privado perde os incentivos para gerir esse negócio o melhor possível. Foi isso que aconteceu com o Europarque. Como o Estado garantiu que lhe punha a mão por baixo caso aquilo fosse à falência, a AEP não tem motivos para ter demasiado cuidado com a sua gestão.

Rosa disse...

Mas, de qualquer forma, é falta de brio profissional e o desleixo é visível...
Há várias razões para se fazer o trabalho conscienciosamente e não só pelo simples facto de haver uma"almofada" por baixo para amortecer a queda.
O exemplo deve vir de cima...o povo português não tem grandes referências para se orientar...só no nosso glorioso passado mas, de momento, há que seguir em frente...e não é assim que lá chegamos...

Anónimo disse...

Mais razão nos dá, Luis Lavoura. A AEP agiu então com dolo ( por negligencia) não efectuando o trabalho como devia. Se isto é o exemplo da iniciativa privada que temos em portugal então que seja tudo nacionalizado e acabemos com a dita economia de mercado de vez, já que se constata que a iniciativa privada neste pais não tem competencia para o ser.

OLimpico disse...

ESte é mais um "caso" do Cavaquismo. A caução foi aprovado, pelo governo de sua Exa. Cavaco e Silva, nos velhos e "bons" tempos que durou o Cavaquismo, e de lá sairam, os homens que "fizeram" o BPN/BPP/BCP...

André disse...

AHAHAHAHA... Segundo o Sr. Lavoura a culpa da má gestão da AEP é do estado!
Você tinha lugar garantido no "Levanta-te e ri"!

Anónimo disse...

Só não se percebe o que anda um génio da gestão como o Luís Lavoura a fazer perdido em caixas de comentários! Deve ser culpa das "garantias do estado" tamanho desperdício de talento.

António Carlos disse...

No sector privado há megalomania, incompetência, ... Basta ver que todos os dias fecham empresas.

Se o Estado não tivesse dado o seu aval o Europarque falia e quem lhe tinha emprestado dinheiro arcava com as consequências. Como o Estado resolveu dar um aval à dívida contraída, quem vai pagar são os contribuintes.

Resumindo.
Responsabilidade pela falência do Europarque: AEP.
Responsabilidade por serem os contribuintes a pagar a dívida: Governo (agindo em nome do Estado).
Eu, contribuinte, "estou-me nas tintas" que o Europarque tenha falido. O que me preocupa é que o Estado tenha dado o seu aval e agora eu vá pagar essa dívida.

Chato disse...

Já agora, se puderem ou quiserem, esclareçam sff: o tal aval de 35 milhões que o estado deu, é anterior ou posterior a 28 de Outubro de 1995?

António Carlos disse...

Relativamente à última frase: "... alguém virá dizer que o apoio do Estado constitui um estímulo necessário para a confiança e o relançamento da economia nacional."
Estará a referir-se aos autores do manifesto pelo investimento público (leia-se, grandes obras públicas) como estímulo para o crescimento? Por falar nisso, para quando está previsto um novo manifesto?

praianorte disse...

Institucionalizar o roubo
Um governo que atira ao lixo homens e mulheres, para lhes confiscar, sem direito ao contraditório, milhões de euros com destino ao sector financeiro e à ilha maldita é um governo de governantes inúteis, inaptos e de ignorantes, e mais grave ainda, de gente que mente descaradamente, mascarados de assaltantes levam o que é nosso. Utilizam o garimpo como forma de sobrevivência política, conduzindo conscientemente o País e o povo ao empobrecimento, tudo isto sobre o olhar ausente de um presidente inqualificável, responsável pelo tsunami que estão a preparar para destruir o que resta da dignidade dos portugueses.
Depois não se admirem que coisas como esta venham acontecer com muito mais intolerância e irracional,em Polvoreira, Guimarães, a justiça popular a funcionar em pleno:
- População espanca ladrões.(JN)

O governo é um bom exemplo de mau “ladrão”, para que o povo exerça o seu direito à defesa do que é seu, porque não “espancar” quem nos ROUBA? A partir do momento em que o governo se comporta como um qualquer ladrãozito, sendo até motivador para se roubar seguindo o seu exemplo, temos pois mais que razões para louvar todos os semelhantes que se comportem como o valente povo de Polvoreira.

Luís Lavoura disse...

Anónimo,

claro que vos dou razão - se é para um privado gerir algo com o Estado a pôr a mão por baixo, mais vale que seja o Estado a geri-lo diretamente. Nisso dou-vos absolutamente razão. O Estado não tem nada que dar garantias a privados contra a possível má gestão deles.

Neste caso do Europarque temos um erro do Estado, que pôs a mão por baixo a uma iniciativa privada e não deveria ter posto. É claro que, logo que lhe foi conveniente, o privado baldou-se e deixou a fava nas mãos do Estado. Estava-se mesmo a ver que isso iria acontecer algum dia.

Em qualquer parceria público-privada, tem que se assegurar que o privado pagará as favas da sua própria má gestão, a existir.

Portas e Travessas.sa disse...

Isto é , pagamos aos "bois e vacas" do homem que nunca se engana...este caso, é semelhante ao CCBelém, e outros... pagamos nós os pasteis - nestes casos... não vigorou o Custo vs Benefício.

O homem não presta para nada...recebeu Kilos de dinheiro pela aderência da CEE e não fez nada e gastou o dinheiro.

Os Alentejanos é que dizem "ele quer matar-nos á sede" - puderam não espetou um prego em Algueva, em contrapartida fez obras de fachada.

A terra que seja leve

Portas e Travessas.sa disse...

O sr. Anibal não é comentador politico, mas só quando lhe convem.

Este achado para a política dentro do Citroen tem um mote deste mísero professor

"faz aquilo que eu digo não digas aquilo que eu digo"

Anónimo disse...

Pena que o Carvalheira não se faça "ouvir" e nos enderece para outro blog. Não que tenha algo a apontar ao Miguel Abrantes.Às vezes faz cá falta a linguagem mais rude e cínica, que aquele utiliza frequentemente.

Ernestina Sentieiro disse...

O Europarque foi um elefante branco localizado em Santa Maria da Feira por pressão laranja. A Exponorte chegava e sobrava para as iniciativas empresariais, estava a dois passos do porto de Leixões e do aeroporto Sá Carneiro. Mas... Matosinhos não tinha uma maioria laranja e havia que lhe retirar protagonismo. Aventou-se a hipótese de Aveiro, então com parque industrial e universidade modernos e em progresso. Mas... Aveiro também não era de maioria de Direita. Os grandes estrategas da AEP dessa altura achavam que era fácil "transportar" o povo que acedia facilmente à Exponorte para uma pequena cidade a 30 km de distância. Tudo isto foi discutido nessa época, em que o cavaquismo reinante tecia loas aos "empresários de sucesso". Porém o poder laranja confortavelmente acomodado graças aos dinheiros provenientes da U.E. fez orelhas moucas. Agora terá de ser o Estado a salvar mais uma megalomania privada.

Rosa disse...

Obrigada, Ernestina.
Estou suficientemente esclarecida.

Teófilo M. disse...

De vez em quando é bom ter memória como a Ernestina para se entender quem é que andou a fazer dívidas com dinheiros que não eram seua.